quinta-feira, 28 de março de 2019

Se arrependimento matasse

Não costumo mais acompanhar jogos de futebol que não envolvam América e ABC. Falta paciência, especialmente quando se trata de futebol brasileiro. Ontem, caí na besteira de trocar um jogo de basquete pelo outrora charmoso Fla x Flu do futebol carioca. Se arrependimento matasse, eu estaria estatalada agora.

Explico. Que espetáculo deprimente virou o futebol brasileiro, particularmente os clássicos! Jogadores que não se respeitam, nem respeitam o jogo, reclamando de coisas descaradas. 

Um jogador do Flamengo estica a perna até sua chuteira atingir a coxa de um do Fluminense. Ele nem pede desculpa, apenas reclama com o juiz que não fez falta. Foi expulso. 

Um jogador do Fluminense domina a bola no braço e tem um chilique quando o árbitro marca falta no lance. Teria ele uma neuropatia periférica que já atingiu os braços e, por isso, ele não sentiu que dominou a bola ilegalmente? Ou é a encarnação da tal malandragem do futebol brasileiro, algo visto como uma característica muito boa por quem não entende coisa alguma do verdadeiro espírito esportivo?

Um gol do Fluminense foi anulado pelo VAR porque teria sido falta uma disputa de espaço numa bola aérea. Façam-me o favor! O árbitro de futebol brasileiro não resistiria a um quarto no basquete. Seria expulso de quadra por sua incompetência em compreender o que é um esporte de contato. Devem todos ser fãs de vôlei ou tênis, onde nenhum contato é permitido.

Outra coisa absurda é o festival de pressão que é feita na arbitragem de forma descarada por técnicos e jogadores. Chiliques mil a cada falta ou análise do VAR, o que é ainda pior. Demonstram claramente que querem ganhar no grito e a esportividade passa longe.

Para completar, ainda tive que presenciar um chilique desmedido de Fernando Diniz (achei que ele teria um infarto) com um lance ridículo do experiente e ex-Seleção Brasileira Paulo Henrique Ganso. O jogador deu um tranco no quarto árbitro e ainda o chamou de babaca! 

Por fim, fui obrigada a ouvir o narrador Luiz Roberto dizer que o Fla x Flu tivera de tudo, como se houvesse algo num espetáculo tão deprimente que pudesse servir para algum tipo de vanglória.

Depois do jogo ainda sobrou um tumulto sem fim no entrada dos vestiários. E eu só me pergunto quanto mais vamos afundar para voltarmos a algum nível de respeito...

Tudo isso numa semana marcada por um torcedor do Flamengo que levou uma garotinha do Fluminense nos ombros no jogo anterior, uma imagem linda e celebrada por todos, inclusive os clubes, tendo o Fluminense convidado ambos para entrar em campo com as equipes. Quanta hipocrisia, não é mesmo? Celebra-se a tolerância para em seguida se praticar o mais baixo tipo de vale tudo.

E ainda há aqueles "1 minuto de silêncio" que nem duram um minuto, nem provocam silêncio, num desrespeito absurdo aos dessa forma homenageados. Se é certo que banalizaram a coisa, visto que hoje há homenagem até para o vizinho da mãe do ex-presidente da federação, isso não justifica o profundo desrespeito que o brasileiro nutre por qualquer coisa que não seja do seu interesse, inclusive o hino, seja ele o nosso ou não.

Enfim, acho que deu para compreender o meu desgosto.

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