quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Onde está a Ponta Negra de outrora?

Já deveria ter escrito alguma coisa a respeito há mais tempo, mas, claro, faltou tempo. Resolvi que nestas meias-férias (meias porque só uma profissão me deu algum descanso; a outra aproveitou p/ aumentar a demanda) iria tirar alguns dias pela manhã para caminhar na praia de Ponta Negra. Há muito tempo não caminhava por lá. Penso até que já fazia uns 5 anos da última tentativa.

É possível imaginar a minha tristeza. Estacionamento difícil, mesmo tendo escolhido uma segunda-feira. Achei uma vaguinha. Mal desci do carro, um homem se aproximou e disparou: "quer um guarda-sol e três cadeiras?" Nem processei direito a pergunta e ele já me deu o preço: "Faço 8 reais para você". Disse-lhe que iria pensar, já que queria mesmo era caminhar inicialmente. Olhei para mamãe para saber se ela iria sentar... nem me respondeu. Gastar dinheiro não é com ela.

Àquela altura, já estávamos na areia da praia. Tentei localizar um local para mamãe ficar na areia. Quase impossível. Tudo loteado pelos proprietários (?!) dos guarda-sóis e cadeiras e mesas. Os poucos espaços vazios ou já haviam sido ocupados pela maré ou - eis a maior tristeza - pelo esgoto.

O fedor em alguns trechos era insuportável, como se uma fossa estivesse a céu aberto. Mas estava mesmo. Vários trechos de água escura e fétida contaminando a areia e que chegavam até o mar.

Aquilo me deu uma tristeza... Onde está a Ponta Negra de outrora? Aquela em que podíamos tomar banho sem medo de uma infecção? Aquela em que a areia era tomada por famílias com suas cangas, toalhas e baldinhos de criança na ânsia de construir castelos que mais lembravam uma montanha? Aquela cujos únicos sons eram as risadas, o som do mar, do vento e dos vendedores de dindim, picolé, água de coco e, no máximo, sanduíche natural (sem esquecer os vendedores de bronzeador - na época, ninguém se importava com raios UVA, UVB...) ?

Depois da tristeza, fui invadida pela raiva. Raiva de todas as autoridades. É tão difícil assim impedir que esgotos sejam despejados na areia da praia sem qualquer tratamento? Será que só vale brigar para que os "estrangeiros" não invadam Ponta Negra? E a degradação? E a condição sanitária? Onde estão as ONGs ambientais, o Ministério Público, a CAERN, o Papa?

Raiva também de nós mesmos, que temos um espírito de porco forte. Basta andar no trânsito com um pouco mais de atenção para presenciar o arremesso de sacos, papeis, latas, restos de comida pelas janelas de ônibus, carros (inclusive os tidos como de luxo), ou mesmo por pedestres. Que sanha sujismunda é essa? Pelo amor de Deus!

Terminei minha caminhada convicta de que vai demorar mais uns cinco anos para eu ter coragem de voltar a Ponta Negra. Será que ela resistirá até lá?

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