sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Brasil aqui

Saí de casa às 18h47. Foi quase uma hora de lá até passar pela catraca.  Ainda na Prudente de Morais o engarrafamento para entrar no estacionamento da Arena impressionava. 19h e poucos minutos e poucas vagas restavam. "Ainda bem que cheguei cedo", pensei.

Na entrada do estacionamento, um assalto. "R$ 25", disse a moça. "R$ 25?!". Não vi um aviso sobre o aumento de quase 70%.

Dentro do estádio, o de sempre. É muito gostoso assistir a qualquer jogo na Arena das Dunas. De qualquer lugar, a visão é show. E como o setor Sul é ventilado!

Olhei para o Leste com um certo aperto no coração. Não consegui comprar. Aí observei que muitos lugares estavam vazios justamente no setor que tentei (122). Estou tentando entender como estava esgotado e ficou com um terço vazio.

O aquecimento dos goleiros impressionou. Taffarel, além de bom goleiro, é simpático e não alisa seus comandados. Chutes potentes à queima roupa.

Depois entrou Neymar e seu puxa-puxa do short. A Nike deveria providenciar shorts mais curtos para os jogadores que não gostam do longão.

Interessante como Neymar se isola no aquecimento. Sempre que pode, fica sozinho com uma bola.

Hino boliviano respeitado. O do Brasil também. Sem edição, graças a Deus!

A torcida me pareceu mais fria do que as de América e ABC. Mas o Brasil tratou de despachar a Bolívia logo no 1.° tempo. 4x0.

O ponto alto do 1.° tempo foi o quarto gol do Brasil. Gabriel de Jesus marcou e comemorou à la Flávio Boaventura: voadora na bandeira de escanteio. Isso despertou os melhores e os piores sentimentos em americanos e abecedistas. Imediatamente americanos caíram na risada. Atrás de mim, um abecedista não gostou da comemoração de Gabriel de Jesus e pôs-se a gritar que aquele era um gol Série D. Como aquela voadora de Flávio Boaventura foi marcante para ambas as torcidas!

No 2.° tempo, lá vêm os reservas brasileiros para o aquecimento. Todos bem pertinho de onde eu estava.  Começaram a gritar "O ilha! O ilha!". E eu pensando, "quem djabo é esse?". Olhando detalhadamente para os reservas foi que entendi que os torcedores tentavam gritar "William". Nome difícil para o torcedor brasileiro...

Em seguida, o espírito presepeiro dos natalenses apareceu. Primeiro, gritaram  para os jogadores de origem corintiana que eles deveriam voltar para o Corinthians. Os jogadores entenderam como elogio. Depois gritaram para Lucas Lima que o lugar dele era no ABC. Risada geral. Aí alguém percebeu o cabelo de Firmino. O primeiro grito foi "Firmino Jiraya". Alguns risos. Mas aí a mesma criatura resolveu gritar "Firmino Safadão". Pronto. Os próprios jogadores não se aguentaram: foi aquela risada. Daí a "Uh, é Safadão" foi um pulo. Em seguida, o grito que pegou até o fim do jogo: "Vai, Safadão". Nasceu ali o apelido de Firmino. E não é que ele entrou e marcou um gol? Encerrou a goleada brasileira para cima da Bolívia.

Thiago Silva também teve seu nome gritado ali pela galera, sem malhação. Ele me pareceu deslocado, cabisbaixo. Posso estar enganada, até porque nem sou especialista, mas ele tem os clássicos sinais de uma personalidade depressiva.

Já perto do fim do jogo, a torcida do ABC resolveu botar as manguinhas de fora. Gritou "vamos subir, BC" no embalo da boa campanha do time. Nossa! Que vaia sonora! Houve até jogador olhando para a arquibancada achando que os apupos eram para eles.

Que nada! A Seleção só recebeu aplausos. Tite teve seu nome cantado inúmeras vezes, o que é uma raridade no futebol brasileiro.
Apesar dos elogios da imprensa e do gol marcado, eu esperava mais de Coutinho. Neymar fez o que se esperava dele: deu show e arrumou um cartão amarelo ainda no primeiro tempo. Neymar nervosinho é um saco! Prefiro a versão com a bola nos pés.

Como sempre, gostei muito de Felipe Luís. Fez um lançamento primoroso para Neymar em jogada de um dos gols, marcou o seu e sempre com aquela seriedade na marcação, mesmo enfrentando a fraca Bolívia.

O que ficou mesmo foi a ótima experiência para todos os envolvidos de ter a Seleção Brasileira de futebol masculino jogando uma partida oficial em Natal. 30.313 pessoas na Arena. Não custa nada dizer que América x Flamengo pelas oitavas de finais da Copa do Brasil 2014, naquele dia do mosaico mais impressionante do Brasil (Os Olhos do Dragão), botou mais gente: 30.575.

A saída do caríssimo estacionamento da Arena das Dunas me fez lembrar o porquê de eu preferir deixar o carro na rua mesmo: uma longa espera para alcançar o portão de saída.

Perto de uma da manhã, foi difícil achar algo para comer. Descobri um sanduíche de hambúrguer com abacaxi na Roberto Freire delicioso.

E assim a aventura de ver o Brasil jogar aqui em Natal, que começara ontem, acabou hoje. Mas valeu a pena. Confira as fotos de Janaina Moura e o vídeo que ela gravou na hora do hino. É de arrepiar!













3 comentários:

  1. Como sempre você fez o retrato fiel do jogo.
    Mas me atrevo a fazer três pequenas observações:
    1. A vaia quando a Colômbia entrou para o aquecimento, ninguém deixou engrossar... Aplausos de todos, civilizados que somos!!!!
    2. A vaia para o excelentíssimo senhor governador quando anunciada a sua presença nas homenagens... perdi a noção de civilização
    3. A vaia aos torcedores que gritaram BC BC (com certeza essa foi a maior) impossível ser civilizado,concordas????

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  2. Assino embaixo das três observações, Rita. Terminei esquecendo de elogiar o comportamento em aplaudir a Bolívia. Também esqueci de registrar a insistência de alguns idiotas naquele gritinho ridículo quando o goleiro adversário vai para o tiro de meta, embora tenho que dizer que foram poucos os idiotas.
    Vi com esperança o comportamento da torcida ontem. Talvez os jogos paralímpicos tenham mostrado o caminho do Fair Play após a saraivada de críticas ao comportamento da torcida na olimpíada.

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    1. * Troquei Bolívia por Colômbia... culpa do Pablo Escobar

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