sábado, 18 de maio de 2019

Quando não entra

Eu me lembro em 2006 de um jogo contra o Paysandu que até pênalti teve em cima de Adriano Peixe e ainda assim o América foi derrotado pelo visitante. Foi daqueles jogos que o América pressionou de todo jeito o adversário, mas nada de abrir o placar.

Hoje contra o Bahia vi o mesmo filme, embora dessa vez o Mecão não tenha saído derrotado. O jogo poderia durar uma noite e um dia inteiros e o goleiro Jair estaria pronto ou a se jogar no chão para fazer cera ou a operar um milagre para impedir o gol americano.

O jogo em si foi bem agradável. Mais uma vez o América seguiu despachando todo tipo de artilharia para cima do visitante. Até uma linda bola de Adenilson de fora da área parou caprichosamente na trave.

O Bahia era um pouco mais exposto que o América-PE. Apostava mesmo que resolveria num contra-ataque. Teve umas duas chances bem claras, mas o cai-cai dos jogadores e do goleiro Jair demonstram bem que o empate era resultado a ser muitíssimo comemorado contra o líder em plena Arena das Dunas.

Se posso apontar pequenos defeitos, vou ao primeiro deles: Roger Gaúcho não esteve bem no primeiro tempo. Domínio zero de bola e pouco envolvimento defensivo. Melhorou no segundo tempo, mas aí Moacir achou que já era hora de Hiltinho entrar.

Por falar em Moacir, não entendi a saída de Max. Se é certo que perdera algumas chances, embora eu veja mais a grande tarde/noite do goleiro adversário, é impressionante que o treinador não tenha visto o baixíssimo desempenho de Adriano Pardal em campo. Max estava bem no papel de pivô. Já Pardal não estava num bom jogo. 

Jean Patric também insistiu muito nos cortes para dentro, quando normalmente sobra pela ponta. Alguém deveria ter orientado para insistir na ponta. Também senti falta do mesmo posicionamento de Roger Gaúcho do outro lado do campo.

Não machucaria colocar Mikael mais por dentro com a saída de Adriano Pardal, e Roger mais à frente com Jean nas pontas e Max mais centralizado. Até mesmo se houvesse alguém mais próximo a Max, no velho 4-4-2, talvez não tivéssemos a consagração do goleiro Jair.

Praticamente nenhuma substituição funcionou, com Mikael e, principalmente, Luizinho entrando muito abaixo do esperado.

No mais, uma atuação irrepreensível do América.

Já a arbitragem foi lastimável. Houve momentos em que eu jurei que deveria haver uma rede para separar os times ante a absoluta impossibilidade da existência de qualquer contato entre os jogadores na visão do árbitro. Reclamei desde a primeira falta inexistente em Jean Patric. Quando todo contato com o time adversário passou a parar o jogo, a torcida americana começou a reclamar. Para piorar, a cera do Bahia não foi repreendida em momento algum. Horrível.

E ainda houve um impedimento do América não marcado no segundo tempo porque o bandeirinha - pasmem! - estava conferindo seu relógio! Só isso ilustra bem o nível do trio de árbitros de América 0x0 Bahia.

Menos mal que a frustração de um 0x0 dentro de casa tenha acontecido logo na fase de grupos e num momento em que nem a liderança do América poderia ser ameaçada. Serve de alerta para os jogadores manterem a seriedade do início ao fim do jogo - o que tem acontecido, ressalte-se - e, principalmente, para o treinador rever alguns de seus princípios em relação a substituições.

A torcida esteve ainda mais de parabéns porque não ensaiou qualquer vaia durante ou após o jogo. Parece que finalmente entendeu que estão todos no mesmo barco.

Por sua vez, a Arena finalmente entendeu que deveria abrir mais portões, inclusive na saída. Até a liberação do Leste Superior trouxe mais conforto aos mais de 6 mil americanos - só vi 4 torcedores do Bahia - que lá estavam.

A luta do próximo fim de semana é contra esse mesmo Bahia, mas num gramado sintético com o qual o vice baiano está bem acostumado. Mais um teste de fogo para os comandados de Moacir Júnior. Porém, quem quer subir não escolhe adversário. É colocar a faca nos dentes e partir em busca pelo menos do empate. 

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