domingo, 20 de dezembro de 2015

A liberdade é preciosa


A dialética hegeliana propõe uma nova realidade pelo embate de contrários. Um tese faz surgir com força uma antítese. Desse conflito temos uma síntese ou nova realidade.

Em Certas Coisas, Lulu Santos já cantava isso de forma mais direta: "Não exisitiria som se não houvesse o silêncio/ Não haveria luz se não fosse a escuridão".

Neste ano, recebi um carinhoso presente de Rayane, com quem tive a felicidade de estabelecer um rico convívio quando o destino me colocou como sua professora em alguns semestres: o livro A Revolução dos Bichos de George Orwell. Para quem não conhece, o escritor britânico denuncia através de uma fábula os desmandos do regime totalitário com disfarce de socialismo imposto aos soviéticos.

Mais do que a aberta crítica ao regime por muitos esquerdistas ainda hoje louvado como exemplo para o mundo, o livro de Orwell mostra que o mal de qualquer regime é o excesso de poder, sempre estabelecido à custa de muita opressão. 

Orwell defende o que nos é muito caro em vida: a liberdade. Não há bem mais precioso, nem mesmo a vida, visto que uma vida sem liberdade é pesadelo sem fim. Mas nem sempre nos damos conta disso.

Essa liberdade inclui obviamente a liberdade de pensar e de se expressar. Nas sábias palavras do autor, "A liberdade, se é que significa alguma coisa, significa o nosso direito de dizer às pessoas o que elas não querem ouvir." Assim, não há atentado maior a uma democracia do que o controle sobre o que pode ser expresso ou que se admite como verdade a ser publicada. Este é o primeiro ato de toda ditadura: controlar o que se diz e quando se diz. 

São muitos os exemplos vergonhosos de censura, seja no passado, como no Brasil de 1964 até a chegada da Constituição/88 e na ex-URSS, seja no presente, como nos regimes ditos comunistas de China e Cuba, ou mesmo falsamente democráticos como Venezuela e Rússia, dentre tantos outros.

O passo seguinte é inventar teorias de conspiração, distorcer fatos históricos, atribuir tudo de ruim a adversários e inventar um grande inimigo poderoso (normalmente a mídia, palavra sempre usada em sentido pejorativo). Tudo no intuito de levar no bico os mais inocentes. Estes logo apoiarão atrocidades em nome da segurança contra tais forças.

Nesses tempos de fanatismo quase religioso de esquerdistas e direitistas, ler A Revolução dos Bichos é por os dois lados no seu devido lugar: quem defende o fim da liberdade de expressão (o que inclui a de imprensa) não passa de um potencial ditador com todos os requintes de crueldade típicos dos regimes totalitários. 

O livro de George Orwell é então leitura obrigatória. 

Muito obrigada, Rayane, por tão maravilhoso presente! 

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