terça-feira, 12 de julho de 2016

Onde está o dinheiro?

Como prometi no Podcast de domingo (Na Pressão), publico agora os trechos da alarmante entrevista do presidente do ABC Judas Tadeu à Tribuna do Norte de domingo (10/07, página 6 do caderno Esportes). Desde então eu me pergunto onde está o dinheiro do patrocínio master do ABC, que não estaria sendo repassado por um problema contratual. Os valores que precisam ser arrecadados assustam. Confira os trechos exatamente como publicados na Tribuna:

"Como estão as finanças do ABC?
Nós terminamos de pagar os compromissos do mês de maio. Entendemos que apesar de todas as dificuldades que encontramos, incalculáveis, que a gente já esperava mesmo enfrentar e juntando essa situação a ausência do público no estádio e a ausência de patrocínio, falta saldar ainda o mês de junho, que ainda está dentro do prazo. A situação está equilibrada, mas temos ciência que a partir de julho a situação irá ficar ainda mais apertada.

Quando se diz situação apertada, a diretoria está se referindo a que?
Me refiro a possíveis travamentos aos pagamentos que vinham sendo realizados dentro das datas. Por exemplo: até o dia cinco de cada mês a gente pagava o contrato do jogador definido na carteira de trabalho e a partir do dia 10 o vencimento era completado com o pagamento dos direitos de imagem. No dia cinco pagávamos os funcionários e isso só foi possível até maio. Foram cinco meses de muito esforço para manter a situação controlada. Mas a partir de julho não posso garantir o cumprimento desse calendário, também não posso dizer que ocorrerá um atraso longo. Vendo a dificuldade surgir nós já conversamos com a diretoria de futebol, comissão técnica e pedimos paciência e um voto de confiança aos atletas, pois no futebol atual, nem sempre é possível se pagar salários rigorosamente em dia. As dificuldades são imensas, mas ainda assim considero que o ABC está equilibrado.

Quais são as fontes de recurso do ABC atualmente?
Não temos patrocínio master, tem um contrato assinado com uma empresa que estampa a sua logomarca na camisa do ABC, mas o clube não vem recebendo os repasses financeiros por causa de um problema no contrato. Receitas mesmo nós temos uma pequena participação da Ster Bom, que chega a R$ 5 mil, e uma de R$ 10 mil da Unimed. Com o projeto de sócio torcedor a média de arrecadação chega a R$ 80 mil ao mês e a Timemania tem dado uma média de R$ 150 mil ao mês. Nós atualmente temos uma arrecadação inferior a R$ 400 mil e o clube tem seus compromissos que passam de R$ 800 mil a cada mês. Essa é a verdadeira história financeira do ABC hoje.

Mas o que faz a conta do ABC chegar a R$ 800 mil ao mês?
Isso ocorre devido aos acordos do Caex, que é de R$ 70 mil, e também outros acordos firmados pela administração anterior que têm de ser cumpridos também. Só de acordos trabalhistas e judiciais existem um débito de mais de R$ 70 mil, então apenas para saldar dívidas passadas são quase R$ 150 mil. Isso apenas dentro do futebol profissional, sem incluir o pagamento a fornecedores e as obrigações sociais que estão sendo parceladas. A situação não é fácil, mas a gente sabia que iria encontrar essa dificuldade e estamos procurando administrar tudo da melhor forma possível.

O que vinha acontecendo até maio que vai deixar de acontecer agora para deixar o presidente Judas Tadeu tão pessimista?
Minha principal preocupação é que devido à dificuldade da economia e de conseguir parcerias são muito grandes. Entendemos a dificuldade do torcedor, que não está livre desse momento de crise, as arrecadações têm sido pequenas, diria que quase inexistentes. No ano, nós só tivemos uma renda considerada boa, a da final do Estadual contra o América que nos deixou R$ 180 mil. Lamento que as demais rendas só tenham dado basicamente para cobrir os custos de uma partida. Meu pessimismo se explica pelas dificuldades de se encontrar empresas interessadas em investir no futebol. Digo que essa é a nossa maior dificuldade.

Na visão da diretoria, quanto o ABC vai precisar arrecadar para terminar o ano com as contas saneadas? 
A conta do futebol vai fechar se conseguirmos arrecadar R$ 3 milhões. É uma média de R$ 500 mil para fechar a folha de pagamento, juntando o elenco profissional, estrutura administrativa e as categorias de base. A partir de julho, o ABC vai necessitar arrecadar R$ 500 mil todo mês para não escangalhar suas contas. Esse será o custo do futebol e do pessoal de apoio até o mês de novembro, quando encerra a série C e nosso poder de arrecadação atual é de R$ 300 mil/mês. A continuar dessa forma, as contas não vão fechar e iremos acabar o ano com um déficit bem razoável nas contas. Isso é apenas a despesa com o futebol, não estão relacionadas outras coisas que o clube necessita para se manter. A situação é preocupante.

(...)

Frente a essa escassez de dinheiro, com a vaga na Copa do Brasil e na Copa do Nordeste de 2017 garantida, o ABC vai pedir antecipação de cotas?
Nós já pedimos a antecipação. Isso contra a minha vontade, não sou a favor de antecipação de receitas, mas o clube foi obrigado a partir para essa alternativa pedindo adiantamento de uma parte da cota de participação na Copa do Brasil. Agora estamos tratando junto com o presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol (FNF), José Vanildo, da possibilidade de fazer o mesmo com a cota da Copa do Nordeste.

Essa antecipação solicitada seria de quanto presidente?
O montante pedido pelo ABC foi de R$ 400 mil. Fizemos a solicitação através do presidente José Vanildo que foi ao Rio de Janeiro e está tentando viabilizar esse acordo na CBF. Volto a destacar, sou totalmente contra esse artifício, mas hoje não temos outro caminho a não ser mexer em verbas programadas para o exercício do próximo ano. Essa antecipação será exclusivamente para fechar a folha do mês de junho e temos de fazer isso até o dia 30."

Não é preocupante?

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