sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Não aguento mais greves!

Não aguento mesmo! Todo ano é a mesma ladainha: greve de professores, de médicos, de profissionais da saúde, de policiais civis, de funcionários dos Correios, dos bancos... A lista é quase infinita. 

A greve sempre foi definida historicamente como um recurso extremo, quando não há mais possibilidade de negociar. Mas é claro que isso não se aplica ao Brasil. O país do jeitinho deu um jeitinho até na greve. Queremos negociar? Vamos logo começar paralisando tudo! Fazemos beicinho por no mínimo 30 dias, jogamos um milhão de propostas para que a população acredite que não queremos apenas um índice salarial melhor, mas também a melhoria do serviço prestado ao público, e fazemos algumas faixas criticando os "donos do capital".

Dos funcionários que entram em greve, talvez 5% compareçam a reuniões e protestos do movimento. O resto... bem, o resto tem mais o que fazer. A praia é sempre uma boa opção nos dias úteis. Sabe como é, né? Pouco movimento, já que os pobres mortais estão trabalhando no horário, mais vagas para estacionar...

É um bom negócio entrar em greve. Os dias parados nem são cortados nem influenciam no sagrado período de férias. É receber para relaxar. E ainda dá aquela impressão de que todos estamos na luta por um Brasil melhor. Ã-hã...sei...

Vamos logo esclarecendo a função de um sindicato. Não, não é lutar por um Brasil melhor, como inocentes ainda acreditam. A função - nobre, diga-se de passagem - de um sindicato é defender os interesses da categoria que ele representa. Daí a isso representar um Brasil melhor há uma certa distância. O fato, por exemplo, de um carteiro querer receber uma gratificação de 20% pode não ter qualquer relação com a entrega em dia das correspondências no Brasil. 

Se você ainda duvida que a função de um sindicato é defender os interesses da categoria, seja isso de ou ao encontro dos interesses do Brasil, transcrevo o art. 511 da CLT:

"Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação de seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, agentes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividade ou profissões similares ou conexas."

Ainda não se convenceu? Então preste atenção na pauta de reivindicações das greves que ainda estão por vir. Elas começarão com uma infinidade de itens, que certamente incluirão a melhoria do serviço prestado ao público, mas a negociação só empancará mesmo no índice de reajuste salarial. Se de 50 itens, forem concedidos 49, mas o índice não for o pleiteado, a greve continua. Se ocorrer exatamente o contrário, a greve acaba.

Enquanto isso, eu, você e outros, que estamos sujeitos aos humores das intrigas políticas dentro dos sindicatos, ficamos sem escola, sem atendimento médico, sem segurança, sem correspondência, sem isso, sem aquilo... E ainda temos de aguentar a balela de que tudo é em nosso interesse, já que o serviço que nos é prestado vai melhorar com o atendimento daquelas reivindicações. É demais para mim!

Na próxima leva de greves (a dos bancários, dizem, já está agendada para o dia 22), acorde para a realidade: sua vida só mudará durante a greve. Para pior. Depois, tudo continuará na mesma. Mas a felicidade reinará no mundo dos sindicatos, que terão provado mais uma vez a sua essencialidade na luta por um Brasil melhor, não é mesmo?

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