sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Escravos do tempo

Pode parecer clichê, especialmente por faltarem pouco mais de 20 dias para o fim do ano, mas tenho impressão de que nos tornamos escravos do tempo. Vivemos para ele e em função dele, sem nos tocarmos de que sua passagem fatalmente nos encurta a existência.

Torcemos para que ele voe. Que chegue logo a sexta; que venha o feriado; que cheguem as férias urgentemente; que o ano acabe depressa. Para quê? Corremos muito, mas sem destino. Ansiamos pelo amanhã e esquecemos que o hoje foi o amanhã de ontem. 

A vida vai passando não como uma sucessão de eventos significativos e, na medida do possível, diários, mas como uma corrida até o que vem depois. Estamos sempre apressados e sem tempo. 

De vez em quando tenho saudade de quando o tempo não se arrastava; ele nem parecia existir. Nada era mais interessante do que ver o curioso funcionamento do esguicho do jardim, levando água num verdadeiro balé até os cantinhos mais distantes da grama. Ou acompanhar as filas de formiguinhas até seu formigueiro. Comparar o reflexo das imagens em cada uma das bolas da árvore de natal.

Tudo isso seria perda de tempo hoje. O precioso tempo deve ser gasto com coisas mais importantes. Fiquei procurando o que seria mais importante do que viver e fazer valer cada segundo que passa...

Fechamos os olhos e o tempo de escola parece que foi ontem, mas já nos deixou há algumas décadas. Assim mesmo a faculdade, os nossos avós, os encontros diários com os amigos.

Que feitiço será esse que nos prende ao amanhã, nos faz desprezar o presente e depois traz arrependimento ante a observação do que passou de passagem por nós? Seremos um dia capazes de entender o tempo a ponto de dominá-lo? Vamos extinguir essa angústia coletiva que nos faz correr não sei para onde o tempo todo? Acharemos enfim a liberdade?

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