sábado, 1 de dezembro de 2018

Uma graça

Uma eleição na OAB/RN é um evento memorável. Mas nem pense que é pelo glamour ou coisa semelhante. Nada disso. É pelo clima mesmo.

Do nada começamos a receber ligações dos partidários. Antigamente, essas ligações eram da chapa da situação. Em priscas eras, o próprio candidato me ligou e até me ofereceu uma possível vaga na comissão que fosse do meu interesse. Como se eu tivesse tempo e paciência para tais reuniões ou gostasse de tais ofertas. Da única vez em que participei de uma comissão dessas - o que não durou muito - fui atendendo a pedido de minha mentora desde os tempos de estágio na OAB/RN, Dra. Margarida.

Na eleição deste ano, foi a oposição que gostou de bater papo comigo. Perdi as contas das ligações recebidas. Bati bons papos (adoro!) e defendi alguns pontos que acredito estarem em falta na atual gestão. Mas não prometi meu voto. Afinal, por toda a gratidão que tenho a Dra. Margarida, é preciso muita, mas muita credibilidade mesmo de outra chapa para que eu não atenda a um singelo pedido de minha eterna mentora.

No dia mesmo da eleição, o clima sempre me remete aos velhos jogos internos dos meus tempos de Escola Doméstica de Natal. Sim, há claques com gritos organizados e mamães sacodes. Não,  não são profissionais de recreação contratados, mas advogados e estagiários e simpatizantes. Cada grupo com a cor escolhida: azul, rosa ou verde. É uma verdadeira peregrinação atravessar esses grupos. Dá para prometer uns 300 votos diferentes para avançar mais rápido.

Neste ano, a OAB repetiu a dose com a Arena das Dunas como local de votação. Antigamente era no Centro de Convenções. Era votar e renovar as energias olhando o marzão de Natal. Agora, o estresse é que se renova com a falta de estacionamento com o Carnatal instalado.

Para minha sorte, um dos flanelinhas me reconheceu ainda do tempo do Machadão e imediatamente me arranjou uma vaga que parecia especialmente reservada para que eu não perdesse tempo. Saí da fila e estacionei. Sabe-se lá de que horas eu teria saído da Arena se tal providência não tivesse caído do céu.

Votar mesmo é na urna eletrônica. Pelo menos a minha categoria não me envergonha com estória (com E mesmo) de urnas fraudadas.

O resultado é noticiado pela imprensa. As claques são desfeitas e a vida segue até a próxima eleição daqui a 3 anos, quando viveremos o mesmíssimo roteiro de ligações de novos amigos, claques à la jogos internos dos tempos de ED e romarias até o local de votação.

Um ciclo sem fim. Pelo menos engraçado é.

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