segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Como afundar um clube

Esse bem que poderia ser o título de reportagem do blog Bastidores FC, do Globoesporte.com, sobre resultados de pesquisa realizada pelo programa Gestão de Campeão, da Ambev em parceria com a Ernst & Young, que premia clubes que tenham as melhores práticas de gestão no futebol brasileiro.

O universo pesquisado foram os clubes com destaque no futebol nacional, a saber, Atlético-MG, Ceará, Coritiba, Cruzeiro, Fortaleza, Fluminense, Goiás, Juventude e Vitória. Também estavam incluídos na listagem Atlético-GO, Bahia, Botafogo, Grêmio, Internacional e São Paulo, mas todos abandonaram o programa antes da realização da pesquisa.

Na primeira rodada de avaliação (haverá outras), os seguintes resultados foram apontados, conforme exato relato da reportagem:

  • quase 80%  dos diretores de futebol não acompanham os treinos dos times profissionais e de base;
  • 71% não têm metas de gestão formalmente documentadas;
  • nenhum clube faz acompanhamento formal das metas estipuladas;
  • 86% não têm estruturas de cargos e salários definidos;
  • 93% não têm regras para despesas de viagem, hospedagem e alimentação;
  • 39% não fazem controle das despesas de água e energia elétrica;
  • 50% dos clubes não têm política de benefícios (vale-refeição, plano de saúde, etc.) para funcionários;
  • nenhum clube faz pesquisa de satisfação entre seus funcionários;
  • 64% dos clubes não fazem planejamento anual de marketing com metas definidas;
  • 57% não realizam pesquisas que orientem a atuação do departamento de marketing;
  • 57% dos clubes não acompanham o desempenho escolar de seus atletas das categorias de base;
  • 79% não oferecem cursos de idioma para os jogadores da base;
  • 64% não oferecem apoio psicológico para os jogadores da base;
  • 93% dos clubes não dispõem de dados demográficos detalhados sobre seus sócios-torcedores.
Se considerarmos que esse é o retrato dos clubes de mais destaque, já podemos ficar horrorizados só de imaginar o quadro do restante dos clubes do futebol brasileiro, especialmente os daqui do Rio Grande do Norte.

Fred Fontes, gerente de marketing esportivo da Ambev, expressou a surpresa: "Esperávamos que alguns pilares, como sócio-torcedor, estivessem mais organizados, com gestão mais avançada. Mas estamos confiantes de que nas próximas rodadas de avaliação os resultados vão estar num patamar bem mais alto."

Esse também foi o tom de Gustavo Hazan, gerente-sênior de consultoria da Ernst & Young: "Nós ficamos alarmados com o primeiro resultado. Mas percebemos também que muitos clubes estão reagindo de maneira consistente a este primeiro diagnóstico."

Vejam que, dentre as medidas, há algumas simples de serem adotadas, básicas mesmo de qualquer pessoa que tenha que administrar um orçamento doméstico, como controlar as despesas de água e energia elétrica!

E sobre a falta de dados mais precisos sobre sócios-torcedores, já falei que os clubes não conhecem seus sócios e nem o público que frequenta suas partidas. A Federação Norte-rio-grandense de Futebol também não se interessa por fazer um estudo, talvez em parceria com universidades ou centros universitários daqui, a respeito do que leva uma pessoa a ir ou não ir ao estádio para acompanhar um clube do RN durante o estadual, por exemplo.

Enfim, falta muito. Mas a listagem acima serve de diagnóstico antecipado do que leva um clube ao fundo do poço. E olha que faltam muitos e muitos itens nessa lista...


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