segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

"Vamos fazer o que é normal no futebol"

Ricardo Bezerra, que se juntou a Leonardo Bezerra para cuidar do futebol do América na gestão de Eduardo Rocha, deu entrevista para a Tribuna do Norte publicada na edição de domingo, na página 2 do caderno Esportes, a respeito da situação do clube. Vamos aos principais trechos.

Situação atual
A crise financeira dificulta muito as ações que devem ser tomadas dentro de um clube. A nossa pior situação é estar na Série D porque qualquer jogador com pouco mais de qualidade gosta de vitrine e eles acabam dando preferência em assinar contrato com clubes das demais divisões acima da do América. Por outro lado, na hora de negociar, levamos alguma vantagem porque o América se trata de uma instituição centenária, que é bem quisto no Brasil, onde é conhecido como o clube que cumpre suas obrigações. Então a gente ainda consegue trazer jogador com qualidade. Essas coisas servem para amenizar a situação.

Profissionalização
Acredito que essa mudança tem de ser realizada por etapas. Está chegando o momento e o América será obrigada a sentar e discutir o melhor modelo de administração para o clube. Hoje temos um diretor-executivo remunerado e o compromisso dele é exclusivamente pensar e planejar o futebol. Antes era um dirigente convidado que ocupava a função, geralmente um sócio ou conselheiro e recebia o mesmo tipo de cobrança, mesmo sem ser remunerado, trabalhando apenas por gostar, amar o clube. Então acredito que o passo inicial está sendo dado.

Patrimônio
Está na hora de repensar tudo, mas eu sou contrário ao voto de se desfazer da nossa sede social na Rodrigues Alves. Ali a referência do clube, que já procurou utilizar o seu espaço fazendo as negociações e abrindo para construção de apartamento e prédios comerciais. Aquilo vai garantir uma remuneração ao clube, que irá oxigenar seu caixa deverá fazer do América um clube autossustentável em bem pouco tempo. Mas o futebol será outro departamento. Ele terá de se autossustentar buscando espaço em séries mais rentáveis do futebol brasileiro. Mas o clube vai estar protegido. Por isso temos de repensar um novo modelo de gestão. Isso tem de envolver todos os segmentos, não pode ser feito apenas por esforço de alguns abnegados.

Reforço do caixa e correção de rota
O América, por aquilo que já foi dito antes, terá sérias dificuldades para montar uma equipe bem competitiva. Agora eu não vejo nenhum participante da série D com a situação diferente da nossa e mais folgada em termos financeiros. O problema é essa divisão do campeonato. Quem instalar passa por dificuldades e terá de realizar um esforço muito grande para montar uma equipe considerada competitiva. O problema da série D são os três mata-matas que um clube tem que disputar para obter o acesso. Se não deles você jogar mal, seja por um motivo ou outro, como América contra a Juazeirense, que foi jogar na Bahia com 7 jogadores importantes pendurados pelo segundo cartão amarelo, acabou se descuidando e perdeu um jogo que foi crucial para a permanência do clube na Série D. É um regulamento difícil e cruel. Temos de nos preparar e tentar de tudo para chegar na Série C, onde a competição é menos injusta. (...) O América já está agilizando essa correção de rota. Infelizmente o time não rendeu com Luizinho Lopes, que, na minha visão, trata-se de um excelente profissional. Veio a mudança, mas ainda temos necessidade de alterar o nosso elenco, que precisa de reforços. Isso nós teremos de fazer com muito cuidado porque, em se tratando de futebol, o dinheiro que estamos trabalhando é muito curto. Temos de saber buscar no mercado as peças que venham se encaixar bem dentro do nosso grupo, trazendo atletas que venham para resolver dentro de campo. Vamos fazer o que é normal no futebol: trazer reforços e negociar a dispensa de alguns atletas que não renderam o esperado, mas tudo foi bem pensado.

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