Revirando até onde minha memória alcança, não me lembro de ter visto um presidente do Brasil fazer uma divulgação de alcance internacional querendo acabar com o turismo nacional como o presidente Jair Bolsonaro fez ontem no Twitter ao atrelar um vídeo obsceno de péssimo gosto ao que acontece no Carnaval brasileiro.
Primeiro, no meu tempo de vida, eu nunca havia visto algo desse naipe nos inúmeros eventos de rua no Brasil. Desafio alguém a apontar por aqui algo pelo menos semelhante que tenha presenciado nos blocos e shows país afora.
Segundo, ainda que imagens tão deprimentes houvessem ocorrido no Carnaval brasileiro - é preciso lembrar que temos um presidente pra lá de chegado em fake news e/ou notícias sem fonte ou com fonte de credibilidade duvidosa - elas nem de longe representam o espírito carnavalesco do povo brasileiro, festeiro como nenhum outro no planeta Terra, e com objetivo único de ser feliz com alegria no meio da galera.
O Carnaval brasileiro é disparadamente o maior marketing espontâneo para o turismo nacional. Em qualquer lugar do mundo que se vá, quando se fala em Carnaval, as pessoas imediatamente associam a palavra ao Brasil. De fato, em nenhum outro lugar do mundo, tem-se uma festa tão democrática, tão espontânea e tão duradoura. Carnaval é do rico, do pobre, do negro, do branco, do índio, da mulher, do homem, do novo, do velho, do hetero, do gay... É de todo mundo. Brinca-se com ou sem dinheiro, com ou sem fantasia. É uma época mágica do imaginário nacional quando todos os problemas somem até a chegada da Quarta-feira de Cinzas.
Lembro de estar num início de Carnaval nos Estados Unidos e ouvir de um funcionário de um atração turística de lá o comentário ao responder que eu era do Brasil: "E por que você está aqui no Carnaval?". Ele esbugalhou os olhos ao me fazer essa pergunta. Isso só mostra a instituição mundial que é o Carnaval do Brasil.
Terceiro, e pela mesma motivação exposta acima, ainda que tais imagens deprimentes fosse de alguns idiotas no Carnaval brasileiro, JAMAIS um presidente da República poderia divulgá-las, fazendo uma terrível propaganda negativa do maior evento captador de turismo do país. Jair Bolsonaro simplesmente posicionou-se contra o Brasil e sua economia, numa atitude absolutamente irresponsável e não condizente com o cargo que ocupa.
Aliás, desde 1.º de janeiro, Bolsonaro demonstra ter enormes dificuldades de se desvencilhar das abobrinhas típicas de sua candidatura e de assumir o papel para o qual foi eleito, cumprindo ritos e pesando todas as consequências de seus atos antes de os empreender. E pelo nível de piora da coisa a cada dia que passa, imagino que seria uma medida de bom senso alguém verificar se, de fato, ele se encontra no gozo de saúde mental. Afinal é inadmissível que um presidente em pleno uso de suas faculdades mentais se deixe fotografar em evento oficial de chinelos e faça uma postagem de um vídeo obsceno não representativo do Carnaval brasileiro com o intuito único de trazer uma pecha negativa ao maior atrativo nacional.
Não é possível que o mandato de Bolsonaro seja todo dedicado a esse tipo de atitude. Alguém ajude o presidente a descer do palanque eleitoral e começar a governar essa bodega porque o tempo urge e a crise é enorme. Afinal, eu acredito que ele tenha sido eleito para levar o Brasil a um melhor cenário econômico. Para trabalhar contra, nem precisava de eleição.
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