quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Frases da semana

"O que poderá vir amanhã é de GRANDE qualidade e conhecido para quem acompanha de perto."
Alex Padang, presidente eleito do América, respondendo no Twitter a pergunta de torcedor a respeito da contratação de novo atacante para o time americano.

"O Brasil chega à sexta economia do mundo pelo PIB. Mas a quinta economia - a Grã-Bretanha - se parar ou mesmo regredir, ainda tem 20 anos com padrão de vida superior ao dos brasileiros."
Agnelo Alves, deputado estadual e jornalista, em sua coluna na Tribuna do Norte de 29/12/11 a respeito do Brasil ter trocado de posição no ranking do PIB mundial com a Grã-Bretanha.

"As fêmeas investem muito mais na reprodução do que o homem. Quem investe mais escolhe mais. Em 99% das vezes é a fêmea que escolhe o parceiro."
Robert Young, biólogo escocês e coordenador da pós-graduação em Zoologia da PUC Minas, no site G1 sobre os critérios de atração sexual. 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A entrevista do autor de "A Privataria Tucana"

Para quem descobriu o prazer da leitura agora, especialmente com o livro A Privataria Tucana de Amaury Ribeiro Jr., que faz parte do núcleo da campanha da atual presidente Dilma Roussef, é de bom alvitre ler a boa entrevista do autor ao jornal Tribuna do Norte, edição desse domingo de Natal, na página 11. 

Com direito a chamada "Assim caminhou a privataria", o autor afirma de cara que "não há santos nessa história" e que a CPI não foi para frente porque o PT também tinha interesse, até porque começaram a surgir coisas ligadas a Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nomeado por Lula. Diz que é preciso que haja uma investigação "até para dizer de fato se eu [Amaury Ribeiro Jr.] estou ou não falando a verdade".

Confira a pergunta final e a devida resposta, exatamente (inclusive com os erros) como foram publicadas na versão impressa:

"Por conta desse episódio no comitê de Dilma, o final do livro não se refere nem a privatização nem a lavagem de dinheiro. Narra uma violenta troca de fogo amigo dentro do próprio PT na campanha, contrapondo, de um lado, um grupo ligado ao hoje presidente do PT, Rui Falção, e de outro, um grupo ligado ao atual ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Te impressionou a virulência dessa briga? Por que ela poderia ter mesmo prejudicado a campanha de Dilma, não?
Me impressionou muito. Me deu até medo. Eu fui para lá achando que iria investigar uma infiltração de alguém ligado ao candidato do grupo oposto, José Serra, na campanha. E, no final, era o PT contra o PT. Fogo amigo pesado. O que ficou claro para mim é o que os interesses em jogo - sejam por dinheiro, sejam por poder - estão muito além do esforço para eleger o candidato. Os caras começam a se matar antes mesmo de ganhar a eleição, de nomear os ministros, nem ganharam e já estão brigando pelos cargos. Isso parece inacreditável. Mas aconteceu."

Para quem achava que o PT era diferente dos demais, é melhor acordar enquanto é tempo. A essência é a mesma. O que muda é o apelo.

Quem não tiver acesso à versão impressão da Tribuna do Norte, pode conferir a entrevista na edição online. Clique aqui.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Corre, minha gente!

Não adianta jurar que no próximo ano será diferente. Você vai deixar alguma coisa do Natal para a última hora. É inerente ao ser humano. Alguém comenta: "E aí? Vai passar o Natal onde?" E a resposta: "Acho que vou passar em casa. Não sei. Ainda está tão longe..." 

Longe. Distante. De repente, puff! A véspera de Natal JÁ é amanhã! Aí não tem jeito mesmo. É um tal de enfrentar fila, corre daqui, corre dali... "Não vai dar tempo", é o que todos pensamos. Mas, como se fosse um milagre de Natal, sim, dá tempo. Apesar do terrível desgaste físico e emocional. E aí todo mundo jura que no próximo ano será diferente. Sei, sei...

De hoje para amanhã, o que espera os retardatários nas lojas e nos supermercados é um verdadeiro desenho do inferno (ops, sacrilégio numa véspera de festa cristã). Produtos num estado já deplorável de tanto o povo mexer. Filas quilométricas arrodeadas de espertinhos que sempre acham um conhecido para ali se infiltrar. Sistemas fora do ar para que você não use o cartão de crédito. E uma única certeza: a de que você não acertará em todos os presentes.

É, minha gente, corre porque lá vem o Natal!


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As piadinhas sobre os critérios de contratação de Abc e América

Em 2005, após o fim do estadual e antes do início do Brasileiro, o América desfez todo o time e precisou contratar uma "ruma" de jogadores para formar um plantel. Majoritariamente, os jogadores eram oriundos do mercardo paulista, o que levou os gozadores de plantão a uma piadinha infame sobre o critério de contratação americano. Diziam que Paulinho Freire teria se deslocado à Praça da Sé e perguntava insistentemente aos transeuntes: "Ei, você quer jogar no América?".

De 2010 para cá, a piadinha mudou de lado. Agora, tendo em vista a quantidade de jogadores contratados pelo Abc que já defenderam o América, dá-se conta de que, na ânsia de remontar o plantel alvinegro desfeito, Flávio Anselmo dispara ligações a vários jogadores sem clube com uma só pergunta: "Ei, você já jogou no América?".

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Cabelo, o velho dilema feminino

Quando pequena, mamãe não me deixava ter cabelo grande porque dizia que o trabalho era maior que o cabelo. Assim, eu só poderia deixá-lo crescer quando tivesse maturidade suficiente para encarar os cuidados necessários.

Até os 12 anos eu sonhava em ter cabelo grande. Somente com essa idade consegui. Uma maravilha! Até então era uma dificuldade deixar o cabelo crescer. Depois, ele passou a crescer muito rapidamente.

Num belo dia, resolvi mudar, como diria Rita Lee. Cortei o cabelo. Curto. Não tão curto como hoje, mas já dei uma bela chacoalhada no visual. Confesso que não fiquei satisfeita com o resultado. Salvo engano, isto ocorreu no ano do meu pré-vestibular (1996).

Já cheguei na faculdade com o cabelo perto dos ombros. Só esqueci de dizer a polêmica que esse corta-não-corta causou. TODO mundo tinha uma opinião a respeito. Os mais próximos já sabiam que eu ia cortar. Metade era a favor, metade contra. O mesmo percentual se repetiu após o corte com os mais distantes. "Como você teve coragem?" ou "Eu preferia grande" ou "Ficou um arraso!" foram as frases que mais ouvi.

Já em 2000-alguma coisa, decidi cortar ainda mais radical: bem curtinho penteado para frente. Algo que lembra bem de longe o cabelo de Sandra Annemberg (que é bem mais volumoso e mais escuro que o meu, além de ter um corte para o lado). Aí sim o resultado mudou a estatística. Majoritariamente o comentário era "Ficou um arraso! Não deixe mais ficar grande". Quem me conhece bem sabe que eu estaria longe de permanecer com um só cabelo para o resto da vida!

Bem, o cabelo cresceu e mais uns dois anos depois, outro corte radical. Mais elogios. Novo período de crescimento do cabelo. Aí decidi raspar o cabelo. Isso mesmo raspar no fim do ano passado! No entanto, na hora H, faltou coragem. Pedi para tirar apenas uns "quatro dedos". Não sei se ficarei bem com máquina quatro tendo tão pouco cabelo. Mas ainda chego lá.

Em março deste ano, novo corte. Mais 4 dedos retirados e NINGUÉM percebia a diferença. Decidi então que tiraria tudo no fim do ano. Em 19/12/11, ontem, dei uma roída na corda de novo. Porém desta vez voltei ao corte tão elogiado. Confesso que neste ano achei a cabeleireira certa. Nem pense que paguei $ 50,00 pelo corte. Apenas R$ 10,00. Isso mesmo, R$ 10,00 no salão Tânia Albano na Rua Princesa Isabel no centro da cidade. E assim no fim da tarde de ontem meus longos cachos foram abaixo e voltei a ter um visual, digamos, moderno. Até meu avô (92 anos) elogiou.

No fim das contas, vale o que você pensa e/ou sente. O que eu gosto mesmo é dessa mudança radical. Jamais mantenho o cabelo curto. Deixo crescer até ninguém lembrar mais como era curtinho. E meto a tesoura no fim de ano. Correção: navalha. O corte é radical mesmo! Confira.



sábado, 17 de dezembro de 2011

A pedra fundamental da Arena do Dragão

E hoje, 17/12/11, o dia promete ainda mais emoção aos torcedores americanos. A partir das 12h, no Centro de Treinamento do América Futebol Clube, localizado na cidade de Parnamirim, haverá uma grande festa com feijoada e trio elétrico para a fixação da pedra fundamental da Arena do Dragão.

Este é mais um daqueles raros momentos em que temos a oportunidade de ver a História acontecendo diante de nossos olhos, agora, no presente. Para marcar tão importante feito, todos os que estiverem presentes ao evento deixarão seus nomes registrados em livro que será exposto na entrada da futura Arena como testemunho para a posteridade.

Desportistas em geral e americanos em especial, hoje é o dia! Garanta sua senha ao custo de R$ 50,00 (sócios ainda podem adquirir mais 2 ao preço de R$ 25,00 cada) e participe deste momento inesquecível, cuja renda será revertida para a concretização da Arena. Se não puder adquirir na sede social, não há problema. Senhas também serão vendidas no local da festa. 

Quem não for (infelizmente, eu não poderei comparecer por compromisso profissional), certamente manterá uma ponta de inveja eterna dos que lá estiveram. Fazer o quê, né?

A festa de pré-lançamento na sede social

O otimismo era contagiante. Americanos reunidos na ânsia de ver mais um aumento no patrimônio do clube. A construção de qualquer obra arquitetônica que se proponha a servir ao público já é algo grandioso. Quando envolve a paixão de uma torcida, aí é de arrepiar!

A festa de pré-lançamento na sede social da Rodrigues Alves foi um momento histórico na vida do América Futebol Clube. Primeiro, pela união das várias correntes de conselheiros que se engalfinham há anos, mas que parece que entenderam que o momento é de todos remarem na mesma direção. Segundo, porque relembrou as confraternizações de um passado não tão distante na área piscinas/bar. Terceiro, porque era visível a emoção de todos, sejam os que participavam apresentando o projeto, sejam os que já haviam visto a ideia germinar em 2007, quando o jovem formando Ricardo Dantas juntara um grupo para mostrar ao Dr. José Rocha e a alguns conselheiros e torcedores (lá estava eu!) que era possível sim concretizar o sonho de ter um estádio nos moldes da Fifa como patrimônio do América, sejam os que lá estavam pela primeira vez sendo apresentados a tão bem elaborado projeto arquitetônico.

Nada ficou de fora. Bebida (e tome whisky para quem gosta!) e comida à vontade, banners com várias tomadas do estádio, novos produtos ERK de todos os tipos e muita emoção. Emoção visível do arquiteto Ricardo Dantas, ao relembrar os momentos de 2007. Também do Dr. José Rocha, ao mencionar a luta para a construção da sede social e da sua disposição em ver o América com mais este acréscimo patrimonial. Do Presidente Hermano Morais, que terá sempre seu nome atrelado ao pontapé inicial de tal obra. Do Presidente eleito Alex Padang, que se declarou emocionado com a força demonstrada pelos conselheiros e pela torcida. Do Engenheiro José Pereira, que afirmou que somente a alegria de construir a Arena do Dragão foi capaz de tirar-lhe a tristeza de ver outra obra sua, o Machadão, vir abaixo. De todos os americanos, com a riqueza de detalhes do projeto da Arena, chegando a especificar o que teria em cada camarote, a capacidade do estádio a cada mero módulo construído, e por aí vai.

Realmente, a noite de 16 de dezembro de 2011 ficará na história do América Futebol Clube como a noite em que o clube demonstrou claramente que terá um estádio que mais uma vez honrará a sua alcunha - Orgulho do RN.

Os camarotes da Arena do Dragão

É de impressionar a avidez com que o torcedor do América  aguarda a construção do estádio alvirrubro. A festa de pré-lançamento da venda de camarotes estava marcada para 16/12/11 às 20h, mas 2 dias antes a diretoria resolveu sondar os conselheiros que gostariam de realizar pré-reserva de unidade, segundo o Vermelho de Paixão . Resultado: das 12h da quarta-feira até às 21h da sexta-feira foram vendidos 105 camarotes, restando tão somente 23 unidades.
Detalhe: o valor de cada unidade é de R$ 30.000,00/R$ 35.000,00, a depender da localização. E era necessário pagar um sinal de R$ 3.000,00 à vista para realizar a reserva. Com isso, o América já garantiu mais R$ 3 milhões, dos R$ 5 milhões necessários à primeira etapa.
Imaginem quando houver o lançamento de cadeiras cativas!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Por que as coisas se acumulam?

Quem tiver a resposta, por favor, me diga! Parece ser inerente ao ser humano. "Amanhã faço isso" e, de repente, boom... um milhão de coisas pendentes. Pior: quando nos damos conta, já estamos na metade do mês de novembro, o último mês de verdade do ano. Sim, porque dezembro é todo gasto numa terrível peregrinação em busca das tais lembrancinhas de Natal. Uma verdadeira sucursal do inferno! Pessoas se acotovelam na luta por um vendedor que abra as portas da felicidade trazendo exatamente o que estamos procurando.

Só nos restam aproximadamente 15 dias para acabarmos com as coisas que se acumularam em 2011. Ou seriam elas ainda provenientes de 2010 ou outro ano anterior? É difícil precisar, mas já faz um tempo que eu digo que vou colocar estudos, corrida, musculação e outros projetos pessoais em dia. Trabalho está sempre em dia, nem que seja no último dia do prazo. O resto, no entanto, parece ser acorrentado a um peso de mais de 1 tonelada e  por isso resiste a sair do canto.

Será que conseguirei acabar com o acúmulo em 2011? Sei não, mas pelo meu histórico, estou quase certa de que vou já assumir um outro projeto ainda em 2011: a lista de coisas a fazer em 2012... E você?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Série C acaba?

Façam suas apostas! A Série C acaba ou não acaba? E se acabar, será que termina mesmo?  Depois do imbróglio judicial demonstrar toda a incompetência da CBF e do STJD em resolver pendengas 100% importantes para o desenrolar de uma competição nacional, a justiça comum foi chamada a tentar desatar o nó por aqueles criado.

Mas para quem conhece o dia-a-dia do Poder Judiciário, a perspectiva é de que esta Série C só termine daqui a, no mínimo, 3 anos - isto se houver muito boa vontade de todos os órgãos judiciais. Ora, uma questão cotidiana leva até 3 anos para sair da 1.ª instância, mais uns 2 para sair da 2.ª e reza-se muito para ela sair dos tribunais superiores (primeiro, STJ e, com sorte, STF).

A guerra atual refere-se apenas a liminares, que, como os operadores do Direito sabem, são concedidas de manhã e cassadas à tarde. Medida liminar, ou antecipação dos efeitos da tutela, ou medida cautelar, é apenas resultado da primeira impressão que o magistrado tem da questão. Só é concedida ante a presença de dois requisitos: o fumus bonus juris (a fumaça do bom direito) e o periculum in mora (o perigo da demora). O juiz analisa RAPIDAMENTE os autos e verifica se a história contada pelo autor apresenta verossimilhança, isto é, se parece verdade, se parece ter fundamento. Em seguida, observa se haverá prejuízo irreparável ao autor se, em sendo verdade o alegado, ele (juiz) ao deixar para se manifestar somente após a relação processual se completar (citação do réu) ou quando for julgar o mérito.

Ora,  a questão do Rio Branco inicialmente apresenta ambos os requisitos. Se o julgamento de mérito seguirá o mesmo caminho, aí são outros quinhentos. Mas, de fato, seu relato aparenta ter fundamento e qualquer atraso causar-lhe-á prejuízo irreparável.

Mas e o Luverdense? Sua história também não aparenta ter fundamento e o atraso em julgá-la também causará prejuízo? E o América? E o Paysandu? E o Crb? E os torcedores? E os classificados do outro grupo? E as Série B, C e D do próximo ano?

Não me parece que a CBF tenha interesse em retirar o Rio Branco da competição. Os indícios advindos da demora do STJD em decidir, da CBF em paralisar o campeonato e até mesmo em recorrer na Justiça comum a respeito das liminares conseguidas pelo Rio Branco não me deixam dúvida.  A CBF quer mesmo é que a Série C acabe logo com o Rio Branco para depois ter de decidir o que vai fazer. Ou seja, uma virada de mesa apresenta real possibilidade.

Some-se a isso o fato de que há duas liminares sobre a questão: uma proveniente do Acre e outra do Rio de Janeiro. Tal conflito positivo de competência (os dois juízes que decidiram se afirmam competentes para tanto) terá de ser julgado pelo STJ, aquele para o qual apelamos aos santos para que uma questão seja julgada rapidamente. Ora, resolvido o conflito de competência, a questão voltará para um dos órgãos da primeira instância (ou Acre, ou Rio de Janeiro - deve ser este último, por ser o domícilio dos réus, no caso STJD e CBF) para ter seguimento. Ou seja, a Copa do Mundo 2014 já será uma vaga lembrança quando a questão for definida com o trânsito em julgado, salvo se alguém desistir no meio do caminho. E aí? A Série C acaba ou não acaba? Façam suas apostas.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Uma decisão e muitas implicações

O STJD deixou de lado (?) a política e eliminou o Rio Branco da Série C 2011. Simples, não? Não. Ao não disciplinar o alcance de sua decisão, especialmente quanto aos interessados que se habilitaram no processo - a saber, Luverdense e Araguaína - o STJD criou um monstrengo nas mãos da CBF, que pode enfrentar uma saraivada de ações Brasil afora.

De início, sobrou incompetência para lidar com uma questão que atingia tão fundamentalmente todo o desenrolar de um campeonato. O problema com o Rio Branco surgiu antes mesmo do início da Série C, mas só foi julgado por uma das comissões do STJD após o fim da primeira fase. Com o recurso do Rio Branco (corretamente com efeito suspensivo), caberia ao STJD determinar pauta imediata para este, sob pena de causar graves prejuízos ao futebol brasileiro, o que de fato ocorreu. No entanto, o STJD preferiu deixar pra lá a questão e só julgá-la na metade da segunda fase da Série C.

Estabelecidos os erros do STJD, é chegada a vez da CBF. Era mesmo tão difícil perceber que uma questão dessas requeria extrema cautela para não causar prejuízos aos clubes e torcedores-consumidores país afora? Se o Rio Branco conseguiu ser incluído na 2.ª fase através de efeito suspensivo, cabia à CBF não iniciar a disputa no grupo E até que a questão estivesse resolvida. Isso certamente faria com que o STJD abrisse mais rapidamente espaço em sua pauta para a questão e evitaria que clubes disputassem partidas que de nada valeriam e que torcedores pagassem para ver algo inexistente.

Agora analisemos as consequências da decisão do STJD. O Rio Branco foi eliminado. Mas qual é o alcance da decisão do STJD? A punição vai ser dada a partir da 1.ª fase? Neste caso, o Araguaína escaparia do rebaixamento para a Série D e o Luverdense estaria classificado para a 2.ª fase como 2.º colocado do grupo A. Ainda neste caso, caberia zerar o grupo E e começar tudo de novo, já que há alguns privilégios em relação à tabela para os primeiros colocados de cada grupo, o que atingiria o Paysandu, e o grupo não poderia ter iniciado a disputa tendo um clube não classificado como participante.

Mas por que o STJD não declarou os efeitos da decisão quanto aos terceiros interessados (Araguaína e Luverdense) que se habilitaram no processo? Isto parece indicar que a punição ao Rio Branco não será retroativa, mas a partir da fase em que a competição se encontra. Ou seja, o Rio Branco foi eliminado na 2.ª fase, o que significa que o Araguaína permanece rebaixado e o Luverdense não classificado. O grupo E permaneceria com as disputas já ocorridas e América, Crb e Paysandu venceriam seus confrontos com o Rio Branco por W.O. (1x0). E o Rio Branco? Seria sim rebaixado para a Série D, mas sem alterar a disputa na C, o que faria com que houvesse o acesso de 5 clubes da 4.ª para a 3.ª divisão. Esta é a solução que menos prejuízos traz para clubes e torcedores que pagaram ingressos, já que os jogos continuariam válidos, mas o Rio Branco sofreria sua penalidade.

No caso de a CBF determinar a inclusão do Luverdense na segunda fase, aí a porca torce o rabo. Haverá uma chuva de pedidos de indenização de consumidores que pagaram para ver jogos marcados pela Confederação, sabedora de que uma pendência judicial ameaçava a validade das partidas, mas que a julgou infundada. Ora, você pagaria o mesmo valor de um jogo oficial para ver um amistoso? Caberia até mesmo uma ação coletiva da promotoria de defesa do consumidor.

Resta saber o que decidirá a CBF. Certamente sua assessoria jurídica já está a postos estudando uma solução. Se esta será política ou não, não sabemos. Mas é preciso avaliar o direito como ele é, e não ao bel prazer do STJD e da CBF. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O STJD e suas polêmicas

Brasil, o país do carnaval. O ano inteiro. Em todas as áreas. O que importa mesmo é ir levando ao som dos batuques. Amanhã a gente pensa no depois. Parece até que há um placa daquelas de mercadinho em cada esquina desta terra tropical: "Fiado só amanhã". Só que, no caso, os dizeres são diferentes: "Seriedade só amanhã."

Poderia levar uma vida inteira citando a aplicação prática dos dizeres da plaquinha. Mas seria chato e interminável. Levaria um outro tanto para citar essa mesma aplicação quanto ao futebol. É melhor falar do assunto do momento: o STJD e a Série C.

Como diz Arnaldo César Coelho, a regra é clara. A Constituição Federal determina em seu artigo 5.º, inciso XXXV, que "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". Durante muito tempo, isso parecia não se aplicar aos julgamentos desportivos. Imaginar que a CBF e assemelhados estariam acima da lei era negar o estado de Direito. Criou-se então a regra de que é preciso primeiro esgotar a instância desportiva.

Mas o que é a instância desportiva? É a seara onde se discutem as questões a respeito das querelas que envolvem as competições. Punições a clubes, atletas, dirigentes.

Pois bem. Dois clubes acreanos (entre eles, o Rio Branco) estavam ameaçados de não obter renda em suas primeiras partidas no campeonato brasileiro por ausência de aprovação do estádio Arena da Floresta. Os laudos apontavam que o estádio não reunia condições de segurança/conforto para o público assistente. O Ministério Público então remete ofício à CBF determinando a interdição do estádio. A CBF informa à federação local que o estádio só poderá ser utilizado com os portões fechados. Autoridades resolvem entrar com ação cautelar preparatória (queriam um TAC) com laudos que comprovam que o estádio teria condições para apenas 10 mil. O juiz de plantão entende que os requisitos estão presentes para a concessão da liminar e a CBF é intimada para permitir a realização dos jogos no estádio com a nova capacidade (10 mil pessoas).

O caso vai parar no STJD, esse mostrengo recheado de decisões que mais parecem saídas de disputas entre torcedores numa mesa de bar através daquele jogo em que é preciso adivinhar quantos palitinhos de fósforo todos têm na mão.

Lá, parece óbvio que o Rio Branco desafiou a CBF sem ter esgotado a instância desportiva. Assim, votam 2 auditores. O Rio Branco é excluído. A vida segue. Até que um recurso do mesmo clube consegue efeito suspensivo no mesmo STJD. Volta o Rio Branco. Agora são Luverdense e Araguaína que querem a suspensão da suspensão, ou seja, a volta da decisão original.

Sabem qual é a grande polêmica? É que o STJD não é um tribunal de verdade. Não se requer notório saber jurídico de quem ali milita. As indicações são políticas. Imaginem o que isso quer dizer no mundo do futebol... Então o STJD não gosta muito de se meter no trabalho de interpretar as regras. Basta ler o que está escrito, sem atentar para o sentido e a finalidade das regras aplicadas em sintonia com o restante das regras em vigor.

Interdição de estádio por falta de segurança baseada em laudo técnico é realmente uma questão desportiva?      O Rio Branco não foi punido com a perda de mando de campo. O que houve foi uma constatação por parte da autoridade competente (Ministério Público, conforme Estatuto do Torcedor) de que o estádio não atendia aos requisitos para que ali houvesse um evento com presença de público. Era preciso mesmo esgotar a instância administrativa numa questão resolvida por laudos técnicos e que não dizia respeito a punição alguma? Vejamos se o STJD enfim enxergará a diferença.

Mas o melhor (ou o pior) mesmo é o fato de o STJD ter dado efeito suspensivo para lá e para cá, mas não ter empreendido a suspensão do campeonato. Ora, como ficam os torcedores que pagaram ingresso para ver jogos que podem simplesmente não ter valor algum se Luverdense e Araguaína conseguirem o que querem? E os gastos de quem viajou para jogar (Rio Branco e América) para um possível amistoso? O mais trágico (ou cômico, nesse eterno carnaval) é que o órgão julgador desportivo nem se deu ao trabalho de marcar uma data para resolver definitivamente a questão. Para quê? Ninguém está com pressa mesmo!

Mal visualizamos o estrago que a omissão do STJD já vem causando, eis que surge mais uma questão envolvendo a Série C: a palhaçada no PV de Fortaleza e CRB. O Campinense juntou vídeos, depoimentos e pediu julgamento a respeito. Eis que a procuradoria do STJD prepara a denúncia contra o Fortaleza, contra o árbirtro, contra alguns jogadores e...cadê o CRB? Porque, se houve "arrumadinho" para favorecer o Fortaleza, o vídeo deixou claro que o CRB fez parte. Nenhuma linha a respeito do CRB. Isto pode indicar que nada mudará. Principalmente porque a denúncia não pede exclusão do campeonato dos clubes envolvidos, mas apenas que uma nova partida seja disputada. Ah, tá! O CRB já classificado (Campinense venceu o Guarany) vai colocar seu elenco titular numa disputa feroz contra o Fortaleza, que terá muita dificuldade em fazer os 4 gols necessários à sua manutenção.

Recásens Siches já defendia que o Direito não pode se afastar da lógica do razoável. A aplicação de uma regra não pode produzir um caos maior do que a sua não aplicação. Se o STJD enxergou que o Rio Branco tinha um aparente direito sendo obstruído por decisão de uma de suas comissões, que por sua vez constatou exatamente o contrário, caberia a suspensão do campeonato e marcação imediata dos julgamentos que envolvessem a questão prioritariamente sobre a pauta já agendada (isso existe no STJD?). Tudo decidido sem causar qualquer prejuízo ao campeonato, que seria atrasado no máximo em uma semana.

Mas isso seria o mundo perfeito. No mundo real, ou o STJD se envolve em um trabalho efetivo para tornar suas decisões dignas de serem classificadas como jurídicas e em prol do desenvolvimento da área que lhe cabe, ou estaremos em pleno século XXI e convivendo com decisões que dividem as partes entre os amigos e os inimigos do rei, como ocorria em priscas eras.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Comprovadamente sem ética

Todo mundo já sabe, ou pelo menos deveria saber, que o mundo do futebol, especialmente o brasileiro, não conhece nem de longe o significado da palavra ética. Desde o jogador até a diretoria, sem deixar de fora a comissão técnica e a torcida. São muitos os exemplos. E olha que é melhor nem comentar sobre os interesses da imprensa, sejam legítimos ou ilegítimos. 

É jogador que inventa contusão ou problemas particulares para ser dispensado de um clube para poder assinar com outro sem pagar a multa rescisória. É treinador que indica fulano porque o procurador dos dois (jogador e técnico) é o mesmo, ou porque vai receber uma gratificação. É diretoria que dispensa tal jogador porque ele atrapalha a escalação do apadrinhado. É torcedor que vaia seu próprio time, na esperança de prejudicar outro. E por aí vai.

Aqui mesmo em Natal, no Frasqueirão, em 2007, a torcida do Abc entoou "é campeão" para saudar o Bragantino na esperança de que os jogadores deste não se empenhassem em vencer o seu time. 

Coisas escabrosas acontecem. Mas o que esperar de um esporte em que é preciso estabelecer premiação para a vitória, sob pena de os jogadores não se dedicarem o suficiente pelo salário que já recebem?

A ética é um aspecto essencial na vida em sociedade. Mas isto não parece ser importante no Brasil. Rodadas decisivas são marcadas em horários diferentes, mesmo com times ainda disputando posições. Veja-se o que aconteceu na última rodada do Estadual do RN deste ano. O América jogou às 15h30, proporcionando ao Abc poupar titulares às 20h30 em caso de derrota daquele. 

Os torcedores nem percebem que eles são as maiores vítimas, uma vez que pagam por um espetáculo cujo resultado já foi definido antes mesmo da bola rolar. Em 2009, por exemplo, eram anunciadas as derrotas do América em virtude de conflito entre supervisor de futebol, comissão técnica e jogadores, que "aparentemente" faziam corpo mole.

Mas, no último sábado, Fortaleza e CRB deram um show no aspecto falta de ética. As câmeras registraram as negociatas dentro de campo. Veja os vídeos (dos quais tomei conhecimento através do Blog de Marcos Lopes - http://blog.tribunadonorte.com.br/marcoslopes ):


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Não aguento mais greves!

Não aguento mesmo! Todo ano é a mesma ladainha: greve de professores, de médicos, de profissionais da saúde, de policiais civis, de funcionários dos Correios, dos bancos... A lista é quase infinita. 

A greve sempre foi definida historicamente como um recurso extremo, quando não há mais possibilidade de negociar. Mas é claro que isso não se aplica ao Brasil. O país do jeitinho deu um jeitinho até na greve. Queremos negociar? Vamos logo começar paralisando tudo! Fazemos beicinho por no mínimo 30 dias, jogamos um milhão de propostas para que a população acredite que não queremos apenas um índice salarial melhor, mas também a melhoria do serviço prestado ao público, e fazemos algumas faixas criticando os "donos do capital".

Dos funcionários que entram em greve, talvez 5% compareçam a reuniões e protestos do movimento. O resto... bem, o resto tem mais o que fazer. A praia é sempre uma boa opção nos dias úteis. Sabe como é, né? Pouco movimento, já que os pobres mortais estão trabalhando no horário, mais vagas para estacionar...

É um bom negócio entrar em greve. Os dias parados nem são cortados nem influenciam no sagrado período de férias. É receber para relaxar. E ainda dá aquela impressão de que todos estamos na luta por um Brasil melhor. Ã-hã...sei...

Vamos logo esclarecendo a função de um sindicato. Não, não é lutar por um Brasil melhor, como inocentes ainda acreditam. A função - nobre, diga-se de passagem - de um sindicato é defender os interesses da categoria que ele representa. Daí a isso representar um Brasil melhor há uma certa distância. O fato, por exemplo, de um carteiro querer receber uma gratificação de 20% pode não ter qualquer relação com a entrega em dia das correspondências no Brasil. 

Se você ainda duvida que a função de um sindicato é defender os interesses da categoria, seja isso de ou ao encontro dos interesses do Brasil, transcrevo o art. 511 da CLT:

"Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação de seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, agentes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividade ou profissões similares ou conexas."

Ainda não se convenceu? Então preste atenção na pauta de reivindicações das greves que ainda estão por vir. Elas começarão com uma infinidade de itens, que certamente incluirão a melhoria do serviço prestado ao público, mas a negociação só empancará mesmo no índice de reajuste salarial. Se de 50 itens, forem concedidos 49, mas o índice não for o pleiteado, a greve continua. Se ocorrer exatamente o contrário, a greve acaba.

Enquanto isso, eu, você e outros, que estamos sujeitos aos humores das intrigas políticas dentro dos sindicatos, ficamos sem escola, sem atendimento médico, sem segurança, sem correspondência, sem isso, sem aquilo... E ainda temos de aguentar a balela de que tudo é em nosso interesse, já que o serviço que nos é prestado vai melhorar com o atendimento daquelas reivindicações. É demais para mim!

Na próxima leva de greves (a dos bancários, dizem, já está agendada para o dia 22), acorde para a realidade: sua vida só mudará durante a greve. Para pior. Depois, tudo continuará na mesma. Mas a felicidade reinará no mundo dos sindicatos, que terão provado mais uma vez a sua essencialidade na luta por um Brasil melhor, não é mesmo?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Frases da Semana

"A questão é se, em face da atual crise nacional, nós podemos interromper o circo político e verdadeiramente fazer algo para ajudar a economia."
Barack Obama, no Congresso americano (The New York Times de 09/09/11)


"Mineiro gasta 3 vezes mais em carro do que em estudo."
Manchete do jornal O Estado de Minas (coluna Jornal de WM, Tribuna do Norte de 09/09/11)

"Minha asma tá parecendo Leandro Campos. Vai e volta."
Eu mesma, no Twitter (08/09/11)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tudo é cíclico

Sim. Tudo na vida é cíclico. Parece até que seguimos à risca aquele princípio de Lavoisier "na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Mas, por favor, não me pergunte o porquê! Não tenho a resposta. No entanto, posso demonstrar (que petulância a minha, não?) a veracidade desta afirmação.

Nem é preciso muita coisa. Basta observar a História. Prosperidade e recessão convivem alternadamente no mundo desde que o mundo é mundo. Tão certo como o dia vem depois da noite e que esta vem depois daquele é que recessão e prosperidade vivem uma espécie de Feitiço de Áquila. Para quem é muito novo ou péssimo de mémoria, esse é um filmaço com Michelle Pfeiffer e Rutger Hauer em que seus personagens viviam um romance impossível em virtude de um feitiço que a transformava em águia de dia e e o tornava um lobo à noite. Só lhes restava poucos segundos quando o sol se punha ou estava prestes a nascer quando quase podiam se tocar.

O mesmo pode ser trazido para o nosso dia-a-dia (nem sei se ainda se escreve assim...). Ou estamos tristes, ou estamos alegres. E sabemos que nenhum dos dois estados dura para sempre. Algo está sempre ali, à espreita, pronto a nos retirar da extrema felicidade ou do buraco da depressão.

Veja-se o caso da sociedade em si. É impressionante como o suceder de gerações sempre avança em algo, mas também traz algum retrocesso. Temos uma geração liberal sempre sucedida por uma conservadora. E vice-versa.

Na política, um partido (ou as suas ideias) parece morto e ressurge das cinzas quando todos apontavam para a sua extinção. E aquele dominante, de repente, sofre um revés que vira manchete bombástica nos jornais.

No esporte, especialmente no futebol, tão presente em nosso cotidiano, essa verdade cíclica é ainda mais verdadeira. Quem torce por um time bem sabe do que eu estou falando: um dia se está por cima, no outro... Tomando como exemplo América e Abc, isso chega a assustar. Não faz muito tempo, o Abc vivia um calvário ao ser rebaixado para a Série C e ver o América no apogeu da Série A. De repente, o ciclo mudou. O América passou à rotina de 4-5 treinadores por ano, alguns rebaixamentos, derrotas humilhantes, ao passo que o Abc agarrou-se com um treinador, sagrou-se campeão de quase tudo que disputou, juntou dinheiro. Enfim, tudo o que o Abc tocava virava ouro. Já o América, desgraça após desgraça.

Eis que o ciclo muda de novo, mais uma vez repentinamente. Assim. Sem explicação. O América interrompeu o ciclo de desgraças ao vencer 3 partidas consecutivas na Série C e o Abc adentrou neste ciclo ao somar 9 jogos sem vitórias na Série B. O América deixou a posição de candidato ao rebaixamento para líder de seu grupo. O Abc largou o sonho da Série A para viver o pesadelo de lutar contra a queda para a Série C. E nesse caminho, é goleado pelo Bragantino em casa (5x0), perde uma invencibilidade de 6 meses jogando em seus domínios e entra na balada de 4-5 treinadores por ano (Guto Ferreira já é o 3.º, desprezando-se a saída/volta de Leandro Campos). Alguma semelhança?

Se você ainda não se convenceu que tudo na vida é cíclico, converse com um historiador. Ele vai mostrar que a evolução histórica também é cíclica. Tanto que é melhor representada por uma espiral. Se nem isso lhe convencer, preste mais atenção nos acontecimentos à sua volta. Você vai se impressionar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Em que momento nos tornamos pequenos?

Confesso que ainda consigo me surpreender com os seres humanos. Tanto quando se trata de coisas boas, como quando se trata de coisas ruins. Ontem, mais uma foi adicionada à segunda lista.

Imagine a situação: um ser humano em angústia por sentir que não pode mover o lado direito de seu corpo. A fala torna-se totalmente enrolada, como se aquela pessoa estivesse em completo estado de embriaguez. Este ser humano fica desorientado, afinal, está no meio do trabalho e sob os olhares de milhares, talvez milhões de pessoas. Talvez tenha até sentido uma fortíssima dor na cabeça.

Com muito esforço, este ser humano consegue alertar a quem está do seu lado que precisa de atendimento médico. A quantidade de leigos no assunto só aumenta o desespero e a descoordenação no atendimento, que enfim acontece. Com muita luta, o ser humano com tamanho sofrimento é colocado em uma ambulância para ser levado a uma emergência hospitalar.

No meio de tanto sofrimento e desespero, outros seres humanos ainda acharam tempo para fazer uma piada de muito mau gosto e de nenhuma graça. Ao verem a necessidade de atendimento médico evoluir para o deslocamento em ambulância, o grupo começa a gritar "uh, vai morrer!". Certamente este comportamento aumentou a angústia tanto dos envolvidos no atendimento como o do próprio ser humano vítima da emergência médica.

Se você ainda não sabe a que evento eu me refiro, deve estar se perguntado: "o que será que essa criatura fez para merecer tamanha covardia? Seria ele um ditador, ou um psicopata em série, ou um torturador convicto?". A resposta é não. E olha que nesses casos ainda acho desprezível que alguém se comporte assim.

Sabe qual era o motivo para que o grupo de pessoas atacasse de forma tão desprezível aquele ser humano em necessidade de atendimento médico? Ele é o treinador do Vasco da Gama, time rival daquele para o qual o grupo de pessoas torce (o Flamengo).

E então eu me pergunto: em que momento nos tornamos tão pequenos, tão ridículos, tão desprezíveis a ponto de não respeitarmos o sofrimento dos outros simplesmente porque estes outros torcem para times com os quais não simpatizamos? Em que momento o futebol passou a ocupar um lugar tão fundamental em nossas vidas a ponto de perdemos o respeito, inclusive por nós mesmos? Em que momento a vida passou a ser resumida entre os que estão do nosso lado, porque torcem para o mesmo time, e os que estão do outro lado, porque torcem para outro time?

Ainda estou em choque com o ocorrido. Vi minha mãe ter um avc isquêmico há dois anos e sei o desespero que senti. Só posso imaginar o quanto tudo seria pior se houvesse um grupo desprezível de seres que se dizem humanos a gritar durante o atendimento "uh, vai morrer!".

Infelizmente, o desprezo pelo outro, pela vida humana, parece ser um padrão nos últimos tempos. Ainda neste mês vimos um camarote desabar no início de um show de Ivete Sangalo e a cantora afirmar que nada pararia o seu show. Pessoas são assassinadas e espancadas por serem gays, nordestinos, negros, mulheres... e a lista aumenta. Que educação é esta que vem sendo utilizada pelas famílias, igrejas, escolas? Que leitura os fervorosos religiosos vêm fazendo do "Ama a teu próximo como a ti mesmo"? Ama só se ele for do mesmo time, se não for negro, se não for mulher, se não for gay, se não torcer para outro time, se não atrapalhar nossos compromissos?

Não aceito e não consigo entender tal mentalidade. E se você achou engraçado o grito "uh, vai morrer" direcionado ao técnico vascaíno Ricardo Gomes pela torcida do Flamengo, tente se colocar no lugar de quem enfrentou a emergência. Certamente você não verá graça alguma.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quem te viu, quem te vê, PT.

Prepare-se! O mundo vai mesmo se acabar. Os sinais são muitos e claríssimos. O primeiro: Lula se uniu a Collor e a Sarney. O segundo: o Abc está em uma divisão acima do América. O terceiro: o PT promoveu a primeira privatização de um aeroporto brasileiro. Não precisa limpar os olhos, não! É isso mesmo que você leu: a PRIMEIRA PRIVATIZAÇÃO de um aeroporto brasileiro foi empreendida por um governo do PT.

O aeroporto em questão é o morto-vivo de São Gonçalo. Morto-vivo porque já foi dado como morto, depois vivo, umas quatrocentas vezes desde a década de 90, quando teria iniciado a sua construção, segundo reza a lenda.

Não vi qualquer protesto do tipo "fora, FHC" ou "fora, Micarla" contra a "entreguista" Dilma. Em outras épocas, já haveria campanha contra a venda de nosso patrimônio a preço de banana. Foi até promessa de campanha da companheira não realizar privatizações. Mas quem liga?

O fato é que o PT mudou. Ou não. Bastou chegar ao poder para mostrar que é mais do mesmo: um partido sempre envolvido em negociatas e fisiologismo de todo tipo e que não tem a menor vergonha de assumir que só é contra certas coisas quando estas são defendidas pelos adversários (nem sempre tão adversários assim).

Olhando pra trás, vemos que o PT foi o partido da reforma previdenciária, o partido defensor da CPMF, o partido do uso da máquina, do caixa dois de campanha (Collor caiu por isso!) e, agora, pasmem, é o partido da privatização! Quem te viu, quem te vê, hein, PT?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ficamos para trás.

Crescemos ouvindo que o Brasil é o país do futebol. Os melhores jogadores do mundo estavam aqui. Inexplicavelmente, levamos 24 anos para chegar ao 4.º título mundial. Mais 8 anos para o 5.º título, numa copa que jamais se repetirá por suas exceções (datas, clima, jogadores estourados...).

Quem se arriscava a explicar sempre jogava a culpa nos treinadores. Tolhem o talento dos jogadores com esquemas táticos. São retranqueiros. Só escalam os seus preferidos. E por aí vai.

Mas como não reconhecer que a realidade não é bem esta? Quem são os nossos melhores jogadores? Os firulentos, os marrentos, os artilheiros. Quem é o melhor goleiro? O que melhor sabe o usar os pés. E o zagueiro? O que faz gols. E o lateral/ala, como queiram? O que faz gols. O melhor meio campista? O que faz gols. Nem preciso dizer dos atacantes. Se bem que, neste caso, também entram os que mais se assemelham a focas amestradas.

Gostamos de quem joga para a plateia. Dancinhas provocativas, moicanos, munhequeiras, brincos, notícias de brigas, porres homéricos, etc. Discutir com o treinador então eleva o jogador ao Olimpo do futebol.

Enquanto isso, os jogadores da Europa e até da Ásia iam aprendendo que o futebol é um jogo coletivo. Um por todos e todos por um. Nenhum talento sobrenatural consegue brilhar num time cheio de gente que não sabe para onde vai ou que decide sozinho o que deve fazer. Exemplos aos montes. Messi é um deles, apesar de que o futebol espanhol não é muito chegado numa marcação tradicional, mas...

Falemos da Espanha. Ontem eu vi o 2.º tempo de Real Madri x Barcelona pela Supercopa e o boa parte de Brasil x Espanha pela Copa do Mundo Sub 20. É interessante como a seleção reproduz o esquema catalão, mesmo sem os brilhantes jogadores do Barcelona e sem o seu treinador (Guardiola, belo ex-zagueiro). A movimentação é a mesma: toques de primeira, com infiltrações em diagonal quase sempre mortais ao time adversário. Marcação também tem agora. Ela começa bem recuada, mas à medida que o time adversário começa a recuar a bola, os espanhois avançam em bloco com muita velocidade em direção à posse de bola, desorientando os jogadores do outro time.

Enquanto isso, o futebol brasileiro ainda vive de esperar que o outro time desista da posse de bola. E que algum iluminado resolva o jogo. Da seleção brasileira ao último colocado nos campeonatos de várzea, o futebol nacional tornou-se um purgante aos espectadores. Só aguenta quem torce por algum dos times. E olhe lá!

As discussões táticas acerca de se o 3-5-2, o 4-4-2 ou o 3-6-1 é o melhor na verdade referem-se apenas a quantos zagueiros e volantes serão escalados. Não há esquema algum. Ou há um que pode ser resumido assim: sem a bola, todo mundo marca; com a bola, Deus nos ajude. Ou Neymar, ou Ganso, ou Robinho e seus correspondentes em cada time. Entenda por marcar ficar lá trás esperando que o adversário perca a posse de bola.

Vivemos então de safra de jogadores. Quando temos verdadeiros excepcionais, somos destaques. Quando ninguém ultrapassa a regularidade mundial, nada nos resta a não ser lamentar.

E assim vamos vivendo de jogos chatos, sem emoção, e ficando para trás nos campeonatos mundiais de todas as categorias. O vôlei acordou muito cedo para a realidade de que treinador é peça chave para qualquer modalidade. Sem ele, não há time que resista à troca de jogadores. Quando o esporte brasileiro como um todo vai compreender isso? Quando os treinadores brasileiros entenderão?

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Acabou a farra nos concursos. Será?

Quem é "concurseiro" bem sabe a realidade. Sai um edital, o candidato se interessa e investe seu tempo e dinheiro em livros e cursos na esperança de conseguir uma daquelas 20 vagas anunciadas.

Várias fases depois, a esperada aprovação. Muita alegria, mas ainda há um curso de preparação antes da posse. E lá se vão mais 3 meses.

Depois de toda a via crúcis, a redenção. Agora basta esperar a nomeação e a posse. Mais 30 dias se passam. Sabem como é, né? Burocracia. O Estado é pesadão para se mover e tem que ter previsão orçamentária...

E o fim da validade do concurso se aproxima. Surge a terrível angústia: o governo vai ou não prorrogar a validade? Passei, mas não vou ser chamado(a)?

Essa verdadeira tortura durante muito tempo encontrou respaldo em decisões do Judiciário que não viam formas de impor à Administração que atendesse à necessidade do serviço público e convocasse os aprovados no número de vagas previstas pelo edital. O entendimento majoritário era de que isto seria uma intromissão de um poder no outro, o que não se coaduna com o Estado de Direito.

Essa realidade pode ter começado a mudar nesta semana. O Supremo Tribunal Federal derrubou a tal tese de que o candidato aprovado em concurso tinha apenas expectativa de direito à nomeação. Agora, o Poder Público tem que convocar os candidatos aprovados dentro do número de vagas indicadas no edital.

Será? Bem, a própria decisão abre brechas para exceções, que de fato existem quando se trata de lidar com a realidade. O problema é que uma crise econômica é tida como exceção e aí já se viu, né? Governantes perdulários, que já não estão nem aí para a Lei de Responsabilidade Fiscal (por que o Ministério Público não é mais efetivo nesse tipo de investigação?), vão utilizar a própria LRF para postergar as nomeações até o ponto em que o concurso perca a validade.

Ou ainda: o macete será lançar editais indicando no máximo 1 ou 2 vagas e, tchan, tchan, tchan, um cadastro de reserva! Agora a indústria do concurso respira aliviada. Qual seria a graça (ou o lucro, para ser mais precisa) se a necessidade de contratação fosse resolvida em apenas um concurso? Como manter a indústria da licitação fechando as portas de um ramo tão promissor?

De todo jeito, essa é mais uma decisão do STF que deve ser comemorada porque demonstra que o nosso tribunal supremo realmente vem amadurecendo sua função de guardião da Carta Magna do Brasil. É rezar para que o famoso jeitinho brasileiro não bote tudo a perder.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

As coincidências 1996 x 2011

Sou supersticiosa. Confesso mesmo. É até estranho para uma pessoa tão cética como eu. Eu, que acho balela essa ruma de oração e ida a igrejas e templos na tentativa de escapar do inferno... Mas é melhor nem enveredar por este caminho porque fé é como torcer por um time: não se explica, apenas se sente.

Voltando à superstição, tenho sim algumas manias, para dizer o mínimo. Por incrível que pareça, levanto sempre com o pé direito. Na maioria das vezes, isto requer uma enorme ginástica, mas e daí? Doente ou não, lá estou disposta a botar o pé direito primeiro no chão.

Também não passo embaixo de escada, não deixo sapato virado, não visto roupa pelo avesso, não gosto de ver cortejo fúnebre, e por aí vai.

No futebol, isso piora. Todo torcedor é supersticioso. É um tal de fulano é pé frio/quente, tal roupa dá sorte/azar, tal lugar também...

Bem, eu não fujo à regra. E já reparei o quanto este time do América parece com aquele de 1996. Vejamos.

Em 1996, tivemos o artilheiro do estadual, que chegou apenas no 2.º turno: Wanderley, conhecido como artilheiro de Deus. Adivinha como é conhecido o artilheiro do estadual e que chegou apenas no 2.º turno? Isso mesmo, artilheiro de Deus. André Neles.

Também temos um Wanderley, o gladiador.

Max lembra muito o estilo do Wanderley de 1996. Alto, lento, mas que deixa o seu jogo sim, jogo não.

Em 1996, o América tinha dois volantes bem diferentes: Washington Lobo e Carioca. Washigton Lobo marcava muito e acertava bons lançamentos, mas perdia alguns passes incríveis. Carioca era bom na roubada de bola e tinha habilidade para sair para o jogo. Alguma semelhança com Dudu Araxá e Val? Bom, até o cabelo de Dudu lembra o de Washington Lobo.

O goleiro de 1996 era o respeitado Jorge Pinheiro. Vinha do futebol cearense. O Paredão Fabiano acabou de deixar o Fortaleza para retornar ao Mecão.

Wálber, apesar de lateral direito, lembra Biro-Biro, meia esquerda formado nas bases do América, tanto fisicamente (baixinho, entrocado, de cabelos encaracolados) como na velocidade com que parte para o ataque. Até mesmo nas incríveis chances que perde...

Naquele ano, as partidas do América fora de Natal eram transmitidas pela TV Potengi, canal 3, retransmissora da Rede Bandeirantes. O narrador era Lourimar Neto. Agora, é a Band Natal que transmite os jogos do Mecão com narração do mesmo Lourimar Neto.

Em 1996, os grupos começavam regionalizados, passavam por dois mata-matas e o acesso era definido por um quadrangular. Desse quadrangular, apenas 2 subiam. Em 2011, grupos regionalizados desembocarão em dois quadrangulares, que darão acesso a apenas 2 clubes cada.

O grupo de 1996 era limitado financeiramente. O mesmo ocorre com o de 2011.

É perceptível que temos coincidências para todos os gostos. Dá até para comparar com 2005. É claro que também temos diferenças. A maior delas é que em 1996 a disputa era pelo acesso à Série A e agora a briga é pela Série B. Mas o que vale mesmo é ver um time tão disciplinado taticamente sob o comando de Flávio Araújo azeitando as engrenagens. E a torcida do Mecão estava mesmo precisando ver um elenco com condições de honrar a tradição americana.

O acesso está longe e ainda haverá muito luta pelo caminho para que o sonho se concretize. Por enquanto, vamos curtindo o momento vermelhando a BR 101 e a cidade de Goianinha.

#PraCimaMecao !

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Onde está a Ponta Negra de outrora?

Já deveria ter escrito alguma coisa a respeito há mais tempo, mas, claro, faltou tempo. Resolvi que nestas meias-férias (meias porque só uma profissão me deu algum descanso; a outra aproveitou p/ aumentar a demanda) iria tirar alguns dias pela manhã para caminhar na praia de Ponta Negra. Há muito tempo não caminhava por lá. Penso até que já fazia uns 5 anos da última tentativa.

É possível imaginar a minha tristeza. Estacionamento difícil, mesmo tendo escolhido uma segunda-feira. Achei uma vaguinha. Mal desci do carro, um homem se aproximou e disparou: "quer um guarda-sol e três cadeiras?" Nem processei direito a pergunta e ele já me deu o preço: "Faço 8 reais para você". Disse-lhe que iria pensar, já que queria mesmo era caminhar inicialmente. Olhei para mamãe para saber se ela iria sentar... nem me respondeu. Gastar dinheiro não é com ela.

Àquela altura, já estávamos na areia da praia. Tentei localizar um local para mamãe ficar na areia. Quase impossível. Tudo loteado pelos proprietários (?!) dos guarda-sóis e cadeiras e mesas. Os poucos espaços vazios ou já haviam sido ocupados pela maré ou - eis a maior tristeza - pelo esgoto.

O fedor em alguns trechos era insuportável, como se uma fossa estivesse a céu aberto. Mas estava mesmo. Vários trechos de água escura e fétida contaminando a areia e que chegavam até o mar.

Aquilo me deu uma tristeza... Onde está a Ponta Negra de outrora? Aquela em que podíamos tomar banho sem medo de uma infecção? Aquela em que a areia era tomada por famílias com suas cangas, toalhas e baldinhos de criança na ânsia de construir castelos que mais lembravam uma montanha? Aquela cujos únicos sons eram as risadas, o som do mar, do vento e dos vendedores de dindim, picolé, água de coco e, no máximo, sanduíche natural (sem esquecer os vendedores de bronzeador - na época, ninguém se importava com raios UVA, UVB...) ?

Depois da tristeza, fui invadida pela raiva. Raiva de todas as autoridades. É tão difícil assim impedir que esgotos sejam despejados na areia da praia sem qualquer tratamento? Será que só vale brigar para que os "estrangeiros" não invadam Ponta Negra? E a degradação? E a condição sanitária? Onde estão as ONGs ambientais, o Ministério Público, a CAERN, o Papa?

Raiva também de nós mesmos, que temos um espírito de porco forte. Basta andar no trânsito com um pouco mais de atenção para presenciar o arremesso de sacos, papeis, latas, restos de comida pelas janelas de ônibus, carros (inclusive os tidos como de luxo), ou mesmo por pedestres. Que sanha sujismunda é essa? Pelo amor de Deus!

Terminei minha caminhada convicta de que vai demorar mais uns cinco anos para eu ter coragem de voltar a Ponta Negra. Será que ela resistirá até lá?

terça-feira, 12 de julho de 2011

A mudança no América

Sei que é cedo para falar, mas o América mudou e muito com a chegada de Flávio Araújo. O clima entre os jogadores é outro. Basta conferir entrevistas como a de André Neles ao Jogo Aberto e Ação, da Band Natal, em que ele categoricamente afirmou que a direção errou ao trazer Francisco Diá.

Além disso, a constatação de que o trabalho não estava evoluindo também mexeu com o elenco, que já começa a sofrer modificações. Chegou Wanderlei, artilheiro do cearense deste ano. Alberto deve ser dispensado. Fabiano Paredão voltou. O bom Thiago Passos deve deixar o CT americano. O reserva do reserva Elyeser também já se foi.

Fabiano já chegou rasgando elogios a Flávio Araújo, com quem trabalhou no primeiro semestre no Fortaleza. O mesmo de diga de André Neles, que também trabalhou anteriormente com ele, mas no Icasa , na Série B 2010.

A opinião de dois líderes respeitados pela torcida tem peso. E como! Mas é dentro de campo que a análise é mais importante. E aqui posso meter o bedelho. Assisti a um coletivo (isso mesmo: apenas um) comandado por Flávio Araújo. Nos primeiros 10 minutos, um certo equilíbrio. Passado este tempo, o time titular massacrou o time reserva. 3x0 sem que o goleiro titular Sílvio houvesse realizado qualquer defesa estupenda. Já o reserva Thiago Passos foi o destaque do time B.

O time mostrou domínio de bola, velocidade quando preciso e até entrosamento. Inicialmente achei o Rodrigão fraquíssimo. Passados 10 minutos, ele já era destaque da zaga, tanto na defesa, como nos avanços pela lateral. Fernando, volante, é de uma mobilidade impressionante. Muito ágil na marcação sem ser violento. André Neles torna qualquer ataque fácil de acontecer. Faz o pivô divinamente e ainda é quase 100% nos chutes a gol. E o tal do Mazinho é chato de ser marcado. Foi o pulmão do time.

Tá difícil de saber quem entra e quem sai do time. Isso já é um bom sinal. Vejamos se o primeiro jogo treino de Flávio Araújo contra o Cruzeiro de Macaíba na quinta-feira, aniversário do Mecão, às 15h15, no CT, confirma as impressões.

domingo, 10 de julho de 2011

Um ídolo tem que se preocupar com sua imagem

A imagem é fundamental. Quem disser o contrário ou é hipócrita ou é doido. Seja quanto à estética, seja quanto à reputação, o fato é que faz parte de nossas preocupações diárias como os outros nos veem. Ou deveria fazer.

Como confiar numa nutricionista gorda, ou num cardiologista que fuma, ou num estilista que se veste muito mal? Não quero dizer que tais pessoas não saibam e muito de suas profissões, mas à primeira vista, temos certamente a impressão de que alguém não leva muito a sério os próprios conhecimentos. Fica difícil querer que os outros levem tais conhecimentos a sério.

Não poderia ser diferente com ídolos de qualquer espécie. Na música, no esporte, no cinema, na TV, até na literatura. É preciso responsabilidade com a imagem duramente construída e tão respeitada por fãs de todos os tipos.

Poderia citar mil exemplos de desleixo com a própria imagem de vários ídolos ao redor do mundo - desde casos de doping no esporte a engajamento em campanhas de produtos de qualidade duvidosa. Mas prefiro abordar um caso muito mais próximo da realidade do RN: Souza.

O cracaço natural de Itajá até já vestiu a camisa da seleção brasileira. Campeão brasileiro pelo Atlético-PR, campeão da Copa BR pelo Corinthians, cria do América. Sem clube, resolveu vestir a camisa rubra em 2006. Levou o América mais uma vez à Série A e, de quebra, foi eleito o melhor jogador da Série B daquele ano. Isso em vias de se aposentar.

Nem é preciso dizer da idolatria que lhe devota a torcida americana, basta citar as alcunhas que lhe foram direcionadas: o Rei, SHOWza, o melhor camisa 10 do Brasil...

No entanto, duas coincidências ameaçam ruir esta imagem. Duas desistências de jogar. As duas em condições bem semelhantes.

Em 2009, abandonou o futebol. Que época infeliz para fazer tal anúncio! Escolheu justamente o momento em que seu empresário/procurador/amigo Gilberto de Nadai deixava o América por perder a quebra de braço com o técnico Guilherme Macuglia, disciplinador convicto que nunca combinou com a malemolência que imperava (será que ainda impera?) no Mecão.

Resolve voltar em 2011. Anuncia no estadual, mas só retorna aos treinos depois da chegada ao CT americano de Francisco Diá pupilo/amigo de Gilberto de Nadai, por sua vez empresário/procurador/amigo do Rei. Pede paciência, afinal há muito tempo não treinava. Evolução lenta, mas bem avaliada pelos competentes preparadores físicos do América.

A nau de Diá começa a fazer água. Seus comandados só venceram a seleção de Itajá. A torcida, que já não ia com a sua cara, cobra a cada dia mais a sua saída. Nem os dirigentes confiam mais no trabalho de Diá. Este é demitido.

E por essas estranhas coincidências da vida, Souza anuncia que não vai mais jogar futebol. Muitas dores. Até uma hérnia de disco foi alegada. Sem maiores cerimônias, o Rei vai embora. Agora os questionamentos já encontram um eco bem maior do que em 2009: ele teria saído porque Diá fora demitido?

Obviamente, SHOWza negou tais elucubrações. Mas não convenceu. Não convenceu porque seu timing foi mais uma vez desafortunado. Cabia aos profissionais que trabalham com o Rei, ou até mesmo a seus amigos da imprensa que certamente entendem do assunto, aconselhá-lo a não tomar tais decisões assim, no olho do furacão. O futebol é apaixonante, mas, como tal, também prega peças. E uma imagem idolatrada por tudo o que já foi feito dentro de campo, pode ficar definitivamente arranhada por acontecimentos fora dele.

Tal qual a mulher de César, é preciso não apenas ser honesto, mas fundamentalmente parecer honesto. Espero que o Rei tenha melhor sorte em suas próximas empreitadas, e na escolha do momento para anunciá-las.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um semestre já se foi.

Clichê, lugar comum, whatever. Este ano voou. O primeiro semestre acabou na virada da última sexta-feira para o sábado. E quando abrirmos os olhos novamente, já estaremos às voltas com as compras para o Natal (em família ou não).

Não sei porque temos esta sensação de que os anos passam cada vez mais rapidamente. 2011 já passou da metade e mal comemoramos o Carnaval... Um dia desses estávamos todos desejando feliz ano novo e com aquela boa sensação de que tudo iria mudar em 2011. Mudou?

Bem, posso falar por mim. Continuo na batalha para retomar a atividade física. Pelo menos saí do zero para 2 vezes por semana, o que é péssimo para o coração. Mas fazer o quê? O universo parece conspirar para que eu não retome a corrida diária, que nem sei mais quando parei! É mudança de horário de aula, processos repetitivos, batida de carro... Ufa! Mas eu vou conseguir. Pelo menos é o que espero.

Já me programei para voltar à musculação hoje também. Perdi as contas de quantas vezes programei esta volta. Perdi as contas de quantas vezes voltei e parei na mesma semana e de quantas vezes nem cheguei a voltar.

Pelo menos retomei os estudos jurídicos. Isso sim tá no prazo. Terminei a faculdade, 4-5 anos depois fiz especialização, e agora estou pensando em fazer mestrado. Talvez um concurso.

Também já consegui não ser tão gastadeira. O bolso agradece. Mas os gastos extras necessários aumentaram. Imaginem se eu ainda fosse tão mão aberta...

E aquelas resoluções de fim-de-ano? Na verdade, são de todo fim-de-ano. Emagrecer, comprar um carro, uma casa, estudar, arranjar novo emprego... A lista é infinita e sempre adaptada aos desejos de cada um. Em que momento elas se perdem no novo ano? O primeiro semestre já acabou!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O STF na crista da onda

Pode ter sido a instituição do Conselho Nacional de Justiça. Podem ter sido os embates com Lula em seu primeiro mandato. Pode ter sido a instituição da súmula vinculante e/ou da repercussão geral das matérias a serem levadas à nossa suprema corte. Ou até mesmo chá de semancol. O fato é que o STF acordou de uma profunda letargia.

De 2010 para cá, o STF julgou casos de grande relevância à democracia brasileira de forma surpreendentemente célere e satisfazendo os anseios de nossa nação.

Cassação de refúgio político dado inusitadamente a um terrorista italiano, reconhecimento da união estável e seus efeitos patrimoniais entre pessoas do mesmo sexo, confirmação da liberdade de manifestação do pensamento e de reunião em prol da legalização de uso de entorpecentes, como a famosa "Marcha da Maconha".

É de impressionar o ritmo de decisões relevantes do Supremo Tribunal Federal, finalmente confirmando a Constituição Federal de nosso país como um dos mais avançados documentos constitucionais do mundo em defesa da real democracia.

Enfim, o Poder Judiciário caminha definitivamente para se reencontrar com a nação brasileira.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sugestão de artigo a respeito da pirataria

Publico a ótima sugestão de Rodrigo Freire a respeito de artigo do Estadão sobre a pirataria. Não deixem de ler! Tudo a ver com o tópico "E a ilegalidade vence mais uma."

quarta-feira, 8 de junho de 2011

E a ilegalidade vence mais uma...

Não sei o porquê de a mentalidade do brasileiro ser voltada para achar que há crimes e crimes. Logicamente, o crime dos "outros" é sempre terrível. O indivíduo tende a minimizar as suas próprias práticas criminosas e imaginar que não há mal algum naquilo.

Não sou socióloga nem psicóloga ou antropóloga. Mas sou observadora e, claro, estudei História, tanto a mundial como a brasileira. Penso que tudo começou com o fato de que, na época da colonização, Portugal era uma monarquia, e como toda infração era crime contra a figura do Rei... tchan, tchan... infringia-se a lei como forma de repúdio.

Até mesmo na ditadura (já nasci nos últimos anos de ferro, mas tenho boa memória). Lembro-me que havia um bordão muito repetido por programas de comédia, tipo Os Trapalhões, e ecoado pela população em geral: "quebra que o governo paga." Basta averiguar o cuidado que as pessoas que usufruem do patrimônio público (escolas, hospitais, praças...) tem para com ele para saber o quanto essa mentalidade é forte no brasileiro.

Existe coisa mais ridícula do que sermos um país onde há leis que pegam e outras que não pegam? Ou da famosa lei de Gerson (ex-jogador da seleção brasileira na década de 60), exibida em propaganda de cigarros ("você gosta de levar vantagem em tudo, certo?) ?

Se você concordou com tudo até agora, prepare-se porque provavelmente esta vai lhe atingir: pirataria. Produtos contrabandeados, em flagrante atentado aos direitos autorais, que passam longe da arrecadação de tributos - único sustentáculo para as atividades do Estado (pagamento de funcionalismo - sim, você ou algum parente ou amigo recebe dinheiro porque os tributos são arrecadados; prestação de serviços essenciais; distribuição de Bolsa Família...).

Os produtos piratas rasgam o ordenamento de um país de ponta à ponta. De uma só vez, temos infrações tributárias, trabalhistas, de direitos autorais e mesmo criminais. Sim, porque não é de hoje que os produtos piratas se prestam a financiar uma imensa cadeia criminosa.

Mas são tão baratinhos! Bote na balança o que causam de prejuízo à sociedade e saberemos o custo final que pagamos. Afinal, pagamos escola duas vezes, hospitais e médicos duas vezes, transporte duas vezes, etc. Uma através dos tributos, outra quando contratamos os mesmos serviços a um prestador privado. Por que não pagar ainda mais por tudo isso e economizar uns trocados no filme/cd ali na esquina?

O desemprego que atinge a indústria cultural não é brincadeira. Evoluímos tanto em tecnologia que voltamos à Idade Média!!! Naquela época, os artistas (especialmente músicos) se apresentavam de castelo em castelo para divulgar sua música e conseguir sua sobrevivência com os parcos recebíveis. Hoje, o artista que não tiver uma agenda lotada de shows bem sabe o que é ter de encarar sua profissão como mero bico, sob pena de passar fome.

Aqui em Natal, um ramo está ameaçado de extinção: o das locadoras. Precisei alugar um filme nesta segunda-feira e passei por um suplício: a minha locadora oficial (Yellow Video) não aluga mais. Só vende. Vai fechar. "É o fim do mundo", pensei. E é mesmo. Voltamos à era das cavernas, onde não há lei, e sim o domínio do mais forte. Depois reclamamos que a criminalidade impera nas ruas. Claro que sim! E damos apoio a ela diariamente. Viva o Brasil, país das leis que pegam e das muitas leis que não pegam!!!

domingo, 5 de junho de 2011

Por que recomeçar é tão difícil?

Certamente a maioria das pessoas já percebeu o trabalho que dá recomeçar alguma coisa. Não sei se o motivo que nos levou a parar/interromper alguma atividade na vida é responsável por parecer que as barreiras serão intransponíveis na nova tentativa, como se aquele motivo estivesse a martelar "vai tentar de novo? E não sabe que vai dar errado exatamente como já deu?"

O fato é que parece ser bem mais interessante começar algo totalmente inovador do que retomar algo que por algum motivo fracassou. A experiência adquirida, ao invés de servir de norteador, impele-nos a fugir de um novo fracasso. Vá entender!

No entanto, é preciso recomeçar/retomar projetos. Deixar as desculpas e neuras de lado e partir para a conclusão do que não foi encerrado anteriormente, mas que requer uma finalização.

E hoje, domingo, é o dia internacional de se projetar a retomada de atividades, quaisquer que sejam elas. Afinal, a segunda-feira é o dia perfeito para o reínicio. Não é mesmo sedentários e furadores de dieta? Mãos à obra, então!