Fatos recentes mostram que Natal está abandonada. Aliás, o Rio Grande do Norte. Não há segurança. Vivemos numa terra sem lei. Chegamos já ao estágio em que cidadãos de bem viram bandidos na tentativa de fazer justiça com as próprias mãos. Justiça não, vingança. Como a horrorosamente empreendida numa noite dessa semana, quando dois garotos assaltantes foram obrigados a correr nus e descalços por 6 quilômetros, um amarrado ao outro, para enfim serem forçados a pular da ponte de Igapó rumo à morte. Escaparam por pouco. Passaram 3 horas agarrados a uma pedra até serem resgatados por um pescador. Vejam bem: o bem vida dos garotos virou um nada perto dos possíveis bens materiais que levariam. Mais: nesse trajeto de 6 quilômetros numa das mais movimentadas vias de Natal, nenhuma viatura policial identificou a selvageria que quase todo mundo viu.
Moro no Mirassol. Dia sim, dia não chega uma notícia de assalto. Na minha rua, um vizinho já foi vitimado duas vezes, só para falar de quem se destaca no meio da insegurança. Certamente não é "privilégio" dele. Hoje à tarde uma mulher foi baleada numa tentativa de assalto por aqui. Os criminosos vinham tranquilamente a pé. Ela ainda conseguiu dirigir até a escola estadual para pedir socorro.
O Mirassol, antes tranquilo como uma cidade de interior, é apenas um pequeno retrato do que ocorre na cidade inteira.
Ainda hoje à tarde, outro relato de terror: uma agente do CDP de Candelária viu uma jovem e uma senhora muito nervosas procurando pela delegacia de plantão, que fica ali ao lado do CDP, na Prudente de Morais. Mas a delegacia de plantão só funciona depois das 18hs. Vejam por onde o descaso começa: uma delegacia de plantão na zona sul da cidade só funciona à noite!
A agente pergunta o que houve, achando que elas tivessem acabado de ser assaltadas e quisessem fazer um Boletim de Ocorrência. Uma delas respondeu que estavam no cruzamento da Av. da Integração com a Prudente quando perceberam uma situação estranha em uma caminhoneta ao lado: um cara encapuzado e de óculos escuros e uma moça ao seu lado. Ela ficou olhando e ele percebeu. Então ele abriu a porta pra ir em direção ao carro dela, mas ela conseguiu dar ré e pegar uma contramão. Felizmente, ela conseguiu pegar a placa do carro.
Com essas informações, a agente ligou para o CIOSP. Foram 10 minutos tentando ligar e nada. Os próprios policiais do CDP de Candelária pediram uma urgência pelo rádio, deixaram seus afazeres e saíram em diligência. A suspeita era de sequestro relâmpago porque o carro estava registrado como roubado na delegacia de Candelária.
As fugas de presídios potiguares neste ano já fazem parte de uma espécie de placar que é atualizado diariamente. Anteontem foram 4. Ontem mais 4. Já passam das 150.
Esse é o pequeno retrato dos últimos dias em Natal e no Rio Grande do Norte. Alguém ouviu alguma palavra do governador? Alguma viatura passando em ronda pela rua onde mora ou mesmo no seu deslocamento na cidade? Estamos entregues à sorte, ao azar, ao Deus dará, ou a qualquer coisa que o valha. Menos ao bom funcionamento de uma cidade sob os ditames da lei.
Voltamos ao velho oeste. Estou vendo a hora cada um comprar uma arma e sair fazendo a lei que bem entender. Coitados dos pobres e pretos: serão os primeiros a levarem os tiros de prevenção. Tudo será resolvido à bala. O mais forte sobreviverá.
Enquanto isso, os políticos estão pouco se lixando para o caos em que vivemos. Falta dinheiro para a segurança. Mas não falta dinheiro para a propaganda com musiquinha nova a cada intervalo na TV e no rádio. Talvez saia até uma nova revista em papel couché com 96 páginas de loas ao governo de Robinson Faria, como já saiu na Tribuna do Norte. Mas recursos para a segurança são minguados.
Os cidadãos de bem desta linda cidade pedem socorro. O RN clama por segurança.
Governador, se para Sua Excelência isso é apenas um detalhe, renuncie. Abra caminho para que alguém com força de vontade e capacidade enfrente a dura realidade, arregace as mangas e faça a lei ser respeitada nesta cidade e neste estado novamente. Tolerância zero é o recado desta população. Ou se monta agora uma operação com espírito de guerra, ou vamos voltar a viver como selvagens. Não podemos regredir assim.
Então, Governador, é isso: segurança já ou peça pra sair.
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