O candidato único à presidência do América Leonardo Bezerra teve entrevista publicada na capa do caderno de esportes de domingo e os principais trechos seguem abaixo.
Desafio financeiro
Temos que deixar o clube viável financeiramente. Então a conquista da vaga na Copa do Nordeste e na Copa do Brasil para 2021 é de extrema importância para que o América continue forte. As nossas maiores verbas vêm de competições que participamos. Então, para chegar a essas competições, temos que ter o resultado dentro de campo. Paralelo a isso, a volta do sócio torcedor, que abraça a ideia quando vê que o clube está caminhando certo. Então, que o clube possa caminhar certo e que voltemos a ter um quadro de 4 ou 5 mil sócios pagantes.
Gestão moderna x crise financeira
Para mim, é uma gestão em que você não precise de recursos de abnegados, que o clube consiga caminhar com as próprias pernas. Só que hoje nós vivemos um período de forte recessão no Brasil, mais notadamente no estado do Rio Grande do Norte. Você vê aí funcionários com dois anos sem receber 13.° do estado. Então, a crise, eu que sou empresário sei disso, ela ainda está fortemente instalada em todos os setores do nosso estado, e principalmente na área de marketing, de propaganda, a verba de comunicação, de divulgação [das empresas] é muito [pequena]. Então nós temos que buscar parcerias fora do estado, empresas nacionais, e isso se torna muito difícil porque o mercado para se instalar no Rio Grande do Norte está cada vez mais complicado. Então a modernização passa por isso. Primeiro, você independe de conselheiros, de abnegados para que o clube caminhe. Isso é fator preponderante. Além disso, tem que fazer o planejamento e seguir esse planejamento com metas a serem alcançadas, objetivos, e você remunere seus vários setores de acordo com seus objetivos. O futebol tem que ser profissional. Dirigente não pode ser aquele que se ache o entendedor de futebol, até porque ele não vive 24h de futebol como um profissional vive. A gestão de marketing tem que ser profissional. Nem falo do administrativo, porque temos bons administradores aposentados dentro do clube que se propõem a fazer um trabalho sem cobrar nada, por amor ao clube, mas no futuro teremos que remunerar essa parte para acabar de vez com essa história de trabalhar por amor. Você trabalhou, tem que ser remunerado em cima de objetivos e metas.
Cardeais
Eles que construíram a história do clube. Hoje o América tem um patrimônio muito grande. O América tem patrimônio estimado em cerca de R$ 200 milhões. Isso tudo foi conseguido através de parcerias, de pessoas que deram a vida pelo clube, deram seu patrimonial clube. Então temos vários casos aqui que podemos citar de pessoas que ajudam ou ajudaram o clube. Os cardeais têm história, mas tudo precisa se modernizar e eles não vão atrapalhar de forma nenhuma. A experiência de uma pessoa dessas é importantíssima dentro do clube. Temos que aliar experiência com modernidade. E é isso que pretendo implantar, [juntando] todas as alas do América, de cardeal, de torcedor, de gestor, para fazermos um América mais forte.
Gestão que vem da arquibancada
Pessoas que não sejam daquele ciclo, vamos dizer assim, de sangue azul, dentro do América, que são muito importantes, repito, que têm história lá dentro. Mas que se mude um pouco os sobrenomes, que se mude um pouco a forma de pensar, até porque quando você tem um pai, um tio, alguém muito próximo, você pensa igual àquelas pessoas, pois foi educado por essas pessoas. Então você moderniza as ideias, mas acho que a gestão de arquibancada é aquela pessoa que estava lá até pouco tempo e conseguiu ir ajudando dentro do clube, e hoje conseguiu carregar um posto alto, como o de presidente do clube.
Arena América
A Arena América tem que ser rentável. Nós não podemos ter um elefante branco em nossas mãos. Não podemos ter uma estrutura daquelas só para treinar. Ela tem que se pagar e ela já tem estrutura feita para isso. Ela tem uma estrutura para atender eventos, para atender jogos de outros clubes que paguem o aluguel e até os próprios jogos do América. Não é justo nos jogos na Arena das Dunas nós destinarmos um percentual por contrato para pagar a Arena e os seus custos e lucro e não repassarmos esse percentual para Arena América. Acho que a gestão tem que ser não dissociada, mas em paralelo com a administração do clube, tem a da Arena América. E assim ela conseguirá se viabilizar, se monetizar, e aí caminhar com as próprias pernas, para que, com isso, possamos fazer os próximos módulos, em especial os camarotes, pois os cessionários foram os maiores patrocinadores dessa primeira etapa, a iluminação artificial, pois não tem cabimento de termos um estádio e só podemos jogar até as 17h para aproveitar a luz do sol. A Arena vai ser rentável, e com isso construirá os próximos módulos.
Dívidas do clube
A gestão de Eduardo Rocha não deixou nenhum débito trabalhista para o América. Ele que tão os trabalhistas de administrações passadas e não vai deixar nenhum novo. Existem ainda ações a serem julgadas, e depois transitadas, e tal. Mas nesse momento em que dou essa entrevista, não tem nenhuma ação judicial contra o América. O clube tem pendências com alguns impostos que serão parcelados e são totalmente saudáveis. Temos algumas receitas que serão destinadas ao pagamento desses impostos parcelados. E temos que ter só certeza agora de todas as receitas que o clube tem, como aluguéis de sala, contrato com Arena das Dunas, qual realmente o valor que entra para o clube com receitas de competições, quanto clube poderá acabar com sócio-torcedor e outras receitas que o clube tem. Através do levantamento dessas receitas e despesas que for passado ao eleito, você faz um planejamento para saber quanto conseguirá gastar com o futebol.
Gestão do futebol
A já estão tem que ser profissionalizada. Temos que trabalhar com um executivo, que trabalhará junto com o treinador para a montagem do elenco. Ele se reportará diretamente ao presidente e ao vice, e [estes] serão responsáveis pela gestão do futebol. Não terão a interferência de mais nenhum outro setor do clube. O treinador tem que ser um cara conhecedor do mercado que o América pode ir atrás de jogador. Não adianta eu ter um treinador de série A, que só conhece jogador da série A ou B, se nós não poderemos pagar. O treinador tem que conhecer o mercado, as competições que iremos disputar e ter um perfil vencedor. Tem que ter sido campeão estadual, passado de várias fases da Copa do Brasil, Copa do Nordeste. Esse é o perfil que eu quero. Um perfil de sucesso e com acesso na carreira. Preciso de um vencedor. Se não for isso, não adianta, porque não vai vingar aqui na América. Será só mais do mesmo.
P.S.: como já divulguei ontem no Podcast e hoje no blog, a imprensa de SC dá como certo o acerto do técnico Waguinho Dias com o América e Dionísio Outeda e Marcos Lopes afirmam que Luciano Mancha será o executivo de futebol do clube na gestão de Leonardo Bezerra.
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