terça-feira, 15 de junho de 2021

Estômago revirado

Ontem, precisei dar uma passadinha no Nordestão Ponta Negra para comprar um produto essencial que esqueci nas compras da semana passada. Fui num horário tranquilíssimo para uma segunda-feira, o meio da tarde.

Vagas em profusão no estacionamento. Assim que descemos do carro e caminhávamos para o hall de entrada, chegou um Hyundai Creta preto e estacionou na vaga destinada a pessoas deficientes. Isso já me chamou a atenção ante a ruma de vagas disponíveis que não aquela.

Do carro desceram 3 pessoas com o milagre instântaneo de voltarem a andar: um homem, uma mulher e um menino. Se bem que a vaga poderia ser utilizada com apenas uma daquelas pessoas sendo deficiente. Quem dirigia o carro era o homem. Ninguém aparentava o menor constrangimento com aquela óbvia invasão do direito alheio. 

Passei pela porta do hall do Nordestão já com o estômago embrulhado com aquela cena que ocorria lá no estacionamento. Não demorou e os 3 passaram pela mesma porta. A mulher e o menino usavam máscara adequadamente. O homem se orgulhava de levar a sua cobrindo apenas o queixo. Subiu a esteira rolante em plena felicidade por exibir sua imbecilidade: tirou a vaga de um cadeirante no estacionamento e seguia serelepe se expondo e expondo os outros, principalmente a mulher e o menino que lhe acompanhavam (pareciam ser uma família). Achou pouco, entrou numa pequena loja e foi atendido com a mesma explícita quebra de regra sanitária. Sobre isso, caberia às vendedoras exigirem que ele posicionasse a máscara adequadamente para que lhe atendessem, como vi um gerente da Caixa fazer quando de um recebimento de alvará, mas imagino que a pessoa que tem a propriedade da loja e/ou as próprias vendedoras consideram um absurdo perder uma potencial venda em troca de livrar o mundo de um comportamento de risco. E assim vamos seguindo sem arrefecimento na transmissão da Covid-19.
 
Mais um pouco e a turma se aproximou de nós no supermercado. Segurei imediatamente o braço de Janaina para pararmos e deixarmos aqueles riscos ambulantes se distanciarem de nós. 

Presenciar uma demonstração dessa de atos ilegais em sequência sempre me faz questionar se aquele homem não é o mesmo que reclama que este país não tem jeito, que todos os políticos são ladrões, e toda aquela ladainha de quem jura que tem uma alma pura e seguidora de todas as regras do mundo civilizado. É por gente assim, que não começa a ser a mudança que deseja ver nos outros, que o Brasil virou a pocilga onde o Sars-Cov-2 se refestela livremente. Quantos milhares de cidadãos de bem não seguem a mesma rotina Brasil afora? Meu estômago segue revirado até agora.

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