A primeira a gente nunca esquece

Hoje foi um dia especial para mim. Fui convidada por Canindé Pereira para participar da transmissão de América x Santa Cruz na TV Mecão, a primeira transmissão do estadual no ano.

Imagem: Caroline Medeiros

Acompanhar o trabalho de Canindé na TV Mecão é por si só espetacular. Ele domina absolutamente tudo da transmissão e ainda dá um show na narração. Vi de perto isso tudo em duas oportunidades anteriores: num amistoso do América Master e na semifinal pelo estadual de basquete masculino, ambos no fim do ano passado.

Mas hoje mais equipamentos aumentavam o quebra-cabeças dominado por Canindé para levar uma bem-sucedida transmissão por streaming ao ar. Tanto que Carlos Augusto estava lá captando as imagens.

Além disso, foi minha primeira vez comentando um jogo na Arena das Dunas. Quanta responsabilidade! Ainda bem que o tweet de Thiago Nascimento a respeito de eu ser a primeira mulher no RN a comentar um jogo para uma TV só apareceu para mim no intervalo. Tamanha carga de responsabilidade tornaria a tarefa muito mais difícil. Sorte minha! 

E apesar do risco de parecer que estou advogando em causa própria, é mais um golaço de pionerismo da TV Mecão no RN. Afinal, o futebol permanece um fechadíssimo clube do Bolinha. Basta conferir as equipes que cobrem o futebol no RN e contar quantas mulheres existem na linha de frente delas.

Só fui entender o peso da coisa com o andar da carruagem. A transmissão da TV Mecão foi o mais absoluto sucesso, com um volume absurdo de mensagens nas redes sociais a respeito. Tinha torcedor do América até no Paraguai acompanhando. Não sei como Canindé conseguia narrar, controlar os equipamentos e ainda ler aquela enxurrada de comentários e perguntas. 

E a parafernália tende a aumentar com a ocupação de um cabine exclusiva para TVs. Nada que detenha o super competente Canindé. 

Sobre o jogo, ainda bem que o América venceu. Não só porque ficaria marcado em minha experiência, mas na própria construção do ano da equipe, depois de perder a final como se deu na quarta-feira. 

O jogo em si não foi de encher os olhos, mas deu para o gasto. Houve uma melhora em quase todos os jogadores, uns mais, outros menos. A escalação de Jean Patrick terminou sendo o grande tiro certo de Moacir. Sua velocidade foi um pesadelo para o Santa Cruz, ainda que isso não signifique que ele tenha se tornado um grande jogador de uma hora para a outra. 

É que futebol às vezes lembra xadrez e um simples peão pode levar o rei adversário a um xeque-mate. Logo, é preciso saber usar suas peças no momento certo. Para mim, foi exatamente o que aconteceu hoje com a titularidade de Jean Patrick e a entrada de Max no 2.º tempo, quando Adriano Pardal já há muito dava sinais de esgotamento. 

Moacir só errou em não levar Anthony. Hiltinho e Adenilson não terminam as partidas no mesmo nível. Pelo contrário. Um sangue novinho no meio poderia ser a motivação exata para que Anthony aparecesse na metade do 2.º tempo por ali. 

Leandro Melo e Gabriel Nunes parecem dispostos a agarrar de vez a titularidade. Muito da falta de objetividade do Santa Cruz na pressão feita no 1.º tempo deveu-se à atuação da dupla.

Adriano Pardal também prestou serviço à defesa nesses momentos.

Quem vem mostrando uma tendência de queda no desempenho é o lateral esquerdo Kaike. Hiltinho, apesar do golaço de quarta-feira, também continua devendo uma atuação no nível que se espera dele. 

De todo jeito, o jogo da próxima quarta-feira, pelos resultados da rodada, adquiriu, mais uma vez, contornos de final do turno. O Potiguar goleou o Palmeira no Nazarenão e deve partir com 1 quente e 2 fervendo para cima do Mecão dentro do Nogueirão. Este será, sem dúvida, um teste valioso da condição do time titular, do elenco e da armação de Moacir Júnior em condições adversas. Lembrando que é justamente nesse jogo que Moacir Júnior atinge a linha imaginária que derruba treinadores no América: 5 jogos. E que o esquema "Adriano Pardal + 10" está fora de cogitação porque o artilheiro está suspenso - um senhor obstáculo a ser superado.

O 2.º turno será menos tumultuado do que o 1.º para o América? A partir das 20h de quarta-feira a gente começa a descobrir.