É costume falar do Congresso Nacional com uma indiferença enorme, como se os políticos que ali estão não houvessem sido eleitos para ali estar. Sim, os políticos não caem de paraquedas nos cargos em que estão. Cada um deles chegou aonde está com os votos dos cidadãos brasileiros.
O que se viu nessas sessões de discussão da admissibilidade do impeachment, especialmente a que começou na última sexta-feira, foi um verdadeiro festival de horrores: deputados com rojões de confetes e com celulares para selfies e vídeos ao vivo, cheios de adereços que os assemelhavam a torcedores de futebol, gritos, xingamentos, vias de fato, confusões, canções no lugar de discursos... A lista é enorme.
Mas a certeza que cresce em mim é que esse Congresso nos representa. Sim, é o retrato mais fiel da sociedade brasileira. Há honestos e desonestos. Há conscientes e inconscientes. Há brincalhões e sérios. Há os que gostam do seu trabalho e os que só pensam no dinheiro que vão receber.
Aos que se ofendem com a realidade, sempre há a saída de construção de uma nova realidade. Uma em que esse país e suas leis sejam mais respeitados. Que o trabalho não seja considerado um estorvo. Que ser honesto seja condição sine qua non.
Podemos começar cada um em sua própria casa. Em seguida, poderíamos brincar de votar realmente analisando todas as opções, para enfim escolhermos a mais apropriada dentre as possíveis, ainda que sejam todas muito ruins.
Para isso, também poderíamos nos interessar mais pelos destinos do país, acompanhando o noticiário de política e economia, para que não caíssemos mais em estelionatos eleitorais, contos do vigário e que tais, em vez de deixarmos para saber dos candidatos de acordo com o que cantam as claques muito bem pagas e as pesquisas de intenção de voto.
Poderíamos. Podemos. Mas, por enquanto, esse festival de horrores é nosso mais fiel retrato.
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