Nem posso analisar muito América 1x1 Juventude porque já peguei o bonde andando do jogo, mas assisti ao que pude, de olho no evento - bem sucedido, diga-se de passagem - na Sede Social que permitiu a 200 Sócios e Sócias Mecão assistirem ao jogo dentro das regras de distanciamento na Babilônia da Rodrigues Alves.
Do que vi, eu diria que o Juventude permitiu ao América o encaixe perfeito de um estilo de jogo baseado em lançamentos em número às vezes exarcebado, beirando os chutões, e velocidade.
E a estreia de Everton Silva com a titularidade de Zé Eduardo (sigo afirmando que foi a melhor contratação do América nesta temporada), isso acrescido da motivação de enfrentar um adversário de Série B num jogo de premiação milionária e com transmissão da Sportv para todo o Brasil, fecharam o firo a favor de uma apresentação que enfim apagou a péssima impressão deixada no jogo contra o Palmeira pelo estadual.
Zé Eduardo deixou logo uma bola cabeceada caprichosamente na trave. Na volta, a bola resolveu ir para a lateral, impedindo o gol.
No caso do Juventude, numa cobrança de falta lateral, a bola beijou a trave e voltou na direção de Odivan e Edimar. Mas o zagueiro do América devia estar pensando na morte da bezerra porque só veio a perceber que não estava marcando quem ele deveria marcar quando Odivan já havia saído de suas costas e estava cabeceando para o gol.
O gol do Juventude revelou que futebol nem sempre é justo, posto que o América dominava as chances reais de gol.
Parecia só uma questão de tempo o gol de empate. Talvez um vídeo de melhores momentos mostre o quanto o América buscou (e desperdiçou) o gol de empate.
E ele saiu com quem tinha que sair mesmo: Zé Eduardo.
Depois disso (o gol foi aos 20 minutos do 2.° tempo), o fôlego foi acabando para todo mundo, algo já comum no estilo de jogo de Roberto Fernandes e mais do que esperado para o tamanho da entrega de vontade e desempenho do América na partida até então.
Só no finzinho o Juventude entendeu que o América não tinha mais muito a dar e resolveu pressionar, mas os pênaltis selaram o destino da vaga e dos milhōes.
Todas as cobranças de ambos os times foram bem feitas, com a exceção da executada por Renan Luís, que voltou ao time depois de certo tempo de inatividade. Bateu no centro do gol e Luís Carlos só precisou esticar o braço, sem nem sair do lugar, para desviar completamente a trajetória da bola.
Aqui, abro parênteses. Que sina é essa dos laterais esquerdos do América nas últimas desclassificações, hein? Danilo perdeu um gol feito na Série D 2017, Kaike fez um gol contra na Série D 2019 e agora Renan Luís com essa cobrança infeliz na Copa do Brasil. E se forçarmos a barra, temos também o pênalti na lua de Jadson, que também chegou a atuar na lateral esquerda na Série D 2018.
No fim, ficou uma sensação de que o América merecia melhor sorte tanto pelo que fez neste jogo como pelo jogo lá no RS. Mas futebol é assim mesmo. Não faz muito tempo e o próprio América venceu o Globo num jogo decisivo sem merecer muito.
O América de Roberto Fernandes despede-se então da edição atual da Copa do Brasil sem conhecer o gosto nem de vitória (embora as duas classificações anteriores tenham servido neste quesito), nem de derrota (aqui a desclassificação de hoje supre a lacuna): foram 4 empates (um 0x0 e os outros em 1x1).
A faca segue afiadíssima entre os dentes para a decisão de segunda-feira contra o ABC no Frasqueirão. Só que agora os empates só servem ao ABC, que conta com mais dois para ser campeão antecipadamente. Ou seja, o América precisa mostrar força na casa do adversário para adquirir a vantagem na final do turno, sob pena da questão do título estadual seguir de vez para o Frasqueirão ser apenas mera formalidade.
Pelo menos eu imagino que agora há um lateral direito ofensivo para avançar até a linha de fundo (estreia às vezes engana) e um atacante de encher os olhos da torcida americana. Vejamos o que Roberto Fernandes apronta para segunda-feira, porque a cota de empates do América já se esgotou faz tempo, como os pênaltis de hoje e a tabela do estadual apontam.