sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Discurso vazio e indiretas

Aí estão duas coisas que conseguem me irritar profundamente. Vou começar pelas indiretas. Ah, negócio chato! Sou fã de coisas resolvidas olho no olho, sem recados. Se tenho um problema com você, vou resolver com você. Botaremos tudo em pratos limpos e, a partir de então, tudo serão águas passadas para mim. 

Só que depois da invenção das redes sociais, a moda é resolver problemas de toda ordem mandando recados para o mundo, menos para quem os ditos são endereçados. Tô com raiva do seu olhar atravessado hoje? Vamos de "não venha me procurar chorando amanhã". Assim, para dezenas, centenas, milhares, milhões. Menos para o dono do olhar atravessado. Ou então, "agora haverá choro e ranger de dentes". Sinceramente, prefiro a baixaria que rolou no Congresso nesta semana: "Bandido é Vossa Excelência". Direto na ponta do queixo. 

Aliás, isso me lembra os recados dos parques de muito antigamente e até das rádios nem tão antigamente assim. Músicas eram oferecidas "de um alguém para outro alguém". Pelo amor de Deus, isso é o cúmulo da covardia! Quem danado vai saber quem mandou e para quem? Pior, qualquer pessoa pode se encaixar nos dois papéis. O autor da homenagem pode nunca ser identificado e até atingir alvo totalmente diferente.

Discurso vazio é outro troço chato de doer. Aparece sempre um "todo mundo sabe...". Aprenda a identificar a pegadinha, caro leitor. O interlocutor usa essa expressão para lhe intimidar. Se você diz que não concorda, é porque é o único que não sabe. Ele conta com seu receio de parecer ignorante para lhe empurrar goela abaixo um conceito que ele criou e que não encontra respaldo na realidade. "A maioria", "alguns", "muitos", "poucos" são outros artifícios do discurso sem qualquer embasamento argumentativo. 

Outra característica do discurso vazio é que ele roda, roda, mas não sai do lugar. Não é construtivo, embora conste em sua expressão exatamente o contrário. Só consegue impressionar os que não têm qualquer apreço pela leitura. Os que vivem de e para ler morrem de tédio com eles. Parecem mais "A Voz do Brasil" no meio de um show de rock - não têm lógica.

Por mais dias sem indiretas e discursos vazios, que tenhamos todos coragem de resolvermos nossas questões cara-a-cara e de lermos mais revistas, jornais e, principalmente, livros. Posso garantir que tais atitudes nos dão uma sensação indescritível de liberdade e plena satisfação pessoal. Só experimentando para saber.

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