quinta-feira, 10 de junho de 2021

A tristeza do supermercado

No início da pandemia, eu sentia uma enorme tristeza ao voltar para casa depois das compras no supermercado. Acostumada com esse momento família, passei a ter que fazer as compras sozinha, mascarada e assustada. Nem sei quantas vezes chorei no carro na volta.

Agora, a tristeza bate quando preencho os preços no aplicativo que me ajuda com a lista e principalmente quando passo as compras no caixa. Vejo os itens no carrinho e me pergunto como aquela quantidade pode ter passado de R$ 100. 

Devo alertar que faço compras semanais e atualmente frequento 3, às vezes 4, supermercados a cada semana. No início da pandemia, ia a apenas um, pelo medo da contaminação. Porém, a disparada dos preços para quem perdeu uma boa parte da renda logo me jogou para a realidade do tour semanal dos supermercados. Carrefour, Super Show e Nordestão me disputam com os produtos que cada qual tem com os melhores preços. A depender da oferta, acrescento o Favorito, ou até Fazendinha e Rede Mais no tour. Sou capaz de apontar até os centavos de cada produto que compro com frequência em cada um deles.

Virei a pessoa que assiste a stories de supermercado no Instagram e no Facebook. E confere os encartes virtuais. Todos eles. Qualquer um deles. Sempre em busca daquela promoção espetacular, tipo loteria premiada.

E a tristeza? A tristeza é a constatação de que é impossível gastar hoje o que gastávamos no início da pandemia, há pouco mais de 1 ano. O gasto semanal teve acréscimo de, em média, 50%. Essa é inflação de alimentos aqui em casa. E olhem que sou daquelas que aproveita a promoção daquele item da semana para comprar logo a quantia do mês, economizando uns trocados a cada 30 dias.

Atualmente, comprar carne e queijo é realizar a verdadeira magia da matemática. O queijo mussarela (na verdade, muçarela em bom português), por exemplo, custava R$ 25,98/kg na quinta-feira passada no Nordestão. Hoje atingiu a bagatela de R$ 39.99/kg. Mais de 50% de aumento, portanto.

A carne só pode ser adquirida em promoção, que varia de R$ 35-37/kg. Fora disso, prepare-se para o desembolso de R$ 46-48/kg. Camarão está bem mais barato, só para se ter uma ideia.

Até cardápio semanal estamos elaborando para não haver desperdício nem mesmo de legumes. Quantas cebolas serão usadas nas receitas? Quantos tomates? Frutas são contadinhas por porção e por refeição. Quantos limões serão consumidos no café da manhã? E goiabas? E maçãs? E mamões? Se algo estragar por obra da natureza, a tendência é que a falta fique valendo até as compras da semana seguinte.

Aí penso naquelas pessoas que estão em situação ainda mais difícil neste país. Como uma família se alimenta com os valores do Bolsa Família ou mesmo do Auxílio Emergencial, se o que se recebe não supre nem as compras de uma semana de 3 pessoas? 

É pensando nisso que sempre acrescentamos pelo menos um item para doar naquela campanha do Busão Solidário, sempre presente no Nordestão, por exemplo, além de ajudarmos sempre que podemos um grupo do qual uma amiga faz parte e que serve jantar para a população de rua.

Acho que o relato já dá uma ideia da tristeza que me acomete a cada semana no supermercado. Será que um dia voltaremos a um patamar mais amigo do bolso?

P.S.: para piorar, ainda temos que cruzar com gente que baixa a máscara para espirrar, ou que anda com o nariz de fora, ou que não sabe respeitar distanciamento em fila numa pandemia de vírus respiratório. Só Deus na causa! 

P.S.2: adotamos de vez as sacolas reutilizáveis, que são uma verdadeira mão na roda na hora de retirar as compras do carro. Super práticas, elas deixam a atividade muito mais rápida e quase sem esforço. Sacolinha plástica só para trazer produtos que podem derreter (ainda assim, também vêm dentro da sacola reutilizável).


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