sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Não dá

Quando a manutenção de Leandro Campos foi anunciada, o que mais me preocupava era se o treinador teria condições de mostrar alguma evolução em seu jeito de ver o futebol. O benefício da dúvida ainda me fazia pelo menos imaginar que um melhor conhecimento do elenco poderia transformá-lo num treinador com o famoso toque de Midas nas substituições.

A escalação de Pardal como 9 e o afastamento de Tadeu me iludiram. A volta de Tadeu num gramado ruim também. Mas a escalação dele na Arena contra o Santa Cruz mostrou o quanto eu estava enganada.

O América já entrou com um a menos. Tadeu é aquele jogador com quem ninguém toca a bola sob pena de sofrer um contra-ataque se o fizer. E quando alguma bola chega nele, adeus ataque. É assim em 99% das vezes. Foi  assim no ano passado. E é com um jogador desse, xodó de Leandro Campos, que o América entrou em campo para enfrentar uma senhora retranca.

Precisando empatar após o desastre de mil erros do 1.° gol do Santa Cruz, o América de Leandro Campos voltou para o 2.° tempo com a mesmíssima equipe. Apenas depois de 15 minutos, num velho cacoete dos técnicos brasileiros, veio a substituição. Nem pensar em sacar apenas Tadeu para a entrada de Mateusinho. Foi preciso tirar Janderson, um volante, para colocar Mateusinho, e tirar Tadeu para colocar mais um atacante pesadão, Betinho.

Numa repetição de Juazeirense 3x0 América e Tubarão 2x0 América, quando a casa americana cai, ela cai de vez e sem qualquer chance de reação. Não há evolução neste sentido, o que é muito preocupante, considerando-se que o que a torcida americana mais almeja é a saída do inferno da D em busca do purgatório da C, e, para tanto, é preciso passar por eliminatórias. E nessa situação, um tropeço joga a temporada inteira fora. 

Sobre o elenco, a mesmice de substituições faz até pensar que o América não tem muito mais do que 15, 16 jogadores. Veja-se que hoje Janderson começou até bem, mas à medida que o tempo foi passando, a falta de ritmo de jogo foi pesando para quem só entrou em campo nesta temporada - desde quando o Jacobina foi eliminado - no domingo passado por apenas 20, 25 minutos.

Para piorar, o América levou um massacrante 3x0 dentro da Arena, como há muito não se via. Acho que só o Fluminense de 2014 conseguiu tal façanha. 

Claro que ainda falta o resto da rodada, que futebol é uma caixinha de surpresas, que ainda há a última rodada, etc, etc. Mas ainda que o América, num verdadeiro milagre, leve o 1.° turno que entregou hoje de mão beijada ao rival ABC, isso não apagará a rua sem saída que o trabalho do técnico Leandro Campos demonstrou ser nos momentos cruciais das competições em que o América tomou parte sob seu comando. Quando escala errado, demora muito a corrigir - isso se corrigir, o que não ocorreu hoje. Nesse meio tempo, o adversário já deitou e rolou.

Tirar o máximo de um elenco formado em sua maioria por formiguinhas requer conhecimento de elenco, coragem tática, dentre outras coisas. A Leandro foi dado em termos de suporte o que outros técnicos em divisões superiores não tiveram no América. Logo, não adianta insistir quando o muro se ergueu bem à frente.

Por tudo isso, e deixando absolutamente de lado todo o passado do treinador, mesmo que ele ainda não tenha sido digerido por alguns torcedores, afirmo sem medo que o América deve começar a estudar o nome de seu próximo treinador. Mas estudar mesmo. Pesar prós e contras. Contratar com convicção. E claro que uma avaliação de elenco deve ser posta em curso por este novo treinador ainda neste estadual. Porque, quando ele terminar, o espaço para manobras será muito pequeno.

Talvez seja o caso de olhar a oportunidade que o destino deu de um treinador barato, formado na casa americana e que foi bem sucedido no ano passado justamente onde o América falhou. Sim, falo de Luizinho Lopes, que subiu com o Globo e chegou à final da Série D 17 batendo aquela mesma Juazeirense que o América nem mesmo em casa conseguiu superar. Parece uma aposta (tudo é aposta no futebol) óbvia, pelo menos para mim. Mas vai saber o que se passa em cabeça de dirigente, né?

Errar é humano, mas permanecer no erro... Definitivamente, não dá.

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