A estupidez humana é um perigoso gatilho para a violência. Agora acrescente um ambiente em que qualquer um pode comprar a arma que quiser (inclusive armas de uso militar) e na quantidade que quiser - aliás, infelizmente, sonho de uma parte barulhenta de brasileiros. Pronto. Eis as condições perfeitas para os massacres que vemos repetidas vezes nos Estados Unidos.
A cada tragédia, um novo recorde de vítimas. Corremos o terrível risco de nem nos chocarmos mais. Não podemos, nem devemos.
A CNN publicou carta de um sobrevivente - Brandon J. Wolf - do massacre da boate Pulse em Orlando para os sobreviventes deste massacre do festival em Las Vegas. Mais do que números, devemos reparar mais no lado humano mesmo desses acontecimentos. Assim, segue uma tradução livre:
"De novo.
Eu não tinha ideia do que estava acontecendo de início quando fui sacudido da cama na segunda de manhã por ligações, mensagens de texto e postagens frenéticas. Mas logo essas palavras 'de novo' ficaram martelando na minha cabeça. E voltei a pensar nas ligações perdidas, nas mensagens de texto frenéticas e nas atualizações de status do Facebook dos amigos encurralados. E pensei "Está acontecendo de novo em Las Vegas.".
16 meses atrás, essas postagens eram minhas. "Escondido no banheiro. Não consigo encontrar meus amigos.", escrevi. E agora pelo menos 58 pessoas estão mortas e mais de 500 feridas em Las Vegas, depois de um ataque a tiros num festival de música country.
E embora mais de um ano tenha se passado desde o ataque a tiros à boate Pulse em Orlando, onde 49 pessoas morreram, inclusive meu melhor amigo, esse novo horror em Las Vegas me trouxe de volta aquela mesma sensação de pavor. Posso sentir a dor nas histórias dos sobreviventes. Me dói o pesar das mães e dos pais esperando notícias de seus filhos. Posso lembrar da cobertura incessante da mídia.
Eu tento esquecer a espera para ver o nome e a foto do meu melhor amigo numa lista de vítimas. Hoje, todo esse terror está de volta.
A comunidade de Orlando sofre hoje por Las Vegas e por nós mesmos. Uma ferida que mal tinha começado a sarar foi rasgada e exposta novamente por um homem aparentemente armado como um soldado. Exatamente como foi há muitos meses, a violência causada por armas rasga as costuras deste país. E isso é intensamente sentido por todos os que foram atingidos pelo massacre da boate Pulse.
Para as pessoas atingidas em Las Vegas: amamos vocês. Eu amo vocês. Se aprendi alguma lição nesta estrada escura da recuperação de um ataque em massa, é que todos nós precisamos de amor mais do que gostaríamos de admitir. Fiquem juntos. Deem-se os braços. Abracem. E saibam que enquanto vocês começam o trabalho de fechar uma ferida profunda, Orlando está ao seu lado.
Aos meus amigos e vizinhos em Orlando eu peço que se engajem em cuidado próprio. Tirem pausa da cobertura. Parem de atualizar a timeline do Twitter hoje. Visitem um conselheiro. Cerquem-se do amor e do calor afetuoso que os protegeram no dia logo após o ataque. Hoje é um dia para fortalecer a alma; nossos irmãos e irmãs de Las Vegas vão precisar de ombros fortes para apoiá-los.
E para o país: fique farto disso. Exija que algo seja feito para salvar nossas vizinhanças. Quando será o bastante? Quando chegar ao nosso quintal? Quando você acordar com mensagens de texto frenéticas de medo? Quando for a foto do seu irmão te assombrando na tela da TV? Enquanto esta comunidade se recupera, envie seus pensamentos e orações. E quando tiver terminado de rezar ajoelhado, levante-se pronto para lutar. Exatamente como fiz no ano passado, as pessoas de Las Vegas precisam de atitude agora. Precisam de mudança. Precisam de um país onde nós estejamos ao seu lado protestando nas ruas e nos recusemos a nos curvar diante do ódio."
O problema não é o cidadão de bem andar armado, e sim os bandidos, o cidadão de bem pode até ter metralhadoras canhões e não vai ter nenhum perigo. Agora, se o cara for um doente,neurótico de guerra, aí pode até complicar.
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