Não, o título desta postagem não se refere à dificuldade histórica do América, e da maioria dos outros times de futebol, nos jogos fora de casa. Longe disso. O título desta postagem cai como uma luva para o que se viu em Globo 1x0 América.
O jogo começou modorrento de morrer. Higor César jurou que mudou o jeito de jogar para surpreender Moacir Júnior. Que nada! Não é de hoje que o Globo tem dificuldade de jogar para cima de seus visitantes. Simplesmente acha melhor o contra-ataque. E isso é uma característica do clube, não importa quem esteja no comando técnico. E se tiver um jogador expulso, aí é que o Globo se sente à vontade para se fechar igual a um embuá e ficar esperando uma chance para a correria. Ontem só não foi assim porque o Globo não teve um jogador expulso.
Voltando ao jogo modorrento de morrer, tínhamos em campo duas equipes que achavam um grande risco atacar. Não critico. Cada um sabe o elenco que tem ao seu dispor e o que pode tirar dele.
Parecia aqueles desafios de quem piscar primeiro perde. No caso, quem partisse para cima se lascava. E assim o jogo seguiu até a metade do 1.º tempo.
Só que o América resolveu que iria mudar o seu jeito de jogar que vinha dando certo até então. O nível técnico do jogo estava tão ruim que a equipe de Moacir entendeu que deveria partir para cima. Mas aí é que está. O desempenho técnico estava tão horroroso que não era muito recomendável se expor.
É aquela coisa, o conhecimento de sua própria realidade pode fazer você ganhar uma guerra. O América fechou os olhos para isso e partiu para cima do Globo sem conseguir ser objetivo, naquele velho falso domínio.
Bastou um domínio ruim de Max para dar ao Globo o que ele queria: um avanço rápido pela lateral. Nem preciso dizer qual foi a lateral, não é mesmo? Vale ressaltar que Max perdeu a bola no meio de campo, mas já no lado do Globo, só que ninguém conseguiu parar a jogada.
Chiclete, que não é bobo nem nada e que adora marcar um golzinho contra o América, entrou em diagonal na área e fez o que um milhão de outros jogadores, inclusive os do América (mas Roger Gaúcho fez no clássico e obrigou Edson a uma grande defesa, que virou escanteio), não fazem da mesma posição: chutou para o gol, o que é quase sempre fatal para o goleiro, ainda que defenda.
Vale dizer que o América teve uma chance igualzinha no 2.º tempo, mas não vi quem entrou pela diagonal - acredito que foi Joazi. O que a criatura fez? Claro que não chutou para o gol! Preferiu seguir mais para cruzar...
A partir do gol de Chiclete, pronto, o jogo ficou ainda mais do jeitinho que o Globo queria: encolhidinho e buscando uma oportunidade para correr.
E o América? O América entendeu tudo errado. Saiu para o jogo e dançou. Jogadores pareciam muito abaixo do que podiam fazer. Todos correndo com 300 quilos em cada chuteira. O Globo se preparou para a velocidade de Jean Patrick. E como não havia Adriano Pardal, o destino estava selado.
Moacir também entendeu tudo errado. Desde quando Max seria necessário para jogar contra um time que não tinha a menor pretensão de atacar? Um meia rápido poderia suprir melhor a ausência (sempre muito sentida) de Adriano Pardal. Como a fase de Hiltinho é tenebrosa, Anthony poderia ter começado o jogo. Até a escalação de Hiltinho seria mais compreensível. Max só seria útil em outro momento.
Não vou nem falar na insistência com Diego como volante até porque ele está mesmo é posicionado lá na frente, quase como atacante de beirada. Só recua na hora de armar o jogo. O efeito barata tonta levou o treinador a trocá-lo por Hiltinho, que, mais uma vez, não jogou nem pedra na lua. Já começo a repensar se Hiltinho um dia vai mostrar o que se espera dele.
Moacir anda cismando que Adenilson pode jogar como 2.º volante, um erro que Luizinho já cometera lá atrás e corrigiu, mesmo sem as peças ideias. Ele ainda achou pouco, e depois de dizer que Diego não jogaria como lateral por ter muita qualidade técnica e não ir para a linha de fundo, ele meteu Adenilson como lateral esquerdo no 2.º tempo! Poderia não ter passado essa vergonha se tivesse tido coragem de sacar Kaike para a entrada de Hiltinho, deslocando Diego para o canto que lhe cabe. Cortar para o meio também é boa característica de um lateral. Lembram de Eduardo Arroz? Como o América sofre com seus laterais, especialmente o esquerdo!
Sobre o lateral direito, até agora acho que Vinícius se pergunta por que perdeu a posição para ele se vinha melhorando a cada jogo e Joazi fez o América recuar duas casas por ali. Custava ir entrando aos poucos até tomar a posição por convencimento?
Para piorar, quando Max se encontrou no jogo, Moacir o sacou, o que também me leva a questionar a visão de jogo do treinador americano quando seu time está em desvantagem. Contra o Santos, ele colocou Murici, que não é atacante na minha opinião, para substituir um Pardal absolutamente esgotado, quando o jogo ali sim pedia um atacante pesado para segurar o ímpeto do adversário.
Tony ainda entrou. Deveria ter entrado ao lado de Max e o América ter partido para lançamentos e cruzamentos quando a vaca já estava atolada no brejo.
Enfim, escalou mal, mexeu na disposição tática durante o jogo equivocadamente e não acertou uma só substituição. Noite tenebrosa de Moacir também.
Para piorar o nível do que se viu em Ceará-Mirim (o jogo melhorou uma coisinha após o gol do Globo), choveu e até alguns raios caíram.
Na arquibancada, tive que trocar de lugar pela contumácia dos fumantes inveterados em fumar onde não podem e todo mundo fazer vistas grossas. Vivemos a época dos incomodados que se retirem. Nessa batida, vou terminar deixando de frequentar estádio de vez.
Resolvi sair um pouquinho mais cedo pela dificuldade de andar com mamãe até o charco onde o carro estava estacionado e caí na besteira de comprar um churrasquinho para comer no carro por causa da chuva.
Que triste ideia! Do nada começou um corre-corre que veio se instalar justamente ao redor do carro, com um grupo de homens querendo espancar outro. Ficamos no meio do conflito, tendo visto um gritar "Cadê a Máfia?", outro pegar pedras, outro abrir a mala de um carro e de lá retirar uma barra de ferro. Onde estávamos era exatamente o centro da roda de conflito!
Eu gritava para mamãe, coitada, fechar a porta dela para que eu arrancasse urgentemente com o carro dali, mesmo com o risco de atropelar alguém.
Conseguimos sair no momento exato em que tiros foram disparados bem ao nosso lado, acredito que pela polícia. Janaina quase vomitou ante o pânico que nos dominou. Nem sei como escapamos ilesas, embora fortemente abaladas.
Infelizmente saí de lá com uma certeza: não vou mais ao Barrettão. Nada contra Ceará-Mirim, muito pelo contrário. Mas o local no entorno do estádio é mal iluminado, o estacionamento é um charco, praticamente um matagal, e ontem vimos o grande risco de ficarmos no meio do fogo cruzado a partir do nada. Não foi a primeira vez que vi uma confusão do lado de fora, mas desta vez, fiquei no meio dela. Minha vida e a vida da minha família valem mais do que qualquer prazer que o futebol possa proporcionar.
Sobre o América, Moacir usou o tropeço que tinha disponível no turno. Não pode mais pensar em não vencer se quiser chegar à final com as vantagens conhecidas. Houvesse entendido o que acontecia no jogo de ontem, o empate impediria a ascensão do Globo e o manteria na liderança. Saiu, dançou.
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