Ontem foi a 19.a partida em sequência que o ABC não venceu na Série B 2015. Um recorde no futebol brasileiro, quiçá, mundial.
Mas o que me chamou a atenção foi uma crítica pra lá de pertinente feita no Twitter por Ricardo Bezerra à imprensa esportiva do RN. Ricardo reclamou que uma crise imensurável dessa no ABC só produz críticas direcionadas a treinador e jogadores do alvinegro. Diretores e presidente do ABC passam incólumes. Ricardo foi contundente ao afirmar que as derrotas do América têm voz.
De fato, tomando a Rádio Globo Natal como parâmetro por ser historicamente a de maior audiência e, claro, contar com a minha audiência nos jogos, em todas as crises do América, presenciamos um contato telefônico com o presidente, o vice de futebol, o presidente do conselho deliberativo ou algum conselheiro mais destacado. A voz do América, como disse Ricardo Bezerra, é sempre ouvida.
No caso do ABC, com exceção da época em que lá esteve Marcelo Abdon como diretor de futebol, impera o silêncio. Nada de entrevista com Rubens Guilherme, Rogério Marinho, o presidente do CD ou algum conselheiro de destaque. O problema não seria da rádio, segundo soube, mas do pessoal do ABC que foge como o diabo da cruz quando o bicho pega por lá. Acredito que a causa seja essa mesmo. Me lembro bem de Judas Tadeu, que não dava entrevistas em derrotas. De lá para cá, a coisa piorou, já que nem aparecer com frequência no clube os mandatários querem mais, conforme relatado há pouco na imprensa. Mas falta registrar de público que o contato está sendo ou foi tentado, mas dirigente X não responde. Do contrário, fica a péssima impressão de que a imprensa blinda os dirigentes do ABC e joga aos leões os do América.
Aliás, taí uma coisa que a torcida do América não pode reclamar da maioria dos dirigentes americanos: eles dão, com raríssimas exceções, a cara para bater.
Já o ABC vive a maior crise de sua história em pleno ano do centenário. Acumulam-se dívidas trabalhistas e recordes negativos, como a ausência de vitórias tanto em casa em todo o campeonato como na avolumada sequência de 19 partidas, e ninguém presta uma satisfação ao torcedor. A cobrança fica mesmo para treinador e jogadores, como se eles tivessem chegado ao ABC de paraquedas.
Faltando ainda 8 jogos para o fim da agonia abecedista, estamos agora todos à procura de um dirigente que aceite prestar satisfação à torcida do ABC pelo desastre que foi este centenário. Afinal, quem colhe os bônus também arca com os ônus.
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