segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Isso é Natal!

Poucas pessoas nutrem um amor tão grande por sua terra natal como eu nutro pela minha linda Natal. Nascer e viver aqui me faz me sentir abraçada diariamente por essa cidade que amo de paixão.

Estou desanimada? Abro a janela de casa ou o vidro do carro e respiro o ar mais puro das Américas. Ou vejo uma árvore. Ou um passarinho que pia insistentemente. Ou vejo um céu de um azul sempre convidativo. Ou um mar de águas mornas sempre pronto a revigorar as energias de quem nele se banha.

Dirigir ou andar por suas ruas é reviver cada pedacinho de minha própria história. Cada rua, cada esquina, cada árvore, cada canteiro de Natal faz parte da minha vida.

Até os engarrafamentos aqui são mais prazerosos. 

Se governantes não a tratam bem, a memória da população registrará eternamente os malfeitores.

Forasteiros são sempre bem-vindos. E vão virar novos natalenses de coração. Nem adianta resistir. 

Numa viagem a Campos de Jordão, um grupo de mineiros fez questão de me dizer que, no Brasil, somente em Natal foram recebidos como o mineiro gosta: pela porta da cozinha. Afinal, o natalense cria intimidade em 5 minutos.

Lembro de uma mossoroense que encontrei num cruzeiro que terminava aqui, vindo de Fernando de Noronha. Meu coração de natalense avisou logo que estava pertinho desse paraíso e aí corri para o convés para acompanhar a chegada nas primeiras horas da manhã. Ao chegar lá, a mossoroense estava com seu esposo admirando Natal ainda do meio do mar. Ao me ver toda animada, ela disse: "Olha, até o ar de Natal é diferente. Sempre digo ao meu esposo isso quando chegamos aqui de carro. Na estrada, nós sentimos a diferença do ar e já sabemos que estamos chegando em Natal". Até uma natalense de coração sabe disso.

Eu, por exemplo, sofro muito quando tenho que viajar. Dá um aperto no peito ter que deixar esse paraíso, mesmo que por pouco tempo. Adoro as viagens e me divirto muito. Mas vocês não têm ideia do nível de excitação que me acomete por saber que no dia seguinte vou viajar de volta. A mesma coisa quando chego por aqui de avião e vejo toda essa beleza lá de cima. É encanto que se renova. Mas só de chegar aqui já é motivo de felicidade plena. 

E nem venham comparar Natal com outras cidades. Nenhuma cidade neste mundo  a supera. Agora imaginem se os serviços públicos funcionassem a contento por aqui... Teríamos uma superpopulação!

Natal é um estado de espírito. Tudo flui num ritmo próprio. Em que outro lugar do mundo o 3.° ano do Ensino Médio é chamado Pré? E o garoto é boy e a garota, boyzinha? Ou o pessoal acha que é proibido responder a "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite"?

Em que lugar do mundo podemos sair de uma ponta a outra da cidade tendo o mar como cenário, como a Via Costeira e a Ponte Newton Navarro (ou Ponte Nova, como a conhecemos) nos permitem (da Zona Sul à Zona Norte)?

Em que outro lugar do mundo um vento gostoso nos faz de besta ao meio-dia ao tomarmos sol sem sentir a queimadura solar que vai se instalando?

Isso tudo é Natal! É paraíso, é um ar diferente, é vento constante, é mar quente, é sol gostoso, é timidez às vezes confundida com falta de educação, é um povo hospitaleiro, é um uso próprio de termos com outros significados, tudo isso naturalmente presente no dia-a-dia de todos que têm a sorte de aqui viver ou estar.

Em 25 de dezembro, nosso "Feliz Natal" vira "Parabéns, Natal". Ou "Obrigada, Natal". Ou, como diria o baiano Moraes Moreira, "Natal, como eu te amo! Como eu te amo, Natal!". 

Nos 418 anos desse paraíso nosso de cada dia, deixo o lindo poema de Pedrinho Mendes feito lá na década de 80 e que ainda ecoa para os natalenses como hino de amor por esta cidade.

Por falar nisso, hoje tem show de Pedrinho Mendes, de graça, na maior Árvore de Natal do Brasil, que fica no meu lindo bairro, Mirassol, às 19h. Já pensaram que lindo será a declaração de amor dos natalenses ao cantar Linda Baby no dia do aniversário de Natal?

Essa é uma terra de um deus mar
De um deus mar que vive para o sol
E esse sol está muito perto daqui
Venha e veja tanto quanto pode se curtir

Linda terra para a mãe gentil
Belo cai o sol sobre esse rio
E esse rio também está perto daqui
Venha e veja tanto quanto é o nosso Potengi

Sempre que estiveste por aqui
Não observaste o nosso ser
Nem aproveitaste o lindo olhar ao céu
Venha pois não dá pra dizer tudo no papel
Curte-se aqui ao natural
A natureza espalha o nosso chão
Estou cantando a terra que é o meu viver
E acontece que eu estou cansado de dizer

Que aqui não tem Avenida São João
Nem o mesmo padrão que se tem por aí
Coisas que não tem em todo o canto não se deve exigir

Isso é Natal, ninguém se dá muito mal
Como dizem pessoas quase sem se sentir
Linda baby, baby linda, volte sempre aqui




P.S.: Como a música é bem antiga e não tem vídeo disponível, peguei um vídeo de 2006-7 em que a Unimed anuncia uma conferência em Natal, o que já dá uma boa ideia. Lembrando que ainda existia o Machadão e o Machadinho onde hoje fica a Arena das Dunas.


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