Há pouco mais de um mês, a Veja publicou (15/11/17, página 27) entrevista com o folclórico Dr. Rey, cirurgião plástico e estrela de reality show que quer ser presidente do Brasil. Não custa conferir suas ideias e o nível de coerência delas.
O senhor será candidato?
Sim, cogito a pré-candidatura à Presidência do Brasil. Não serei o primeiro cirurgião presidente. Juscelino Kubitschek também era. Sigo os passos do doutor Enéas. Estamos ressuscitando o partido dele, o Prona. Faltam 20.000 assinaturas.
Por que quer ser presidente?
Irmão, nunca esqueci o que me aconteceu depois que fui adotado por uma família de mórmons americana. Quando apareci na igreja deles, no fim do culto, o patriarca jogou óleo virgem na minha cabeça, colocou as duas mãos sobre mim e disse: "Dou a você essa bênção: você estudará muito, nas melhores escolas do mundo, e, no fim da vida, voltará para sua gente, e erguerá sua gente da miséria". Volto para o Brasil por uma razão: levantar a minha nação da miséria.
Quais serão suas propostas?
O Brasil se encontra em total anarquia. Trago um sistema que não tem nada a ver com nada.
Nada a ver com nada?
É um sistema próprio, o americano de mercado livre. Chama-se "free market society", no qual o que conta é o indivíduo. Aprendi que nenhum estatismo, de esquerda ou de direita, funciona. A razão é simples: o governo é ineficiente. Olha o SUS. Tem mais horrores no SUS do que nos campos de concentração que visitei na Alemanha.
Alguma proposta mais específica?
Quando eu for presidente, o "Hino Nacional" vai tocar todas as manhãs e vamos nos levantar e colocar a mão direita no lado esquerdo do peito, como acontece nos Estados Unidos. Meu governo terá quinze ministérios. As cidades brasileiras estão entre as mais violentas do mundo. Quero dobrar o número de policiais, dobrar seu salário e encher o Brasil de cadeias privadas.
A ordem é endurecer com o crime, então?
Sim. Matou aos 8? Vai ser julgado como adulto. Estuprou alguém? É cadeia para sempre. O Rey é radical? É um gênio? Não. Simplesmente copio o sistema americano. Não vou dar bolsa para filho de ladrão que está na cadeia. Não, não, não, acabou. Quero que os turistas venham para o meu Brasil sem medo da violência.
Como dobrar salários e o número de policiais quando se prevê um déficit de 159 bilhões de reais em 2018?
Essa é a única parte que requer um pouco de economia. Quero baixar o imposto de tudo no país para atrair investimentos das companhias globais. Quando se baixa imposto, os estrangeiros entram no Brasil.
Pretende fazer coligações?
Não preciso da lama dos outros partidos nem de tempo na TV. Todos os domingos, estou no ar. O Brasil conhece o Rey: magrinho, superalegrinho, tarado pelo Brasil. Mas agora vão conhecer o Rey de verdade, que é uma fera. O brasileiro precisa é de uma pessoa de fora. O país está em chamas. Eu sou a última esperança. Em 2018, o Brasil vai ter uma escolha: a mesma m... de sempre ou o Rey.
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