quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Cirúrgico

É bem verdade que Luizinho Lopes fez 4 grandes alterações na equipe titular para enfrentar o Palmeira. 3 na defesa e 1 no ataque. Uma das mexidas defensivas foi por força maior, literalmente. Um clube de Série A levou o goleiro Gledson.

Alisson Brand e Kaike formaram o novo lado esquerdo defensivo. A falta de entrosamento pesou em alguns momentos. A ansiedade, especialmente de Kaike, pesou em outros. Mas ambos mostraram bons recursos. Alisson Brand, por exemplo, sabe tocar a bola, o que já é grande diferença para Maurício. 

Ewerton mais uma vez não sentiu o peso da camisa. Tende a crescer muito a cada partida.

Na frente, Jean Patrick ligou o motorzinho, principalmente quando caiu pelo lado esquerdo. Incansável eu diria. Finalmente alguém na mesma vibe de Adriano Pardal.

No 1.º tempo, a ansiedade e a derrota no clássico pareciam assustar o time inteiro a cada finalização perdida. O América rondava a área do Palmeira, mas nada de bola na rede, embora 2 ou 3 chances claras tenham sido criadas.

No intervalo, Luizinho fez por merecer o título desta postagem. Numa mexida corajosa, ele sacou, ainda no vestiário, Max, que não acertou absolutamente nada como pivô no 1.º tempo, e colocou Adenilson.

E como Adenilson vinha fazendo falta ao América! Cobranças de falta e de escanteio já não eram mais tão perigosas, especialmente os escanteios.

Sobre a saída de Max, sou suspeita para falar. Quem acompanha este blog sabe que faz muito tempo que não acho mais que caiba no futebol o velho camisa 9 pesadão. Isso fica para um jogo X, por exemplo, quando o gramado é muito ruim e só vai sobrar bola alçada mesmo. Max até cumpre uma função importantíssima nas bolas aéreas ofensivas e defensivas. Só que o desempenho neste início de temporada ainda está longe do esperado. Fará bem a ele e ao time voltar ao bom desempenho vindo do banco. Mesmo porque ele será decisivo mais à frente, podem ter certeza.

O ataque do América ficou ainda mais ofensivo e veloz com Jean Patrick, Adriano Pardal e Hiltinho. Adenilson tinha o parceiro que quisesse para suas belas enfiadas de bola. Não demorou e os gols saíram. Em pouquíssimo tempo da 2.ª etapa, o jogo estava definido. 3x0, três gols do artilheiro do campeonato e da Arena das Dunas Adriano Pardal.

Adenilson deu uma virada de bola hoje de primeira e sem olhar para Hiltinho (acho) lá na direita, que eu não aguentei e me levantei para aplaudir de pé. Há tempos não via um jogador incendiar um jogo com toques tão precisos. 

O alívio era geral. Torcida, jogadores, Luizinho, todo mundo parecia mais leve ante o grande acerto do técnico americano. O América desacelerou para insistir no domínio de bola e desgastar o adversário, que, aliás, mostrou bom entrosamento e toques de pé em pé.

Outra coisa que adorei hoje foi ver o elenco rodar. Entraram Marquinhos (no lugar de Galiardo) e até Fabinho Alves (no lugar de Hiltinho). Isso é importante sempre. Com um placar de 3x0, então, é sinal de sabedoria. Mais um ponto para Luizinho.

Mais um detalhe: outra jogada em cobrança de falta surgiu com Kaike e o zagueiro Alison. Não virou gol porque Messi, goleiro do Palmeira, é chegado a bancar o estraga-prazeres contra o América. Outro ponto para Luizinho Lopes, que mostra criatividade para aproveitar seus treinamentos nesses lances que definem campeonatos.

A questão do momento é 4-4-2 ou 4-3-3. Eu já acho que a questão é Max ou Adenilson. Hiltinho pode encostar bem no ataque e virar rapidamente um terceiro atacante ou recuar um pouco para municiar o ataque. Adriano Pardal também tem feito bem esse recuo. Fabinho Alves era quem destoava e agora Max é o patinho feio que sobrou. 

Com um jogador de bom porte como Adenilson, escoltado por 2 volantes, até as puxadas de contra-ataque tendo ele como pivô melhoram. E olha que Adriano Pardal  chegou a raspar uma de cabeça para Jean Patrick num tiro de meta de Ewerton. 

Pelo menos contra o bem entrosado Palmeira, a saída de Max tornou o América irresistivelmente ofensivo e veloz, tudo o que o futebol moderno sonha em entregar.

Contra o Globo, o América deve ter mais um teste de fogo em relação a enfrentar uma marcação forte com aposta em contra-ataques rápidos quando isso for possível. Talvez seja o caso de manter essa formação com Hiltinho como meia/atacante, Adenilson para armar e até aparecer como pivô em alguns momentos. A troca de 4-3-3 para 4-4-2 pode ser feita num piscar de olhos na partida. E Max pode ser uma boa opção de 2.º tempo.

De todo jeito, uma nova vitória contra o Globo no domingo vai permitir a confiança e o tempo necessários para que o time ganhe corpo neste início de temporada - cujo grande objetivo é voltar à Série C - após uma reformulação tão radical. Foi isso que a boa vitória contra o Palmeira mais representou, ainda que tenha colocado o América na luta pela final do turno, o que sempre é importante. 

Segue o fio da navalha. Agora com um pouco mais apoio.

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