Ontem duas notícias abalaram as estruturas financeiras do natalense. Primeiro, descobriu-se que a querida Natal tem a maior proporção de famílias endividadas do Nordeste brasileiro: 76%, segundo dados da Fecomércio-SP. Quando a análise passa para a parcela de renda mensal comprometida com dívidas e o valor médio de dívida por família, Natal cai para 2.º lugar. Só que os números continuam expressivos: 36% e R$ 1.462,00. Lembrando que estamos tratando de valores médios - há maiores e menores.
Se lembrarmos que muita gente recebe da Prefeitura de Natal ou do Governo do RN, talvez tenhamos grande explicação a respeito desse endividamento. Talvez. O pior é 80% do total de endividamento foi feito no cartão de crédito, uma das modalidades mais caras de financiamento. O número supera até o de São Paulo (72%). Ai de nós, natalenses!
A segunda notícia mostra que só uma intervenção divina pode mudar a gastança por aqui. O Tribunal de Justiça do RN tem a 2.ª maior alta em gastos do Nordeste brasileiro. De 2009 a 2015, os gastos aumentaram 63,98%. Ressalte-se que houve redução no número de magistrados - eram 225, agora são 206. A mesma situação ocorreu com os servidores: houve redução de 1.133 postos. Ainda assim, o TJRN gasta 85,3% do orçamento com folha de pagamento.
Alguém pode dizer: "mas o TJ é do RN, não de Natal!". Sim, mas onde fica a sede? Parece que esse paraíso de cidade dispara o impulso de gastar como se não houvesse amanhã tanto nas pessoas como nos órgãos públicos.
Esses dados são do Conselho Nacional de Justiça. Segundo eles, cada brasileiro pagou R$ 387,56 para que o Poder Judiciário funcionasse. É bom lembrar que esse valor não inclui as custas processuais que são exigidas a cada ação ou recurso apresentados. E considerando o custo global (verbas indenizatórias, diárias, passagens...), cada magistrado saiu aos cofres públicos por R$ 46 mil/mês, cada servidor, R$ 12 mil/mês, cada terceirizado, RS 3,4 mil/mês, e cada estagiário (ou escraviário, como se diz)R$ 774/mês. Eu diria que a carga de trabalho é inversamente proporcional ao salário, mas...
O natalense anda mesmo torrando: seja pegando fogo com o calor, seja o dinheiro próprio ou público.
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