Muito boa, mas de revirar o estômago, a palestra de Felipe Neto agora à noite no I Congresso Digital da OAB.
Felipe falou sobre fake news e deu uma verdadeira aula de como funciona a máquina de moer reputações implantada no Brasil com mais força a partir de 2018 utilizando-se de milhares de grupos de WhatsApp, majoritariamente, e Telegram, todos organizados em estruturas que lembram pirâmides. Apontou dados e mostrou exemplos da comunicação criminosa que infesta o dia a dia do povo brasileiro.
Eu, você e todo mundo conhece alguém ou tem alguém na família que vive a mandar esses vídeos e notícias de coisas odiosas ou mentiras deslavadas nos grupos de família/amigos.
Eu já estou cansada de dizer a quem eu possa que a função das fake news é causar ódio. Logo, se você recebeu um vídeo ou mensagem com fato que lhe fez ficar bufando de ódio, não compartilhe. Há 99,99% de chance de ser um fato completamente fabricado para fazer o mal unicamente. Confira se um veículo tradicional de imprensa publicou algo a respeito. Veículos tradicionais têm CNPJ e endereço. Publicar notícias falsas os torna alvos de ações judiciais que costumam doer muito no bolso, ao contrário da realidade de perfis falsos nas redes.
Se essas estruturas funcionam, muito se deve a quem consome esse tipo de coisa sem o menor senso crítico de pelo menos buscar a credibilidade de quem produziu aquilo antes de sair compartilhando a mentira fabricada com intenção criminosa.
Lembro ainda criança de um boato que se alastrou pelo país de que o presidente (à época, Fernando Collor) e a cantora Fafá de Belém estavam com Aids. Na época, só o boca a boca transmitia boatos, os avós das fake news. Ainda assim, uma mentira desse tipo rodou o Brasil e levou até a cantora ao programa de Faustão na Globo para desmentir o que tanto se comentava.
Dá até saudades de uma coisa assim, uma mentira perdida na memória de décadas atrás. A produção atual dá conta de muitas - sabe-se lá quantas - por dia. Talvez até por hora. E com uma capacidade de disseminação que também leva apenas horas, talvez minutos, para atingir o mundo todo.
Eu me pergunto quando atingiremos a maturidade no uso digital. Considerando que a internet está entre nós, no dia a dia, desde a década de 90, me parece absolutamente assustador estarmos em pleno 2020 e ainda não termos adquirido o mínimo de civilidade ou mesmo de sabedoria para não virarmos marionetes ou seres desprezíveis.
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