sábado, 5 de abril de 2014

Um saboroso texto sobre Brasil 3x2 Holanda na Copa 1994

Para quem viu, como eu, o Brasil ser campeão de uma copa do mundo em 1994, este foi um jogo inesquecível. Para mim, ainda mais, pois estava nos EUA na época e lembro de ter comentado como fazia falta assistir a um jogo da seleção brasileira com a narração de Galvão Bueno (veja só!). Pois não é que o canal que transmitia o jogo colocou a narração de Galvão para o replay do gol de Romário, ainda com o jogo ao vivo? 

O texto abaixo foi retirado do seguinte endereço: http://pt.fifa.com/classicfootball/matches/world-cup/match=3098/index.html
Vale a pena relembrar ou saber dos detalhes pela 1.a vez.

Uma bomba de Branco
Famosos ao redor do mundo pelas suas habilidades, o Brasil desembarcou nos Estados Unidos com um único objetivo - vencer a Copa do Mundo da FIFA, custe o que custar. Os tricampeões não ganhavam o campeonato há 24 anos e, até certo ponto, a seleção verde-amarela concordou em deixar de lado a alegria e exuberância de seus antecessores e partir para uma tática mais sensata e uma determinação precisa na Copa do Mundo da FIFA EUA 1994.

A Holanda, com seus craques habilidosos, desta forma se colocava como um adversário interessante nas quartas de final. A vantagem mortal da dupla ofensiva, Romário e Bebeto, era o fator principal para essa equipe brasileira, que era na sua grande parte desconhecida, e a Holanda já havia mostrado uma certa fragilidade na defesa ao passar pela primeira fase e, em seguida, derrotar a Irlanda na segunda fase. No geral, os holandeses também pareciam uma versão menos harmoniosa de seus antecessores.

Ainda assim, era a primeira vez que os dois gigantes históricos se encontravam desde a semifinal da Alemanha 1974. Aquela foi uma partida de paixão e elegância incomparáveis, pelo menos para os holandeses que saíram vitoriosos. Para o Brasil, foi o começo de duas décadas de decepções. De acordo, claro, com seus padrões exigentes.

Alguns grandes nomesRomário, sempre ameaçador, de ombros largos, parecia o complemento perfeito para seu parceiro de ataque Bebeto. O apelido indispensável de Bebeto (“o bebê") caia como uma luva, uma vez que ele parecia um garoto frágil com seu calção sempre preso um pouco acima da cintura.
Romário recuou um pouco no começo da partida, impaciente por não receber nenhuma bola. Mas o goleiro holandês Ed de Goej defendeu facilmente seu primeiro chute. Já Ronald Koeman, um veterano remanescente da equipe holandesa campeã da Eurocopa em 1988, era o último homem da robusta linha de defesa holandesa.
Do outro lado, Marc Overmars, com sua extrema habilidade, provocava os zagueiros brasileiros com suas investidas hábeis e impetuosas pelo lado esquerdo, dando dores de cabeça para Aldair, com Peter van Vossen e Dennis Bergkamp esperando por suas jogadas.
Van Vossen, que é o que podia se chamar de “durão", o pior pesadelo de um defensor, dava o mesmo que recebia. E quando foi derrubado por Aldair logo no início, cobrou a falta para Bergkamp, ágil, arrojado e loiro, cabecear livremente e com perigo por cima do travessão. Frank Rijkaard, outro sobrevivente do êxito na Eurocopa 1988, tinha o compromisso de tapar os buracos em sua função de meio-de-campo de contenção, mas ele estava um pouco abaixo do defensor atlético e imponente que era nos anos anteriores.

Relances do velho estilo futebol-sambaO volante Mauro Silva arriscou um chute com efeito que quase encontra o endereço certo. O jogador, corpulento, é um perigo quando vem de trás, mas a verdadeira ameaça é Romário, sempre pronto pra atacar.

E quando tudo levava a crer que o primeiro tempo terminaria no empate, Bebeto e Romário brilharam juntos. Com passes suaves e toques de primeira quase deixaram toda a defesa holandesa aberta. É o “velho" Brasil de relance.

Esse entendimento repentino, porém, mostrou-se como uma dica do que estava por vir, uma vez que os brasileiros voltaram com um ataque devastador logo no início do segundo tempo. Os brasileiros de repente acordara, e ecos de Garrincha, Tostão e Pelé preencheram o ar de Dallas.

De repente a parede holandesa veio abaixo aos 53 minutos. No ataque holandês, um passe errado de Rijkaard é interceptado e lançado com perfeição para o ataque brasileiro. Bebeto recebe na esquerda, dribla seu marcador e faz um cruzamento por baixo para Romário. Ele superou Koeman, e seu chute da marca do pênalti terminou nos fundos da rede. Gritando e correndo até a bandeira do escanteio, ele comemorou de joelhos enquanto o jovem Ronaldo prestava muita atenção do banco de reservas.

O dinâmico Van Vossen, sem condições, deixa o campo bastante triste. Agora, tudo dependia de Bergkamp e ele era o herdeiro legítimo da coroa Laranja de Cruyff e Van Basten. Ao julgar pela preocupação em seu rosto, o artilheiro sabia muito bem disso.

Muito trabalho para o perigoso BergkampA Holanda parecia desmoronar, os toques das cornetas do antigo tema “The Saints Go Marching In" havia desaparecido no ar. O ritmo da batida brasileira era agitado, assim como os artilheiros sul-americanos, o que era mais importante. Bebeto avança pelo centro e dispara um chute que passa bem próximo à trave, levando a torcida ao desespero. Logo em seguida, Romário encara a meta adversária, mas De Goej sai e consegue acabar com a chance.
Pode não ser o velho samba, mas com certeza tem ritmo e eficiência. Dessa vez, aos 63 minutos, era a vez de Bebeto fazer o papel de herói. Ao colocar a bola em jogo novamente, o chute de De Goej é cabeceado de volta ao seu campo e Romário finge-se de desentendido voltando de uma posição irregular como quem não quer nada. Esperando o apito do árbitro, os defensores são pegos de surpresa. Vindo de trás da jogada com velocidade, Bebeto dribla o goleiro e toca a bola para dentro do gol vazio. Com 2 a 0 na frente e a semifinal à vista, ele corre para a posição do escanteio para celebrar com sua típica comemoração, como se estivesse carregando um bebê, em homenagem ao seu filho recém-nascido no Brasil.

Os holandeses haviam desmoronado, e tudo parecia perdido. Mas apenas alguns segundos após o segundo gol brasileiro, um arremesso lateral longo encontra Bergkamp invadindo a área. Passando por dois defensores, ele desvia a bola de Taffarel e marca o gol. Ele rapidamente pega a bola e retorna ao círculo central sem nenhuma comemoração. Talvez seja por isso que dizem que 2 a 0 é o placar mais perigoso. Um pouco depois disso, Rijkaard desiste e é substituído. Suas pernas já não agüentavam mais e o holandês tinha classe o suficiente para saber disso.

A experiência de Branco, a eficiência do BrasilDe repente a Holanda passou a acreditar no jogo novamente. Se tivessem que ser derrotados, seria lutando de forma honrada contra o gigante que tinha a sua frente. Bergkamp está de volta ao jogo mais acordado do que nunca. Em escanteio cobrado por Overmars, Aron Winter salta e vence Taffarel para empatar a partida. Sonhando com a semifinal, a comemoração dos holandeses junto à bandeira de escanteio foi estrondosa. Uma coisa é certa; Dallas, Texas nunca tinha visto um futebol como esse.

O novo Brasil, porém, soube manter a calma. Agora, liderados por jogadores guerreiros como Branco e Dunga, se lançavam ao ataque direto, acreditando que a vitória lhes era devida, de alguma forma, pelos seus anos de dor e sofrimento.
No final, o veterano lateral-esquerdo do México 1986 fica com uma falta para ser cobrada, mas muito longe. Após tomar uma longa distância, Branco dispara um chute a 25 metros que afunda a rede colocando o Brasil na liderança, faltando apenas nove minutos para o final da partida.

Os sul-americanos seguiram até a vitória final e ergueram a taça da Copa do Mundo da FIFA pela primeira vez desde que levaram a velha Jules Rimet em 1970. Após uma vitória magra sobre a Suécia na semifinal, jogaram uma final tensa, que foi a primeira a ser decidida nos pênaltis.

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