sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A eleição do xadrez

Além da eleição da vergonha, a eleição presidencial atual no Brasil também pode ser tida como a eleição do xadrez. Nada de xadrez eleitoral, vivemos um verdadeiro xadrez político. 

Acostumados que estávamos entre embates PT x PSDB, fomos apresentados a uma onda extremista, radical, fanática de direita que ameaça varrer todos os direitos políticos Brasil afora.

Dentre 13 candidatos, um personifica iminente ameaça à jovem democracia brasileira. Com apenas 30 anos, essa jovem vê crescer o apoio a um discurso que prega loas à ditadura militar, que rejeita a igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros, heteros e gays. Um discurso que enaltece a repressão de direitos trabalhistas enraizados na economia brasileira, como o 13.° salário e o adicional de férias (para quem acha que esses direitos não põem a roda da economia para girar, veja o afundamento da economia potiguar pela falta de pagamento do 13.° salário pelo governador Robinson Faria em dezembro passado). Um discurso que entende que a solução para a violência é que cada cidadão deste país carregue a sua própria arma na cintura (como ela será adquirida pelos pobres mortais é questão de menor importância), ainda que bandidos sempre contem com o elemento surpresa a seu favor.

Um discurso que entende que a solução para a educação de base neste país é o ensino à distância, imaginando um mundo de fantasia onde pessoas que nem têm o que comer nos mais distantes rincões deste país terão computador e internet, isso para não falar da sandice de pensar que tal metodologia seja aplicável a crianças. Ou talvez o objetivo seja o escárnio puro com os problemas reais dos brasileiros.

De todo jeito, tudo é muito lógico para quem tem o WhatsApp como fonte primordial de informações. Imprensa tradicional, essa que pode ser processada em caso de notícias falsas, é fake news. O que vale são aquelas correntes que produzem vídeos grosseiramente montados, imagens truncadas para incitar ódio e palavras nunca ditas como mantra diário de intolerância, tudo muito bem escondido em perfis falsos para impedir a aplicação da lei.

Não, nunca, jamais vivemos uma eleição assim. 

O que está em jogo não é a eleição de partido X ou Y; são os princípios constitucionais do Estado Democrático de Direito. O direito de votar, de se expressar, de pensar, até de existir. Logo, não se trata de uma mera eleição, mas sim de posicionamento político. E isso exige um mudança de postura de quem sabe o valor da democracia.

Nunca, absolutamente nunca mudei minha intenção de voto baseada em pesquisas. Afinal, eleição é defender ideias, propostas. Pesquisa é retrato de um momento. Mas, como disse antes, não estamos diante de uma eleição comum. Vive-se um verdadeiro plebiscito a respeito da continuidade da democracia no Brasil, embora muita gente insista em não querer ver - ou até veja, quem sabe?

Neste grave momento, estamos num xadrez político, não eleitoral. E para jogar xadrez é preciso ser estrategista.

Simpatizo com as ideias de alguns candidatos postos. Alguns até tiveram meu voto em outras eleições. No entanto, meu ideal político coincide com as propostas de Marina Silva. Um governo de transição, um país que sabe dialogar para resolver seus problemas e a certeza de que não há um salvador da pátria. Sobre isso, achei que havíamos aprendido essa lição com o Caçador de Marajás que caçou de fato a poupança dos brasileiros.

Marina tem muitos pontos de vista diferentes do meu, mas sabe que numa democracia o futuro é construído a muitas mãos. Meu Deus, como eu gostaria de ver um perfil assim como chefe de nossa nação! Alguém que enfim motivasse a nossa sociedade a ter iniciativa, e não morrer reclamando e esperando que a salvação venha do céu ou do governo.

Meus ideiais seguem firmes. Mas não posso fechar os olhos para o perigo que nos espreita. Não pretendo que meu voto nesta eleição seja o último da minha vida. Logo, não posso negar a realidade premente de que há um outro candidato capaz de unir o Brasil contra a ameaça que nos ronda feito um cão raivoso, pronto a dilacerar nossos ossos na menor brecha que aparecer.

Todas as pesquisas mostram que Ciro Gomes é o único candidato com potencial para derrotar o projeto X e o projeto Y que tanto ódio andam gerando numa nação reconhecida mundialmente como pacifista.

Mesmo não concordando com 100% de suas ideias, Ciro é um especialista em Direito Constitucional. Sendo eu também uma, sei que compreende bem os princípios que nos são tão caros na nossa Constituição Cidadã, uma das mais avançadas do mundo. 

Para completar, ele ainda tem muitas propostas de bom propósito para o futuro da nação.

Pelo clima de terror que solapa nossa democracia, só me resta tomar parte de vez neste xadrez político e traçar meus movimentos para evitar o xeque mate no nosso Brasil.

Sendo assim, sem renunciar à semente que plantou Marina, defino agora o voto em Ciro Gomes como têm feito tantos milhões de brasileiros desde ontem, numa jogada estratégica que pode mudar o destino desse nosso xadrez político.

O voto é o que nos resta de igualdade numa nação tão desigual. Trabalhemos para que não nos tirem até isso.

Por tudo isso, no domingo, eu vou de Ciro na urna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário