domingo, 29 de maio de 2016

Contra o preconceito, dados

Charge de Brum, TN de ontem

Ontem a Tribuna do Norte trouxe em sua capa a matéria #PeloFimDaCulturaDoEstupro. Nela, a foto de uma mulher agredida e os seguintes dados: 1.472 denúncias de violência sexual no RN nos últimos 4 anos, 60% das vítimas têm idade entre 12 e 17 anos, 90% são meninas e 52% dos crimes são cometidos por parentes.

São dados estarrecedores. Na matéria, descobrimos dados de 2015: 40% das vítimas têm entre 0 e 11 anos de idade, 52% dos casos são classificados como intrafamiliares, 88% dos agressores são do sexo masculino.

Esses são os números que chegaram até as delegacias. Quantos não ficaram pelo caminho porque a vítima teme ser estigmatizada? Infelizmente, ainda encontramos pessoas que reproduzem um mantra inaceitável de que a culpa é da vítima por N motivos. Não é. Os dados comprovam que não há roupa, não há horário, não há local, o que há são estupradores. Se assim não fosse, como justificar que a maioria dos estupros ocorra em ambiente familiar?

Há uma tendência em nossa sociedade de ver os bandidos como coitadinhos que não resistiram a uma oportunidade, e não me refiro a crimes sexuais apenas. Levaram seu celular? Que bobeira a sua de querer usar seu aparelho no meio da rua! Furtaram seu carro? Quem mandou dirigir sem atenção aos arredores! 

Chega! Os errados são os criminosos. Ponto. A lei existe para todos. A decisão é sua de respeitar ou infringir. Não é a vítima que forma o criminoso, mas este é quem tem o total controle sobre se vai seguir como cidadão exemplar ou vai embrenhar pelo submundo do crime, seja ele de que natureza for.

Vamos parar com essa ladainha sem sustentação de que a culpa é da vítima. Não é. Os dados comprovam. Precisamos evoluir como sociedade e um dos passos para tanto é colocar as coisas no seus devidos lugares. Vamos acabar com esse culto ao crime. Errado é quem não respeita a lei. Simples assim.

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