terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Para variar

Não, não sou nem um pinguinho fã de livros de auto ajuda. Entretanto, isso não significa dizer que não leia um ou outro livro do gênero de vez em quando. É que sou uma verdadeira traça, lendo até bula de remédio e panfleto bíblico que chega até as minhas mãos.

No caso, Siga Seu Coração, de Andrew Mathews, chegou até mim pelo título mesmo, que me chamou a atenção numa tarde na Saraiva há muitos anos. 

(Imagem de minha autoria)

Sem ter a menor intenção de menosprezar o gosto dos outros - sei que este tipo de livro é recordista de vendas e é melhor ler isto do que não ler nada, ou pior, ler apenas fake news no Whatsapp - acho este tipo de obra uma misturada de baboseiras contraditórias. Às vezes, um parágrafo consegue desdizer o anterior. Noutras, o autor - como um famosíssimo nacional - roda, roda, roda e não sai do lugar. Eu acabo o livro e não cheguei à conclusão prometida porque simplesmente não há começo, meio e fim, ou conclusão, mas sim um amontoado em espiral que chega a lugar nenhum.

Siga Seu Coração tem muito disso. Mas algumas páginas conseguem enfim trazer pensamentos interessantíssimos do ponto de vista filosófico, ainda que seu autor possivelmente nem tenha se dado conta disso, com uma visão de mundo que na maior parte do tempo nem combina mais com a realidade que vem sendo construída desde a geração X, e muitíssimo aprofundado por millenials e a geração Z.

Há, por exemplo, um importante questionamento sobre o objetivo da vida, quando o autor deixa claro que, à beira da morte, nunca pedimos a alguém para cuidar de nossos bens, e sim das pessoas amadas. Por que somente nesta hora percebemos a única ordem de prioridade possível para os nossos cuidados? O questionamento é meu, deixo claro.

Por acidente, terminei voltando a este livro, já que me decidi na pandemia a ler pelo menos 3 livros ao mesmo tempo (pelo menos um capítulo de cada por dia), um técnico (Direito e suas conexões, como filosofia), um de ficção e um tido como não ficção e que não envolva Direito. Voltei por acidente, porque pensei que estava pegando um outro (já notaram como esse tipo de livro tem um modelo fielmente seguido de diagramação?) e terminei lendo novamente pela beleza de seu título. Apesar das caretas que fiz pelo desgosto com certas "lições", considero a experiência boa justamente por ter encontrado pontos que já me pertenciam às minhas reflexões há tempos.

Há também umas ilustrações engraçadinhas e a leitura é leve, garanto. Vale o passatempo.

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