Ontem no finzinho da tarde, o Paramount Channel exibiu Os Intocáveis, filmaço de mais de duas décadas de idade que mostra a luta do agente Eliot Ness para fazer com que a lei fosse aplicada ao bandido Al Capone na Chicago dos anos 1930.
Capone era um traficante de... bebidas. Sim, bebidas alcoólicas eram proibidas nos EUA, mas a cidade de Chicago tinha bebida para todos os lados pelo domínio exercido por Al Capone. O cara tinha na sua lista de propinas juízes, policiais, políticos...
O filme de Brian de Palma conta com atuações memoráveis de Kevin Costner, Sean Connery e, claro, Robert de Niro, que consegue colocar um terror no olhar típico dos mais frios bandidos.
Em Miami, um passeio turístico pelo rio que banha a cidade revela a casinha de veraneio que o chefão do tráfico tinha na cidade.
No fim das contas, desculpem o spoiler, mas como são fatos reais, isso é inevitável, Ness consegue encarcerar Capone por sonegação de impostos (sim, isso.dá cadeia mesmo nos EUA). Nada de tráfico ou dos muitos homicídios perpetrados para manter o tráfico. Foi a rota do dinheiro e a prisão de um contador que tirou Al Capone de circulação.
Mais à frente, enxergou-se o óbvio: a luta contra o tráfico de bebidas era inútil se a população - dos pobres ao ricos - insistia em consumir. Muito dinheiro e vidas perdidos em vão. A venda e o consumo de bebidas alcoólicas foram legalizados.
A história deixa então várias lições para a humanidade em geral. A primeira delas é que basta seguir o dinheiro para desmantelar esquemas criminosos. No Brasil do século 21, enfim, o Estado que investiga aprendeu isso, vide todos os casos envolvendo de alguma forma a presidência da República, desde o Mensalão até o atual Queiroz.
A segunda ainda não foi aprendida. A melhor luta contra o tráfico de algo utilizado indistintamente pela população não é a proibição, mas sim a legalização. A luta - perdida, diga-se de passagem - deixa de ser um dreno de recursos de segurança e saúde, e até de vidas, e passa a ser fonte de arrecadação para o Estado, que pode, então, canalizar muito mais recursos para realmente servir à população. Foi assim com o álcool e com o cigarro. Por que insistir no erro em relação ao que se chama hoje de entorpecentes?
Os Intocáveis traz uma pergunta constatação: Qual a diferença mesmo entre a Chicago do começo do século 20 e o Rio de Janeiro do começo do século 21, isso para ficar somente em dois ícones de cada país?
Quanto mais rápido enxergarmos, mais rápido voltaremos a ter uma vida minimamente civilizada.
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