Um absurdo o que aconteceu em Recife no sábado passado. O grupo potiguar de teatro Clowns de Shakespeare estava a postos para entrar em cena para a segunda sessão do espetáculo Abrazo quando, 5 minutos antes da sessão, a Caixa Econômica Federal anunciou o cancelamento da sessão por um misterioso descumprimento contratual até agora não esclarecido.
É bom dizer que o espetáculo é baseado na obra O Livro dos Abraços, de Eduardo Galeano, e segundo a Tribuna do Norte de hoje, "se passa num país onde não é permitido às pessoas se abraçar ou demonstrar qualquer tipo de afeto. Dentro do universo da fábula infantil, a peça trata o efeito das guerras e proibições na vida das pessoas. A narrativa é contada na perspectiva de um menino e sem uma palavra falada sequer - porque também é proibido falar."
Ora, ora, descumprimento contratual sem indicação exata do que está sendo descumprido é só um disfarce para aquela velha conhecida que resolveu dar as caras no Brasil na última semana: censura.
Nenhuma ditadura se instala sem aviso. E já estamos avisados disso desde os tempos de escola. Ou da campanha eleitoral do ano passado. Ou de agora.
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