Não basta à mulher de César ser honesta; ela tem que parecer honesta. Essa máxima é princípio norteador a todas as profissões que envolvem aplicação de regras. Não seria diferente com a arbitragem esportiva.
No caso do futebol, existem histórias (ou estórias) escabrosas, que deixam muita gente de cabelo em pé. Isso só apimenta a visão passional que envolve o esporte.
Às vezes, as coincidências só pioram as coisas. Veja-se o caso do América. O clube encerrou um jejum de 9 anos sem título estadual quando bancou os custos de ter arbitragem FIFA em todos os jogos decisivos em 2012. De lá para cá, chegou a todas as quatro finais e conquistou 3 títulos.
A atitude do clube rubro parece ter criado um ranço enorme com a arbitragem local - coisa que não consigo entender, já que o regulamento permite ao clube assim agir. Parece não, criou. O sindicato dos árbitros publicou mensagem no Twitter conclamando o América a trazer o quarteto inteiro de fora, inclusive para jogos das categorias de base. Uma reação descabida em minha opinião. Nunca ouvi falar de tal coisa em outros estados ou países.
Aí acontecem dois erros grotescos no clássico América 0x2 ABC, os dois encampados por um auxiliar que não pertence ao quadro da FIFA e que é ligado ao sindicato em questão. Ele deu um impedimento (inexistente) que anulou o gol de Luiz Eduardo (América) que inauguraria o placar. Noutro momento, corroborou uma marcação de pênalti em favor do ABC num lance ocorrido a mais de um metro da risca da grande área.
Não basta à mulher de César ser honesta; ela tem que parecer honesta. A reação impensada do sindicato lançou a atuação do auxiliar numa penumbra inquietante. Isso não é bom nem para a reputação do profissional, nem para o futebol do RN. Criou-se agora uma situação de que toda decisão da arbitragem local contra o América pode ter sua legitimidade questionada.
Confesso que não vejo com bons olhos esse conflito. Caberia à FNF intermediar uma solução, sob pena de o América ter que trazer realmente um quarteto de fora a cada jogo local ante a posição do sindicato dos árbitros. Preocupante.
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