De uns tempos para cá, especialmente desde a candidatura de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, já ouvimos muito falar em fake news, ou notícias falsas, que têm dois principais intuitos: enriquecer sites que vive de cliques ou enaltecer/destruir determinadas reputações. Mas por que essas danadinhas seguem livres, leves e soltas se o cidadão normal em sã consciência propagaria jamais propagaria algo gritantemente falso? Shyam Sundar, diretor do laboratório de pesquisa em mídias sociais da Universidade do Estado da Pensilvânia, esclareceu isso e outros detalhes a respeito do poder de atração das notícias falsas em entrevista publicada em Veja (17/01/18, páginas 50-1):
Por que as pessoas acreditam em fake news?
Por causa de um fenômeno psicológico chamado "viés da confirmação". Temos uma tendência inata a acreditar em informações que confirmam ou correspondem melhor às nossas crenças e concepções. Da mesma forma, temos uma propensão a descartar tudo o que contradiz nossa visão de mundo. Isso acontece porque buscamos satisfazer determinadas necessidades perceptivas em vez de avaliar objetivamente a veracidade das informações. Os consumidores de notícias não agem como jornalistas e cientistas. Eles não procuram deliberadamente pontos de visa alternativos. Eles são impulsionados pelo desejo de preservar seu ego, o que significa que eles tenderão a acreditar em coisas que se adaptam às suas convicções anteriores.
Por que as pessoas tendem a ser menos céticas diante de notícias on-line?
Nossos filtros cognitivos se enfraquecem quando deparamos com notícias que surgem em nossas redes sociais. Isso ocorre porque elas são espaços íntimos que refletem a nossa identidade e nos quais estamos cercados por amigos e seguidores, que consideramos sempre bem-intencionados. Acabamos atraídos por um falso senso de credibilidade. Então, baixamos a guarda e nos deixamos persuadir por histórias compartilhadas por pessoas próximas sem parar para pensar que elas não são os indivíduos mais capacitados e treinados nem têm os recursos necessários para verificar as notícias antes de encaminhá-las. Antes, as fontes de informação vinham da academia e dos veículos de comunicação. Hoje, vêm de todos nós, os leigos.
Por que notícias falsas viralizam mais do que as reais?
Elas geralmente vêm com títulos sensacionalistas que mexem com o emocional das pessoas e são projetadas como iscas de cliques. Também proliferam de maneira muito mais rápida do que as agências de checagem de fatos conseguem verificar, como uma espécie de vírus com alto poder de propagação. Por último, elas já nascem no ambiente das redes sociais, diferentemente das reportagens tradicionais, publicadas antes em veículos da mídia profissional.
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