Ainda me adaptando a essa vida de liberdade nos sábados à tarde depois de muitos e muitos anos trabalhando no horário, programei (graças a um aluno) almoçar no Natal Shopping para em seguida assistir a um filme que estava na minha lista desde o ano passado: Carol.
O filme é uma adaptação de um livro de Patricia Highsmith chamado The Price of Salt (O preço do sal), publicado em 1952 sob o pseudônimo Claire Morgan. Anos depois Patricia Highsmith assumiu a autoria do livro, que então foi renomeado Carol.
Há décadas este livro chegou até mim através do finado, porém maravilhoso, Círculo do Livro, que permitia a fãs de livros adquirir edições especiais com capa dura por preços de livros normais e entregues na porta de casa. O Círculo do Livro era a Saraiva de então, embora com edições caprichadas.
Desde então, ele entrou na minha famosa e interminável lista de livros para ler. Mas não é uma lista normal. Essa lista contém os livros que eu tenho pena de ler porque sei que, uma vez lidos, ficarão para sempre em minha memória e não repetirei a dose. É o mesmo que se faz com a sobremesa. Ou o que ocorre com quem aprecia vinhos tintos. Junto a Patricia Highsmith figuram muitos de Agatha Christie e alguns clássicos mundiais.
Sorte minha que, após ler a crítica do Círculo, Carol caiu nessa lista! Pude assistir ao filme antes do livro. A ordem inversa é furada: o livro é sempre melhor. Assistindo ao filme primeiro é mais fácil gostar dos dois. Se o livro for primeiro, adeus, filme.
Que filme! Aliás, que elenco! Cate Blanchett, Rooney Mara, Kyle Chandler, Sarah Paulson estão todos a seu modo de tirar o fôlego do espectador. A história é um romance dramático, ou drama romântico, ou ainda thriller existencial e psicológico de arruinar a maquiagem de gente como eu - foram lágrimas e lágrimas durante as duas horas de duração. Não chorei mais porque prendi o choro. E tanto prendi que estou com dor de cabeça até agora. Da próxima vez, levo lenços para chorar à vontade.
Imaginem numa sociedade em que mulheres devem obediência aos maridos como crianças devem obedecer aos pais, uma ter coragem de enfrentar as agruras do divórcio mesmo sendo mãe. Agora imaginem a carga emocional se acrescentarmos que essa mesma mulher se apaixonou por outra, para completar, mais nova!
O filme é leve, sutil, delicado exatamente como se imagina o amor de verdade, especialmente entre seres tidos como frágeis, mas duro, tenso, até cruel como às vezes é a realidade.
Mais do que isso eu não posso contar sob pena de estragar a experiência de quem gosta de dramas e romances. Carol vale cada centavo cobrado pelo Cinépolis. Neste domingo, ele estará em cartaz às 14h. Na segunda, na terça e na quarta, às 19h30. Imperdível!
Pensei que essa coisa de choro se referia ao choro mais querido. Kkkkkkkk.
ResponderExcluirSó que não...
A situação anda tenebrosa por lá, Andierison, mas ainda não é para tanto.
Excluir