terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Corremos muito

Sim, corremos. Nem tanto no sentido literal, mas o sentido de que estamos sempre muito apressados sem tempo a perder. Todavia o que é perder tempo: fazer algo e não vermos o tempo passar ou não fazer nada e olhar o tempo passar?

Na faculdade, um professor dizia que corríamos muito sem saber para onde. Na semana passada, um aluno me alertou que vivemos a fast life. Eu comentava com eles que costumava atravessar o bairro a pé junto com uma amiga de infância para alugar filmes e nem me incomodava se o trajeto em si levava uma meia hora, fora a escolha dos filmes e a própria duração deles. Hoje entraria em pânico com um cálculo de talvez 6 ou 7 horas em tais atividades. Pergunto: isso era mesmo perder tempo?

Em nome de uma incessante conectividade, estamos nos moldando à impaciência. Uma amiga não aguenta esperar aqueles poucos segundos para desconectar o pen drive com segurança do computador. Um texto que exceda os 140 caracteres já é tido como um textão e perda de tempo. Fazemos 2, 3, 4 coisas ao mesmo tempo sem a devida dedicação a uma, algumas ou todas elas.

E as boas conversas, cara a cara? Resistem. Mas de quantas pessoas eu não já ouvi que, após alguns minutos de conversa, o cérebro parece se desligar do assunto, como se aquela pessoa falando fosse só um barulho distante? Provavelmente o cérebro entende aquilo como perda de tempo.

Gostaria de um mundo mais desacelerado, porém, não tenho ideia se funcionaria na realidade atual. O que vejo é um exército de pessoas ansiosas - também me incluo nele em boa parte do tempo - cada vez mais engolidas por uma ansiedade sufocante, às vezes incapacitante. O que seria a procrastinação que não reflexo de muita ansiedade?

Sim, corremos muito, sem saber para onde e nem mesmo por que, mas corremos. Haveremos de descansar um dia. Talvez até para corrermos mais, de novo sem saber para onde. Assim é a vida.

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