Repetição do padrão

Se dentro de campo, parece (eu disse "parece") que o América de 2017 aprendeu com os erros, uma vez que temos mudanças na diretoria, planejamento feito por quem entende do negócio, dentre outras medidas, fora de campo o que temos é a repetição do padrão "improviso até o último minuto".

De 2015 para 2016, foram tantos pronunciamentos referentes ao programa de sócios - que teríamos uma categoria feminina, encontros mensais com o presidente, isso e aquilo outro - e já sabemos o que houve de fato: a diretoria trocou sem mais nem menos o mando de campo de Natal para Goianinha, de uma arena de primeiro mundo para um gramado sem a menor semelhança com o que se viu em 2011, 2012 e 2013. E os sócios? Estes tinham e têm o sagrado direito de pagar e só. Nem respeito, nem voto, nem nada.

Preparação para 2017. O presidente anunciou que o elenco começaria os trabalhos em 12 de dezembro. Com a antecipação do estadual, nada mais justo que houvesse antecipação também da pré-temporada. O América alardeou que o elenco se apresentaria para treinos no CT no dia 05/12 e no dia seguinte teríamos uma apresentação oficial na Arena das Dunas. Nada de sede social, como tradicionalmente ocorria. 

Depois, o acesso, que seria gratuito para o sócio, já teria outras condições. No caso do sócio, somente os 300 primeiros a chegar à Arena teriam acesso. Os outros, inclusive os não-sócios, teriam que adquirir 10 apostas da Timemania com o América-RN como time do coração para acesso. Mas somente os 200 primeiros teriam acesso assim.

"Uau! Vagas limitadas. Deve ser um super evento!", pensei. Dezembro chegou e o América mudou de novo a programação. Nada de CT no dia 05 - tudo ficaria para a Arena no dia seguinte. Aí mudou de novo faltando 3 dias: agora era só um treino oficial. Nem todo mundo ficou sabendo. Aliás, era bem provável que os 200 já tivessem adquirido as apostas para acesso a um evento, que depois virou outro.

Pelos vídeos divulgados do evento, pouquissimos gatos pingados acompanharam o tal 1.º treino oficial: não dava para lotar um circular da UFRN. Absolutamente esperado, vez que evento às 15h é mesmo impeditivo para quem trabalha no horário comercial. Também não houve nada de superprodução: os jogadores iam gritando seus próprios nomes para as testemunhas da arquibancada.

À noite, o presidente Beto Santos no Twitter (Beto Santos anuncia nova apresentação) anunciou que haveria uma verdadeira apresentação oficial do clube em 20/12. Tudo no mesmo padrão: detalhes só depois. Eu diria até só em cima da hora, porque tudo pode mudar com o sopro do vento, não é mesmo?

Pois bem. Hoje de manhã o Vermelho de Paixão trouxe a notícia de que os torcedores que foram ao evento não ficaram nada satisfeitos com o que viram, vez que parecia que tudo estava mais voltado para a imprensa do que para os americanos, que tiveram que ficar na arquibancada. Segundo a postagem, as reclamações foram muitas e a diretoria resolveu partir para um novo evento. Nele haverá o lançamento do programa de sócios para 2017.

Infelizmente, já sabemos o que esperar: tudo e nada. Como sempre, não há detalhes antecipados. Quando houver tais detalhes, podemos esperar que não vão refletir com acuidade o que ocorrerá na data. E ainda que sejam a mais pura exatidão de fatos, eles poderão ser modificados a qualquer tempo. Pelo menos esse foi o recado dessa gestão desde o fim de 2015 e que persiste no fim de 2016.

O que não dá para aceitar é que se pregue que os erros serviram de lição e se insista no desrespeito ao maior patrimônio de um clube: sua torcida. No caso dessa apresentação, nem é preciso superprodução, mas tão somente algo condizente com a expectativa criada e com os anúncios feitos pelo clube. 

Aos que fazem o América fica o meu apelo: não anunciem o que não sabem se podem cumprir. Isso afasta o torcedor e, principalmente, espanta os bravos que ainda resistem como sócios. Já temos os políticos para nos fazer raiva diariamente nesse quesito. Não permitam que um clube centenário tido como Orgulho do RN siga esse padrão.