Publiquei ontem que a GloboNews está sabatinando nesta semana os candidatos à presidência da república. Ontem, foi Álvaro Dias; hoje, será Marina Silva.
Um detalhezinho fundamental para quem não é assinante GloboNews: o programa está sendo transmitido ao vivo no site (clique aqui) para todo mundo, assinantes ou não.
21h45 foi a única sessão que o Cinemark disponibilizou para quem queria ver Todo Dia legendado. Acho um desrespeito ao duro trabalho dos atores alguém simplesmente colocar uma voz qualquer por cima da original, seja em qual língua for.
Sobre o filme, quis conferir um enredo com muito pano para as mangas, a história de uma garota de 16 anos que descobre que o amor de sua vida numa alma que habita um corpo diferente por dia, sem qualquer controle de quem será o próximo.
O meu medo era só a duração. Nenhum drama pode ser bom com apenas 90 minutos de duração. Onde ficariam as longas cenas sem uma só palavra dita? Ou seja, me preparei para ver uma bela de uma porcaria de trabalho com um enredo show.
Não sei se essa expectativa me ajudou na luta, porém, o filme me saiu muito melhor do que a encomenda. Não é um primor e nem se deve esperar muito dele. Merecia sim mais calma para desenrolar a estória, que foi adaptada de um best seller, mas os atores seguraram bem a peteca e o roteiro deu para o gasto e conseguiu convencer.
No fim, eu, que achava que sairia arrependidíssima do cinema, consegui bom entretenimento com Todo Dia. Recomendo para quem gosta de estórias curiosas.
The headline for good: News from your neighborhood, brought to you by the state of New Jersey.
The others: Trump administration mulls a unilateral tax cut for the rich, Brexit plans raise fears of food shortages and jammed ports and How record heat wreaked havoc on four continents.
Hoje a GloboNews começa a exibir entrevistas ao vivo com os candidatos e pré-candidatos à presidência do Brasil no programa Central das Eleições, que vai ao diariamente às 22h30.
Pelo que entendi, a entrevista terá 2 horas de duração. Nem sei se devo chamar de entrevista ou de sabatina ante a partipação de um timaço (em número e qualidade) de jornalistas.
O primeiro a ser sabatinado é Álvaro Dias. Amanhã (terça-feira), é a vez de Marina Silva. Na quarta, Ciro Gomes. Na quinta, Jair Bolsonaro. Geraldo Alckmin encerra na sexta-feira.
Se não são os melhores do mundo, são os candidatos que temos e é melhor prestarmos atenção no que eles falam (ou deixam de falar) nessas entrevistas do que ficar acompanhado musiquinha de marketeiros.
Alguém dê a Neymar um chá de semancol pelo amor de Deus! Será possível que essa criatura não consegue entender o mal que esse excesso de marketing faz à sua imagem?
O mais novo vídeo/mensagem é uma marmota desprezível - desculpem a sinceridade. De peito aberto e de cara limpa numa propaganda da Gilette? Me poupe!
Depois de tudo que rolou (trocadilho sem intenção - juro!) na Copa 2018, essa é a hora de Neymar mergulhar um pouco e somente reaparecer com uma boa atuação um bom desempenho em campo. Só assim pode recuperar alguma coisa do carisma que ele quase não tem.
A manchete do bem: Jerusalém terá primeiro árabe candidato a prefeito em 50 anos.
As outras: Morre Maria Aparecida Milan, atriz que fez o primeiro nu da televisão brasileira, Liminares permitem que empresas tirem PIS/Cofins da base de cálculo do tributo e Lava Jato já recuperou R$ 13,4 bilhões, um terço do que foi desviado.
Bom dia, minha gente!
The headline for good: New Hampshire, 94 percent white, asks: How do you diversify a whole state?
The others: New York Times publisher and Trump clash over president's threats against journalism, Uber gains civil rights allies against New York's proposed freeze: 'It's a racial issue' and 11 and married: Malaysia spars over child brides.
A manchete do bem: Grupo alagoano investe em Natal no varejo para casa & construção.
As outras: Construção de 17 parques eólicos avança no litoral norte potiguar, "Bicos" complementam a renda de 64% dos trabalhadores e Cardeal dos EUA renuncia após denúncias de abusos sexuais.
The headline for good: The comedy-destroying, soul-affirming art of Hannah Gadsby.
The others: Cardinal Theodore McCarrick resigns amid sexual abuse scandal, From a space station in Argentina, China expands its reach in Latin America and Go home, South Korea tells its workers, as stress takes its toll.
A manchete do bem: Festival Mada leva música a escolas.
As outras: Agentes evitam ação de grupo que pretendia resgatar presos, STF suspende ação de R$ 17 bilhões contra a Petrobras e Déficit da União em junho chega a R$ 16,422 bilhões.
The headline for good: Economy hits a high note, and Trump takes a bow.
The others: Putin invites Trump to Moscow for second meeting after Washington postponed plans, Twitter stock drops after user number declines and 'Blood moon' provides dramatic sights and a dose of folklore.
Há duas coincidências interessantíssimas nesta semana. Esbarrei com O Diabo Veste Prada na TV numa noite desta semana - acho que foi na TNT ou na Fox - e ontem fui conferir Desobediência, que tem no elenco Rachel McAdams.
Sabem qual é a primeira coincidência? A atriz era a primeira opção para o papel de Andy Sachs, a assistente da poderosa Miranda Priestley. Segundo o Estadão, Rachel McAdams recusou diversas vezes o papel porque não queria atuar em filmes mainstream (comerciais). Por isso, o mundo viu Anne Hathaway nas telas.
A outra coincidência é o maravilhoso trailer de Mamma Mia 2: Lá Vamos Nós de Novo que passou antes do filme de ontem. Sabem que é a estrela tanto dele como d'O Diabo Veste Prada? Sim, a magnifíca Meryl Streep!
Só para deixar claro o nível dessa atriz, segundo o Estadão, foi ela quem teve a ideia de acrescentar duas cenas para que Miranda Priestley ficasse um pouco menos detestável e que acabaram se tornando absolutamente marcantes no filme: quando Miranda faz um discurso sobre a indústria da moda para repreender Andy e quando aquela desabafa, sem maquiagem e chorosa, para esta sobre suas frustrações pessoais.
Também foi dela a decisão de mudar a voz da personagem de um tom estridente e intimidador, como previa o roteiro, para um tom bem mais baixo, quase um sussurro, que Streep afirmar ter sido inspirado na voz de Clint Eastwood, seu parceiro de cena no também inesquecível As Pontes de Madison.
Meras coincidências do tipo "uma coisa puxa a outra", mas que são um deleite para quem aprecia bons trabalhos no cinema.
O conselho acima pode soar falso vindo de uma verdadeira traça de livros, revistas e jornais, mas um artigo de Christina DesMarais para o site americano Inc. trouxe argumentos científicos para corroborar o título dessa postagem. Vamos a eles:
Ler ficção lhe ajuda a ser mais criativo e ter uma mente aberta
De acordo com estudo conduzido na Universidade de Toronto (Canadá), os participantes que leram pequenos contos demonstraram menor necessidade de eliminar ambiguidades e chegar a conclusões racionais do que os que leram apenas textos de não-ficção. Ou seja, os primeiros tinham a mente mais aberta. Segundo os autores do estudo, "embora a leitura de não-ficção permita aos estudantes aprender a matéria estudada, não os ajuda a pensar nela". Isso pode atrapalhar um médico, por exemplo, na hora em que novos sintomas lhe são apresentados apontando para uma moléstia diferente.
Quem lê vive mais
Estudo da Universidade de Yale com 3.635 pessoas de 50 anos ou mais mostrou que aqueles que leram pelo menos 30 minutos diariamente viveram 23 meses (quase 2 anos) a mais do que os que não liam ou liam apenas revistas. A leitura aparentemente melhora o engajamento cognitivo, o que afeta positivamente vocabulário, raciocínio, concentração, e , por tabela, empatia, percepção social e a importantíssima inteligência emocional.
Dá para ler 50 livros ou mais por ano
1 livro por semana é altamente praticável. Basta trocar o tempo improdutivo no celular por páginas do livro na cama, no ônibus, nos intervalos ou até nas filas. Quem aceitou o desafiou relata mais paz, satisfação e melhora do sono, além do aprendizado de algo que não imaginava ser possível.
Os bem-sucedidos são leitores
Isso porque conquistadores são ávidos por desenvolvimento pessoal. Grandes executivos leem. Segundo a autora, nos EUA, os destaques para esse tipo de leitor são The hard thing about hard things, de Ben Horowitz, Shoe dog, de Phil Knight, Good to great, de Jim Collins, e Losing my virginity, de Richard Branson. Mas quer saber? O importante é ler.
Enfim, talvez essa postagem dê aquele pontapé para que você comece a ler já. E é um caminho sem volta.
Adoro dramas, de longe, meu estilo favorito de filme. Adoro cenas enormes sem uma palavra dita desde que estejam dentro do contexto da estória. Atores que encarnam bem dramas com naturalidade sempre ganham o meu respeito. E diretores que contam bem essas estórias dramáticas me cativam.
Ontem estreou aqui em Natal o drama Desobediência, adaptação do livro homônimo de Naomi Alderman. No mês passado, eu acho, li uma crítica muito boa a respeito dele na Veja, de autoria de Isabela Boscov. Li outra nesta semana na internet anunciando a estreia do filme no Cinépolis do Natal Shopping, na famosa sessão de arte (amo!).
Botei os olhos em Rachel Weisz e tive aquela sensação de que já a conhecia de algum lugar - no caso, um filme, claro. Forcei, forcei a memória e nada. Nada que o Google não resolva. Ela participou de muitos filmes, alguns bem famosos, mas que não contaram com a minha audiência, como todos d'A Múmia. Vi dois com ela: Um beijo roubado - também da sessão de arte, dessa feita com a cantora de quem sou fã Norah Jones e o ator Jude Law - e Oz: Mágico e Poderoso. Este último matou a charada. Ela fez uma das bruxas más, com uma impressionante atuação. Mas eu não a reconheceria nunca neste filme. Sempre aplaudo atores que passam por transformações na aparência para viver personagens. Daí a minha eterna crítica a Denzel Washington, que sempre tem a mesma cara em todos os filmes, a ponto de ninguém saber qual filme é qual.
A estória é centrada em sua personagem, a filha do rabino numa comunidade judaica ortodoxa de Londres que é expulsa do convívio por ter sido flagrada em romance com uma amiga e volta após muitos anos ao ser informada da morte do pai. Só por isso podemos imaginar o choque da volta. Agora acrescentemos que ela passou a viver nos EUA, especificamente em Nova Iorque.
Aparentemente, ninguém esperava por sua volta. Mas ela recebe abrigo do seu melhor amigo, que será o próximo a assumir a função de rabino por ser considerado filho espiritual do líder religioso. Ele vive o drama do amor fraternal que sente pela amiga e da pressão social para não lhe acolher. O ator aqui é Alessandro Nivola, também em trabalho magistral. Seu rosto também não me é estranho, mas o Google apontou um único filmaço que vi com ele, embora não me lembre dele especificamente: A Outra Face, no longíquo ano de 1997.
Devo alertar que a dose de drama ainda não acabou. Sabem quem é a esposa desse quase rabino? A amiga e garota do romance adolescente, muito bem interpretada por Rachel McAdams, do sucesso comercial Doutor Estranho e do aclamado (e ainda na minha lista) Spotlight: segredos revelados. O foco da estória se desloca para ela ao longo da exibição. A tensão cresce no filme tanto entre os protagonistas como no meio social em que se passa o ocorrido a partir daquela decisão do futuro rabino.
Não posso contar mais nada sob pena de estragar o enredo arrasa-quarteirão do diretor Sebastián Lelio. Mas não posso deixar de ressaltar que, para mim, o final merece o adjetivo cafajeste. Houvesse terminado talvez uns 10 minutos antes, eu não teria tal opinião. Sebastián Lelio conseguiu deixar a estória com um final tipo francês falsificado, com uma sequência sem justificativa, que só não põe o filme todo a perder porque as atuações são magistrais ao longo das quase 2 horas de duração. E se o enredo se perde no final, nem nesse momento as atuações desafinam. Porém, admiradores de drama devem se preparar para a decepção dos momentos derradeiros da estória.
Ressalto que não li o livro para saber se a decepção é exclusiva da versão para as telonas, embora eu ache difícil tal coisa num livro que alguém imaginou ter enredo suficiente para ser adaptado para o cinema.
De todo jeito, esqueça a cafajestada do final e vá ver esse filme marcante que tem cinco indicações em festivais internacionais se gosta de drama. Talvez o alerta diminua a decepção com as últimas cenas.
A manchete do bem: TSE será inflexível com fichas sujas, garante Fux.
As outras: Estado poderá usar depósitos judiciais para precatórios, Censo Agro 2017 mostra redução de área cultivada no RN e Agosto terá 'bandeira vermelha 2' na conta de energia.
The headline for good: Remains of 55 U.S. war dead in North Korea start journey home after 65 years.
The others: Facebook's plunge shatters faith in tech companies' invulnerability, Mueller examining Trump's tweets in wide-ranging obstruction inquiry and Wages are rising in Europe. But economists are puzzled.
Tem gente que tira férias para viajar. Eu não. Não vivo de apenas uma profissão, o que dá o tamanho do problema. Quando estou de férias como professora, a atuação como advogada persiste. Quando estou de férias como advogada, as aulas me mantêm ocupada.
Aí viajar vira um malabarismo entre as duas atividades. Quando o dinheiro está um pouco mais folgado, mato a saudade do Tio Sam. Quando está apertadinho, mato a saudade de alguns pedaços tupiniquins. Às vezes, nem um, nem outro, ou porque a corda está mesmo no pescoço (mais comum), ou porque não há a menor possibilidade na agenda.
Voltando às férias, termino utilizando o período parcial para colocar coisas em dia. Cinema, literatura, revisitar alguns livros de Direito, visitar alguns locais novos ou muito apreciados aqui em Natal, descobrir novas atividades culturais (e me frustrar em algumas). Mas a principal atividade das férias é a faxina.
Gente, faxina é uma atividade libertadora. Além da energia física, a energia mental que ela exige pode nos levar para outro mundo. Tudo parece melhor depois de uma faxina. Dá para encontrar aquele panfleto com uma atração imperdível que perdi porque não sabia mais onde havia colocado o papel. Também dá para viajar ao passado com cada detalhe que vou redescobrindo, como uma foto antiga, um bilhete esquecido, um souvenir qualquer.
Também parece que tomei as rédeas da vida quando finalmente tomo coragem de encaminhar algo para a doação ou para o lixo mesmo, a depender do estado. Sim, sou taurina e, para quem gosta de signos, isso diz muita coisa do meu insano apego às coisas até o fim, como um celular cuja tela está saltando da carcaça e cujo som só é ouvido agora por fones ou Bluetooth e que eu continuo a utilizar diariamente como se nada estivesse acontecendo - prometo publicar um vídeo a respeito.
Só que a idade vai passando e o fôlego diminui. Hoje eu tenho que escolher uma única atividade por vez: varrer, aspirar, passar o pano, arrumar/descartar/guardar. A saúde de alérgica também cobra a conta, então tenho que empreender a faxina aos poucos.
Decidida a varrer/vasculhar tudo (ou quase tudo porque tudo mesmo, só depois de executada as outras etapas), ganhei duas bolhas na mão esquerda no manejo de duas vassouras diferentes e uma pá. Uma das bolhas estourou. Nem lembrava mais qual era a sensação de uma coisa assim. Mas nem isso me fez desistir da etapa ou me sentir pior após a finalização. Valeu a pena.
A próxima etapa - ainda não sei quando terminará - será o encaminhamento de coisas para doação ou lixo. Emocionalmente duríssima para mim. Mas é preciso. Tudo que é bom chega ao fim e é preciso abrir mão de umas coisas para que outras possam chegar. E como estou numa vibe menos consumista, pelo menos em relação a eletrônicos e roupas, vou tentar abrir muito espaço no guarda-roupa e na casa em si.
Até um livro chamado Casa Limpa e Arrumada está na minha cabeceira agora para me ajudar na empreitada. Apesar de achar tudo uma besteira em geral, há algumas boas dicas para o esforço correto em determinada faxina. E como fôlego e tempo andam em falta, não custa aceitar uma ajudinha de onde ela possa vir.
A maior dica até agora é essa mesmo: faça tudo de acordo com o seu tempo. Só tem 5 minutos? Limpe o que puder em 5 minutos. Faça tudo aos poucos ao invés de esperar ter uma semana inteira para colocar tudo em ordem. E é assim que tenho feito mesmo que sempre use as férias para passos maiores.
A manchete do bem: Facebook apaga páginas que transmitiam fake news.
As outras: População do RN vai encolher e ficará mais velha, Caern estuda privatizar gestão da ETE do Baldo e TJRN declara inconstitucional gratuidade para PMs e carteiros.
The headline for good: New Alzheimer's drug shows big promise in early trial results.
The others: A watery lake is detected on Mars, raising the potential for alien life, Keeping its its promises to families, New York identifies another 9/11 victim and In ruling against Trump, judge defines anticorruption clauses in Constitution for first time.
O programa Arena da TV Ponta Negra recebeu ontem para entrevista o novo coordenador das bases do América Jocian Bento. Ele falou sobre as (boas) ideias que pretende implantar por lá. Aguardemos se de fato as coisas vão se encaminhar assim mesmo.
Ideia de preparação para o profissional
Eu vou além. Não só com 19 anos, mas com 15 anos [o atleta] já tem que ser trabalhado mentalmente para que eles tenham equilíbrio forte para as competições e para que eles saibam que, se eles tiverem oportunidade, eles têm que aproveitar. (...) Infelizmente, em alguns clubes existe um abismo entre a base e o profissional. E é essa ponte que nós queremos construir no América para sermos modelo. O ABC está conseguindo através dessas situações com os novos atletas fazer esse processo, mas tem muita coisa ainda que precisa ser feita e é o que nós estamos implantando no América. E, com certeza, os atletas hoje já vislumbram uma oportunidade no profissional, que parecia algo muito distante. Então, nós estamos muito felizes.
Novidades
Quando eu assumi, eu já tinha um planejamento pronto, uma metodologia, que não é engessar o conhecimento dos profissionais, mas você ter um parâmetro, você ter um alicerce, não só a partir dos 15 anos, mas dos 15, 17, 19. (...) Para mim, um atleta com 16 para 17 anos já tem que estar pronto para o profissional, já tem que ter a mentalidade e as condições para jogar. E, para isso, nós viemos muito mais para baixo. Chegamos ao ponto de planejarmos sub-11 e sub-13 através de captações e de um planejamento sustentável para que, quando [o atleta] chegue no sub-15, tenha uma metodologia. Ele já saiba a parte técnica, a parte tática. Porque o que acontece na maioria dos clubes é que um joga com um modelo, outro... Um clube não tem identidade de profissionais e não tem identidade de jogo. (...) No meu planejamento, quando eu fiz com os profissionais, apresentei - a imprensa, com certeza o site do clube depois vai divulgar para todos os profissionais - Qual o melhor método, o melhor esquema, visão sistêmica para o América. É o 4-2-3-1? 4-3-3? 3-4-3? É inadmissível um atleta da base subir para o profissional e não saber nem sequer dominar uma bola, não saber cabecear. Isso é culpa de quem? É minha. É culpa nossa, da base, e a minha função no América. Os profissionais têm que ter uma identidade. E tem que ter um dia específico agora no América só para trabalhar esses fundamentos. O atleta tem que subir em condições de jogar, não de compor elenco. Como a gente fala, ou sobe para jogar, para que a torcida veja e que seja um retorno para o clube, ou nós vamos estar enxugando gelo. Então, os profissionais têm que se qualificar. E a minha cobrança vai ser intensa no América. É um padrão: 15, 17, 19. Os profissionais têm que melhorar. Nós não vamos engessar o conhecimento do profissional, mas o atleta tem que saber subir para o profissional com 15, 17, 19 [anos] como joga. Agora o problema é que os profissionais que forem encontrados, eles entendam o perfil do América. Existe um perfil que está sendo feito da base. Que o profissional seja contratado de acordo com aquilo que nós estamos trabalhando porque, senão, vai desmontar tudo.
P.S.: alguém duvida que Luizinho Lopes tem exatamente esse perfil? Outra coisa: a diretoria vai mesmo querer pautar o futebol profissional pelo planejamento traçado para a base para frutos que devem ser colhidos apenas daqui a alguns anos? A conferir.
A manchete do bem: Marielle: suspeitos de envolvimento são presos.
As outras: Ciro fala em colocar Judiciário 'na caixinha' e soltar Lula, Petrobras vai testar produção de eólica no mar do RN e 1.865 pessoas morreram em estradas federais que cortam o RN.
The headline for good: N.B.A. power brokers gather, with no men allowed.
The others: As Greek wildfire closed in, a desperate dash ended in death, Ivanka Trump is shutting down her fashion brand and The Tour de France hits a cloud of tear gas and comes to a stop.
Pela terceira vez o técnico Luizinho Lopes está disponível antes de o América engatar uma temporada na Série D.
A primeira foi logo após o acesso à Série C com o Globo quando tanto ele como o clube de Ceará-Mirim ainda discutiriam a renovação do vínculo contratual para 2018. O América não aproveitou a oportunidade de ter um técnico que deu nó em pingo d'água com um elenco recheado de jogadores das bases e que perdera importantes atletas de meio campo antes do Brasileiro. Preferiu renovar contrato com um técnico que, além de altamente identificado com o seu maior rival, o que sempre gerou desconfiança da massa americana, demonstrou enorme dificuldade de enxergar as claras falhas de escalação de seu time.
A segunda foi ainda no estadual deste ano, quando Luizinho preferiu deixar o Globo ante a campanha abaixo da expectativa no estadual. Na época, em vez de contratar um profissional formado em suas bases, altamente identificado com a camisa do América - que vestiu como jogador amador e profissional - além de já ter trabalhado como coordenador das bases do clube e conhecer a pressão dos bastidores ao ter sido auxiliar de Roberto Fernandes no profissional, os dirigentes optaram por Pachequinho sem a menor convicção de que desse certo. Tanto que depois acertaram com Ney da Matta, outra enganação.
O destino não costuma ser tão benevolente e ofertar três chances de alguém se acertar na vida. Mas eis que Luizinho Lopes acaba de ser demitido do Confiança, justamente quando o América começa a pensar no que pode ser feito para que a temporada 2019 não seja ainda mais medíocre do que a atual, assim como vem ocorrendo progressivamente para baixo desde 2016.
O América tem então mais uma chance de trazer um profissional que conhece os bastidores do futebol do RN, conhece o nível do estadual, sabe as agruras da Série D (é o atual vice campeão), enxerga valor nas bases, tira leite de pedra, investe em sua evolução profissional sem sinais de acomodação e é absolutamente identificado com o clube.
E aposto que tem um pedida salarial bem mais plausível (custo x benefício) do que as últimas peças que andaram por aqui.
Luizinho é o nome ideal para o América. Mas talvez não seja o nome ideal para os dirigentes do clube. Entre pegar ou largar, aposto que o certo é o errado. Azar nosso.
O primeiro presidente do Brasil a sofrer um impeachment, Fernando Collor até um dia desses queria se candidatar novamente à presidência deste país.
Na semana passada, a repórter Marcela Mattos (Veja) o entrevistou a respeito da Lava-Jato. E aquela velha empáfia até na lida com os jornalistas continua lá, mas não deixa de valer a pena conferir sua visão dos acontecimentos. Vamos aos trechos.
O senhor é corrupto?
Não. Não sou.
Não? A Lava-Jato encontrou comprovantes de transferências de dinheiro do doleiro Alberto Youssef para o senhor.
Não tenho a menor ideia do que essas transferências significam. Quando o dinheiro surgiu, questionei a origem dele. Não conhecia a pessoa, não sabia de quem se tratava. Pedi ao banco que o deixasse fora da minha conta até que a polícia visse o motivo daquele depósito. O dinheiro continua na conta. Está à disposição. Se o Youssef quiser mandar pegar e a Justiça autorizar, pode pegar. Está lá.
Qual será o reflexo da Lava-Jato nas eleições?
A Lava-Jato tem uma parcela de influência nesse eleitorado que diz que não vai votar e, se for, votará nulo ou em branco. O eleitorado votante vai escolher, então, aqueles que demonstrarem ter a melhor proposta. O eleitor não questionará as biografias criminosas? Haverá questionamentos, se o candidato é réu ou não. É um peso que será considerado, mas que não vai definir. A Lava-Jato não demoliu a classe política, porque a classe política continua aí. Se alguém achar que o Congresso vai mudar muito, estará errado. O Congresso vai continuar da maneira que está. A Lava-Jato então em nada vai mudar a classe política? A Lava-Jato tem a sanha de demolir a classe política, mas não vai conseguir. Foram cometidas várias injustiças. Excetuando-se o período da atual procuradora-geral da República, tivemos nos últimos anos dois gângsteres à frente da PGR: Roberto Gurgel e Rodrigo Janot. Eles fizera, da Procuradoria um antro de chantagem. A prova mais evidente é o pelanco de gângster e braço-direito de Janot, Marcello Miller, que, no exercício da função, ajudou executivos da JBS a preparar a sua delação. Isso não foi a troco de nada. Foi a troco de quê? Foi a troco de um vantajoso e volumoso butim. A Procuradoria quis tornar-se um quarto poder. Isso contaminou, inclusive, a Justiça comum. A legislação diz que o juiz natural da causa depende do crime e do lugar em que ele ocorreu. E estabeleceu-se que um juiz de primeira instância em Curitiba fosse o juiz natural [Sérgio Moro] de todas as causas da Lava-Jato, o que o transforma num senhor acima do bem e do mal. O senhor pode ser o segundo ex-presidente a ser condenado e preso por corrupção [o primeiro foi Lula]. Vou provar a minha inocência e, assim, demolir - volto a citar esse verbo - as acusações. As delações sem provas são usadas para incriminar pessoas. E delações feitas por pessoas que querem lavar os seus malfeitos à custa da reputação alheia. No momento sou pré-candidato à Presidência [o PTC anunciou posteriormente sua desistência] e pretendo apresentar meu programa ao julgamento do povo. O senhor também considera a prisão do ex-presidente Lula uma injustiça? Ao que parece, vem sendo cometida uma série de injustiças. O rito com que os processos dele vêm sendo tratados é turbinado. Além disso, avalio a pena como exagerada. O mesmo TRF-4 que nos proporcionou esse espetáculo absolutamente surrealista no domingo [ordens e contraordens sobre a prisão de Lula] recebe uma sentença de nove anos dada ao Lula e a aumenta em mais três anos sem apresentar nenhum fato novo. Lula também não é corrupto? Eu não acho que o Lula seja corrupto. Como é passar por um processo de impeachment? É um sofrimento terrível. Lembro que naquela época havia racionamento de energia. Eu apagava as luzes e ficava na sala da Presidência com apenas três lâmpadas acesas. Despachava de manhã cedo e, quando chegava a tarde, não havia nenhum pedido de audiência. Era eu sozinho, apenas aguardando o fim do dia, pegando o elevador com o ajudante de ordens. Pensei em suicídio duas vezes. Essa experiência pesou na hora do seu voto pelo impeachment de Dilma? Não. E não foi por falta de aviso. Era um filme que eu estava revendo. Faltando uma semana para a votação, fui ao Alvorada. Dilma estava feliz da vida. O estado de espírito era o de que não estava acontecendo nada e tudo seria resolvido. Ela foi cassada pela soberba, pela falta de humildade, por não aceitar sugestão de uma pessoa que só queria ajudar. Quando Antonio Palocci ainda era chefe da Casa Civil, pedi uma audiência com ele. Disse que estava preocupado com o andamento dos fatos no Congresso e que, se Dilma continuasse daquela maneira, as coisas caminhariam para o impeachment. Ele me olhou com uma expressão que não escondia certo desprezo. O senhor concorda com a comparação segundo a qual o deputado Jair Bolsonaro seria um novo Collor? Vejo apenas uma coincidência entre esta eleição e a de 1989: o número elevado de candidatos a presidente. Nas duas disputas, isso foi motivado pelo fato de os presidentes - José Sarney antes e Michel Temer agora - serem extremamente mal avaliados. Mas, em relação ao Bolsonaro, não vejo nenhuma semelhança. Eu não era um outsider. Minha família sempre esteve envolvida na política. Se o eleitorado for minimamente exigente, a tendência é que ele caia. Mas é bom observar. Quando a gente vê Bolsonaro falar barbaridades e ser aplaudido por um auditório seleto, percebe que alguma coisa está mudando na cabeça do povo. Existe algo mais escalafobético do que confiscar a poupança? Você tinha quantos anos nessa época, minha filha? Nunca houve confisco. Quando assumi, a inflação estava em 82% ao mês. Houve um bloqueio temporário de ativos. Precisávamos debelar o processo inflacionário. A única alternativa era o congelamento de preços. Era um caso de emergência.
A manchete do bem: Oito pré-candidatos querem oficializar nomes ao governo.
As outras: FMI reduz projeção do PIB nacional para 2018 em 0,5%, Brasileiros pagaram R$ 475 bilhões em juros e Justiça do RN declara ilegal greve da Polícia Civil.
The headline for good: North Korea starts dismantling key missile facilities, report says.
The others: Wave after wave of garbage hits the Dominican Republic, In Mozambique, a living laboratory for nature's renewal and Congratulations, you are now a U.S. citizen. Unless someone decides later you're not.
Depois do vídeo da pobre tartaruga sufocada por um canudo viralizar, o mundo parece ter acordado para o mal que o lixo plástico representa para os oceanos.
Mas não é só o canudo o vilão e nem o plástico. De acordo com dados divulgados pela ONG International Coastal Cleanup, que em 2016 coletou lixo na costa dos cinco continentes da Terra, o canudo é apenas o 7.° em unidades recolhidas dos milhões de itens que ela arrecadou. Vi os dados na Veja da semana passada e fui buscar diretamente no site da ONG. Vamos à lista com números aproximados (para baixo):
1,86 milhão de bitucas de cigarro (1 milhão só na costa dos EUA), o que representa, se enfileiradas, uma linha de 153 quilômetros;
1,5 milhão de garrafas plásticas;
822 mil tampinhas plásticas de garrafa;
762 mil embalagens de alimentos (chocolate, por exemplo);
520 mil sacolas de supermercado;
419 mil tampas de copos descartáveis (aquelas postas em bebidas para viagem);
409 mil canudos;
390 mil garrafas de vidro;
368 mil sacolas plásticas de outros tipos que não a de supermercado;
365 mil embalagens de isopor para comida (quentinhas, etc.).
Precisamos repensar a reciclagem e até mesmo o uso desses materiais que não se degradam facilmente.
Talvez eu tenha escolhido um dia ruim para conhecer o Domingo na Arena. Talvez eu tenha chegado tarde demais às 18h. O fato é que quase nada me agradou no evento.
Na verdade, gostei da disponibilização do estacionamento interno a R$ 10. Não precisamos andar muito para chegar ao evento em si. Os funcionários da Arena também muito atenciosos. E acabam aqui os pontos positivos.
No quesito alimentação, não havia uma só opção saudável para diabéticos. Nada integral, nenhuma salada de frutas, nenhum suco natural. Nem mesmo refrigerante zero havia! Foi uma péssima ideia ter acreditado que acharia algo para jantar por lá.
Também nada de copo ou canudo. Quem quisesse tomar um refrigerante tinha que se contentar em meter a boca na lata mesmo.
Sobre os preços, nem reclamo mais. Comi um sanduíche que dizia que tinha um molho especial, só que não passava do velho molho rosé. Paguei R$ 10 para comer pão e molho fedorentos para o meu padrão (sabem aquela catinga de maionese?) e um hambúrguer de carne com sabor salgado e nada mais. Pelo menos tinha alface e tomate.
Sobre a música, acho que estou mais ranzinza do que o normal. Foi duro acompanhar um show em que os cantores, especialmente o homem, duelavam com os acordes da banda, ou melhor, das canções. Carisma havia, pelo menos. Não sei se o ambiente muito aberto e com bastante vento (fez frio) atrapalhou a afinação do trio, mas sofri durante boa parte da apresentação.
Enfim, fiquei totalmente desapontada com o aspecto descuidado do Domingo na Arena. Nem de longe lembra um evento num local que já sediou uma Copa do Mundo.
É bem verdade que o Salgueiro se mostrou um arremedo de equipe contra o ABC no Frasqueirão, mas isso não apaga a senhora partida do volante Anderson Pedra. Marcou bem, antecipou-se bem, fez boas viradas de jogo e até cadenciou a partida quando necessário.
Para superar sua atuação de ontem, Anderson Pedra terá que repetir tudo isso no jogo seguinte e ainda marcar um gol. Eis o único jeito de chegar a uma atuação ainda mais impecável.
Pela primeira vez na história, o Facebook divulgou quais os assuntos mais debatidos pelos usuários brasileiros num determinado mês.
Segundo reportagem da Tribuna do Norte desse domingo, em abril, 64 milhões de pessoas (127 milhões de brasileiros têm conta no Facebook - mais da metade da população do país) geraram quase 1 bilhão de interações.
Destas, 262,2 milhões foram promovidas por 32,3 milhões de pessoas com o tema segurança. Economia gerou 165,8 milhões de interações entre 30,4 milhões de pessoas.
Educação ficou em 3.° com 119,9 milhões de interações entre 26,7 milhões de usuários; tecnologia em 4.° com 102 milhões de interações entre 19,4 milhões de pessoas; habitação em 5.° com 81,3 milhões de interações entre 19,7 milhões de usuários da rede.
Para as mulheres, o tema mais debatido foi saúde (65%), seguido de educação (64%) e habitação, economia, meio ambiente e gênero (62%).
Os homens debateram mais indústria (47%), segurança (43%), agricultura (41%) e turismo e transporte (40%).
Os números não são amostragem, e sim números totais da base de usuários do Facebook.
A manchete do bem: Governo de esquerda português revoluciona por ser civilizatório.
As outras: Marun propõe tribunal acima do STF, anistia a caixa 2 e SUS pago, Indicações políticas e crise em planos põem a ANS na berlinda e Crescem vendas de alternativas ao plástico; preço é o desafio.
Bom dia, minha gente!
The headline for good: Women ask 'What if it were me?' and rush to aid separated families.
The others: Lawmakers, lobbyists and the administration join forces to overhaul the Endangered Species Act, Mesul Özil quits German national team, citing racism and Portugal dared to cast aside austerity. It's having a major revival.
Good morning, everyone!
Na coluna de Lauro Jardim republicada pela Tribuna do Norte na edição deste domingo, o jornalista informa sobre a liberação de um informe confidencial da agência secreta americana (C.I.A) datado de 1975 sobre Pelé.
O beija-mão a Pelé
Pelé é a grande estrela de um informe secreto da CIA de junho de 1975, liberado pelo governo dos EUA ao público recentemente. O texto foi enviado por Henry Kissinger para informar Gerald Ford sobre o objetivo do encontro. Nele, o secretário de Estado orienta o presidente a pedir a Pelé que ensinasse aos americanos a jogar futebol melhor e a amar o esporte. Pelé estava estreando nos Cosmos justamente naquele mês. O texto é tão minucioso nos detalhes sobre como Ford deveria se portar com Pelé que ensina o presidente até a pronunciar o nome do jogador. Em inglês: peh-lay.
O maior jornal do mundo mandou hoje newsletter contendo reportagem de destaque publicada em seu site e na versão impressa a respeito dos militares e a democracia no Brasil. Vale a pena conferir a tradução livre abaixo.
Militares do Brasil caminham para a política, pelas urnas ou pela força
Por Ernesto Londoño e Manuela Andreoni
RIO DE JANEIRO - Membros das forças armadas do Brasil, que têm se mantido amplamente longe da vida política desde o fim da ditadura militar há 30 anos, estão preparando sua maior incursão na política em décadas, com alguns até alertando a respeito de uma intervenção militar.
Generais da reserva e outros ex-oficiais com fortes laços com a liderança militar estão montando uma ampla campanha eleitoral, apoiando aproximadamente 90 veteranos militares que concorrem a muitos cargos - incluindo a presidência - nas eleições nacionais de outubro. O esforço é necessário, eles argumentam, para resgatar a nação de uma liderança entrincheirada que desgovernou a economia, falhou em conter uma crescente violência e descaradamente roubou bilhões de dólares por corrupção.
E se as urnas não trouxerem a mudança rapidamente, alguns ex-generais mais destacados alertam que os líderes militares podem se sentir compelidos a assumirem e reorganizarem o sistema político à força.
"Estamos num momento crítico, caminhando sobre o fio da navalha," disse Antonio Mourão, general de 4 estrelas que recentemente se aposentou após sugerir no ano passado, ainda na ativa, que uma intervenção militar poderia ser necessária para expurgar a classe corrupta dominante. "Nós ainda acreditamos que o processo eleitoral representará a solução preliminar para que mudemos o curso."
A incursão militar na política é uma grande mudança - e para muitos brasileiros, preocupante. A ditadura militar no país durou 21 anos antes de se encerrar em 1985. Desde então, o Brasil, o maior país da América Latina, experimenta seu maior período sob o domínio da democracia. Muitos são ferozes protetores da separação entre política e militares, vigiando qualquer tropeço potencial rumo ao domínio autoritário.
Mas os generais e oficiais da reserva e veteranos que organizam campanhas para as eleições nacionais de outubro dizem que "os valores militares" como disciplina, integridade e patriotismo são vitais para consertar o Brasil, uma nação que eles consideram mal governada, perigosamente polarizada e vergonhosamente irrelevante no cenário mundial.
Analistas e políticos dizem que as chances de uma intervenção militar são provavelmente remotas, mas eles estão atentos ao perfil político crescente de figuras militares, particularmente porque o país ainda não se resolveu completamente com seu passado autoritário.
Os militares torturam pessoas suspeitas de serem dissidentes com choques elétricos ou as espancaram dependuradas em paredes, de acordo com um relatório de 2014 da comissão da verdade. Pelo menos 434 pessoas foram mortas ou desapareceram durante a ditadura. Ainda assim o Brasil tem feito menos do que muitos dos seus vizinhos latino americanos para punir os abusos cometidos durante os anos 60 e 70, aumentando a preocupação com o fato de figuras militares receberem mais poder político.
"A eventual eleição desses oficiais militares pode levar à adoção de propostas autoritárias, especialmente quando se trata de segurança pública," disse Carlos Fico, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O apelo crescente das forças armadas do Brasil pela política chega no meio de uma guinada direitista na América do Sul e do aumento do autoritarismo em nações democráticas incluindo a Polônia, a Hungria, as Filipinas e a Turquia.
"Em cada país, este movimento tem uma faceta diferente, mas no fundo tem a ver com insatisfação e medo," afirmou Fico.
Mourão, o general da reserva, e outros oficiais aposentados estão avidamente apoiando a candidatura presidencial do congressista de extrema direita Jair Bolsonaro, um ex-capitão do Exército de fala dura que propõe medidas contenciosas para restaurar a ordem, o que inclui dar à polícia mais liberdade para matar criminosos.
Bolsonaro, o primeiro oficial militar da reserva a montar uma candidatura viável à presidência desde que a democracia foi restaurada, recentemente afirmou que apontaria generais para liderar os ministérios, "não porque são generais, mas porque são competentes."
A campanha firmou-se nas largas frustrações Brasil afora. A fé na democracia da nação e nas instituições governamentais despencou em anos recentes, especialmente depois do impeachment de 2016 da presidente Dilma Rousseff e os enormes esquemas de propinas que contaminaram todos os principais partidos políticos.
Uma pesquisa do Latinobarómetro, que acompanha a opinião pública na América Latina, apontou no ano passado que apenas 13% dos brasileiros estavam satisfeitos com o estado democrático, último colocado no ranking com 18 nações. A pesquisa também mostrou que somente 6% dos brasileiros apoiam o governo, uma posição no ranking bem abaixo de outros governos profundamente impopulares, incluindo Venezuela e México.
Mas os militares escapam amplamente dessas críticas. Enquanto a maioria dos brasileiros não acredita no atual presidente Michel Temer, no Congresso nacional e nos partidos políticos dominantes no Brasil, 8 em cada 10 entrevistados tinham uma visão favorável das forças armadas, de acordo com uma pesquisa de 2017 do Datafolha.
Essa, analistas e generais aposentados dizem, é a razão pela qual Temer tem dado poder incomum aos oficiais militares em seu ministério. Numa ruptura com o passado, Temer nomeou um general em fevereiro como Ministro da Defesa.
Pedidos públicos por uma intervenção militar voltaram em 2013, à medida que grupos marginais de direita fizeram um protesto durante uma caótica onda de demonstrações nas ruas contra o governo esquerdista de Dilma. Desde então, pedidos por uma intervenção militar cresceram, talvez mais fortemente durante uma greve nacional de caminhoneiros em maio que paralisou o país por mais de uma semana. "Este é um grito de desespero contra toda essa corrupção," disse Luciano Zucco, um tenente-coronel de 44 anos que se afastou neste mês do Exército para concorrer a uma cadeira numa assembleia legislativa. Zucco ainda afirmou que se opunha a um golpe. "A intervenção tem que acontecer pelo voto," disse. O general Eduardo Villas Bôas, atual comandante do Exército, afirmou em discurso recente que os que falam em intervenção militar não entendem o "espírito democrático que reina nas casernas." Até Dilma, uma ex-prisioneira política que foi torturada durante os anos 70 pelo governo militar e considera seu impeachment um golpe político, disse que ficaria chocada se os generais de hoje tentassem tomar o poder. "Os generais que conheço não seriam seduzidos por estes tipos de aventura de intervenção militar," ela disse numa entrevista. "Há muitas pessoas tentando criar as condições para isso, mas de minha parte, eu não acredito nisso." Maurício Santoro, cientista político da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, disse que, enquanto ninguém no Brasil estava clamando por um ditadura duradoura, muitos brasileiros, particularmente aqueles que não viveram sob o domínio militar, achavam a ideia de uma intervenção curta atrativa. "Há quatro anos, eu teria dito nunca, mas agora eu diria que não é provável, mas, em dadas circunstâncias, poderia acontecer," afirmou. "Você tem muitas pessoas no Brasil que gostam da ideia dos militares despejando a atual classe política e em seis meses convocando novas eleições." O debate sobre tal intervenção cresceu à medida que o pessoal da ativa e generais da reserva de alta patente passaram a comentar questões políticas de forma não vista desde os anos da ditadura. O general Bôas, comandante do Exército, deu o passo altamente incomum em abril de publicar uma declaração no Twitter que foi largamente interpretada como um aviso ao Supremo Tribunal Federal. Naquele momento, os ministros analisavam se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria começar a cumprir uma pena de 12 anos por corrupção. Era particularmente uma grande decisão porque Lula era candidato à presidência novamente e aparecia como líder da corrida. Então o general Bôas aumentou a tensão ao declarar que os militares "repudiam a impunidade," referindo-se à possibilidade de que o STF permitisse a Lula ficar livre a esperar do julgamento de recursos. A declaração alarmou críticos que a viram com uma incursão não apropriada na política, na melhor das hipóteses. (Numa decisão apertada, o tribunal decidiu que ele poderia ser preso.) Eliéser Girão Monteiro, ex-general do Exército que está concorrendo ao governo do Rio Grande do Norte, clamou pelo impeachmente de membros do Supremo Tribunal Federal por decisões que levaram à libertação de políticos condenados por corrupção. O sistema político criado pela Constituição de 1988 tornou-se uma "caverna que aparentemente não tem saída de emergência," disse Monteiro numa entrevista. Enquanto ele pessoalmente não apoia um levante militar, acrescentou que "a única saída de emergência em que as pessoas estão falando é uma intervenção militar." Mourão, general aposentado, disse que nenhum de seus contemporâneos apreciam a ideia de romper a ordem democrática. Mas ele afirmou que a agitação pode forçar suas mãos se a repressão judiciária fosse impedida ou se a violência continuasse a se espalhar. "Nós queremos nos manter firmes ao império da lei o máximo que pudermos," afirmou Mourão. "Mas não podemos deixar o país tombar no caos." Quando os militares tomaram o poder em 1964, líderes da junta argumentavam que o Brasil estava se encaminhando para o Comunismo. Os líderes militares ainda não se referem àquela era como uma ditadura, defendendo que as forças armadas na verdade preservaram a democracia ao pouparem o Brasil do domínio de socialistas autoritários. A economia do Brasil cresceu bruscamente durante os anos iniciais do domínio militar, o que levou alguns historiadores a se referirem à era como um "milagre econômico." Mas a dívida externa explodiu durante esse período e a desigualdade aumentou, preparando o terreno para um crise hiperinflacionária que mutilou a economia durante os anos 80. A imprensa foi censurada e a ausência de um Judiciário independente significava que abusos e corrupção eram raramente investigados. Antes dos militares abrirem mão do poder, o governo aprovou uma lei de anistia que blindou os oficiais desse período. A lei de anistia impediu que o Brasil passasse pelo tipo de avaliação pós-ditadura que manteve os militares de Argentina, Chile e Uruguai distantes da política, analistas afirmam. A falta de confiabilidade também possibilitou que uma geração mais jovem de brasileiros romatizar o que uma nova intervenção militar poderia trazer, disse Pedro Dallari, jurista que dirigiu a comissão da verdade. "O fato de que a lembrança da ditadura fica turva com o tempo, porque os problemas não foram confrontados, gera este risco," afirmou. *Uma versão deste artigo aparece impressa em 22 de julho de 2018 na página A1 da edição de Nova Iorque com a manchete: Militares do Brasil Entram na Política, Avivando Medos de uma Ditadura.
Só o que vejo aqui e ali são análises feitas na imprensa a respeito de que há muitos candidatos para uma única eleição presidencial, como se isso fosse uma coisa ruim. Não acho. Para ser sincera, desde que inventaram essa desgraça de 2.° turno, eu acredito que 1.° turno é para ter mesmo muitos candidatos, como foi aquela primeira eleição pós-ditadura em 1989. Isso abre o leque dos discursos, aponta causas importantes para uma sociedade e ajuda a enterrar o velho discurso de lavar as mãos dos brasileiros de que não há opções.
Até um dia desses a campanha presidencial deste ano, campeã da desilusão tupiniquim, contava uns 20 pré candidatos. Para mim, isso é um sinal de democracia viva. Como citei acima, não se faz campanha apenas para vencer, mas para levantar bandeiras de questões importantes para uma nação. Só que a politicagem tomou tão avassaladoramente conta da política brasileira que as candidaturas passaram a balcão de negócios a respeito do tempo na TV. No fim, sobravam uns 4 ou 5 de sempre.
Até na campanha para governador aparentemente teremos mais nomes do que o usual. Viva! Isso aumenta a chance de eu conseguir votar em gente nova porque não aguento mais essa cirandinha que está afundando a passos largos o Rio Grande do Norte.
Outra coisa, os brasileiros também precisam deixar de fazer piada sobre voto consciente e de fato votar consciente. É preciso levar a sério a escolha de quem vai governar essa bodega e tentar conhecer a vida pregressa dos candidatos, especialmente aquele(a) que conta com sua simpatia (sim, os brasileiros votam por paixão, sem qualquer análise mais profunda). Em que tipo de obras/questões públicas aquela pessoa se meteu ao longo dos anos? Há coerência ou tudo não passou de mera busca do poder? As ideias ou projetos defendidos têm alguma razoabilidade na atual situação do Brasil?
Votar é coisa séria, minha gente! Quem decide os destinos do RN e do Brasil também decide o futuro do nosso bolso, se teremos um país/estado mais sério ou se vamos continuar financiando a mamata em que os (maus) políticos profissionais conseguiram transformar este país. Continuaremos pagando pela ladroagem escancarada? Continuaremos pagando duas vezes para obtermos um serviço que deveria ser público e termina sendo privado e ruim, por não ter concorrência? Continuaremos pagando para ver um mundo de fantasia nas propagandas governamentais enquanto pacientes entopem corredores de hospitais, empilhados feito mercadorias?
Mais importante: Continuaremos a ser uma sociedade que acha que só existem direitos para si e deveres para os outros?
Pra valer mesmo a campanha começa em agosto. Mas já é hora de pesquisarmos as ideias dos candidatos para não cairmos na esparrela de musiquinhas fáceis de decorar, frases de efeito e gestos de impacto. E nem seguirmos o fácil caminho de acompanhar pesquisas eleitorais com a ridícula ideia de não perder o voto.
Não se perde voto porque o candidato escolhido perdeu a eleição. Perde-se voto quando não se aproveita a hora sagrada da urna, em que todos somos iguais, para enfim tentar botar esse país/estado nos trilhos. Perde-se voto quando escolhemos nos abster da escolha, faltando ou votando nulo ou em branco. Perde-se voto quando não escolhemos de verdade e deixamos outros (pesquisa, partido, música, fake news) escolherem por nós.
Basta de nos encantarmos com a forma! Chegou a hora de assumirmos a responsabilidade de conhecer o conteúdo, pararmos de reclamar que esse país/estado não tem jeito e mostrarmos como queremos que as coisas sejam feitas daqui para a frente.
Temos que pesar prós e contras dos candidatos e escolher senão o melhor, aquele(a) que menos prejuízo trará para nossas vidas. Afinal, o RN e o Brasil já dão sinais de esgotamento de recursos. Não cabe botarmos mais ladrões deslavados para cuidar do nosso dinheiro.
E depois não venham reclamar das escolhas dos outros. Ou pior: de suas próprias escolhas.
P.S.: prestem atenção no vice que vai junto do seu candidato, viu?
A manchete do bem: Pocket show dos Tribalistas no Fantástico.
As outras: Número de presidiários no país vai chegar a 1,47 milhão até o ano 2025, Fluxo de turistas tem redução de 9,39% e Falta transporte público em 1/3 dos municípios do RN.
The headline for good: There is a revolution on the left. Democrats are bracing.
The others: Brazil's military strides into politics, by the ballot or by force, Dozens of hostages freed from Trader Joe's in Los Angeles; 1 woman is dead and Nine of her family members on a Missouri duck boat died. Somehow, she survived.
Se você nunca leu um livro de Agatha Christie não faz a menor ideia do que é ser sugado para dentro de uma intrigante estória com assassinos que se julgam muito inteligentes, investigadores aparentemente improváveis e métodos engenhosos. É a irresistível mente brilhante da mulher que me empurrou nos braços do Direito quando me capturou como leitora ainda na minha adolescência.
Eis a única autora cuja vastíssima obra eu de fato coleciono. E quando digo vastíssima é porque é mesmo. São inúmeros livros, peças, contos. Dei a sorte de ter sido presenteada por minha mãe com "Os primeiros casos de Poirot", que já trazia uma grande lista na contracapa das obras da astuta britânica.
Virei membro do Círculo do Livro posteriormente e aí angariei mais uns 15 livros. Depois descobri uma editora que publicava uma coleção semanalmente nas bancas, isso ainda nos anos 90. Consegui mais uns 5 livros. Até que alguém me disse que só conseguiria aumentar mesmo a coleção indo aos sebos. Não sou muito fã de livros usados por causa das minhas alergias. Mas era Agatha, né? Consegui mais alguns títulos desta forma, uns que até me apresentaram a uma Agatha que também escrevia intricados casos de espionagem mundial.
Aí a Saraiva passou a trazer novas republicações e eu passei a substituir os do sebo (devidamente doados) por edições mais apropriadas às minhas condições de saúde. Assim, consegui o livro que acabei de ler ontem que contém 4 obras dela: "Aventura em Bagdá", "Um destino ignorado", "Punição para a inocência" e "O cavalo amarelo". Desses eu já lera os dois primeiros. Mesmo já conhecendo as estórias, não resisti e li novamente. Passei para a terceira obra e nem achei algo tão grandioso assim (mas é Agatha; logo, vale cada página!). Porém, a última obra é absolutamente cativante.
Devo dizer que, às vezes, as mulheres são retratadas como umas bobas por Agatha Christie, mas há também algumas marcantemente inteligentes e perspicazes. Homens também não escapam, mas aí a proporção é menor.
De todo jeito, "O cavalo amarelo" é de todo especial. Traz até um alter ego de Agatha Christie e que também não é retratada à altura do talento da escritora inglesa, embora continue fascinante para fãs como eu. A estória é intrincada como é natural nos livros dela, mas traz novos elementos de mistério para uma pequena cidade do interior da Inglaterra que envolvem até impressionantes rituais de magia negra. Uma pista aqui, outra ali, um mal entendido aqui, outro ali, pronto. Acabou-se o sossego até que consigamos virar a última página do livro.
"O caso dos dez negrinhos", que por motivos óbvios foi rebatizado como "E não ficou nenhum", e "O assassinato no Expresso do Oriente" são duas das mais marcantes obras de Agatha Christie. Posso citar N outras maravilhosas. Aliás, todas são. Mas essas duas acima marcam mais por suas diferenças em relação às outras. A primeira nem tem Poirot ou Miss Marple e é toda ambientada numa ilha. A segunda tem Poirot, mas é sufocantemente passada num trem em movimento.
"O cavalo amarelo" se junta a elas por trazer o já citado alter ego de Agatha Christie e enveredar por um enredo maravilhosamente intrigante e com altíssimas doses de suspense. Leitura obrigatória. Mas fica o alerta: depois de poucos capítulos, sua alma só sossegará quando seus olhos chegarem ao ponto final. Prepare-se.
A manchete do bem: Saldo de empregos tem 1.° resultado positivo no ano.
As outras: Cai o número de multas aplicadas por uso de celular ao volante, Financiamentos para compra de veículos novos em alta e Concurso para a UFRN abre inscrições na segunda-feira (23).
The headline for good: A 4-day workweek? A test run shows a surprising result.
The others: Missouri duck boat accident kills 17, including 9 from same family, Michael Cohen secretly taped Trump discussing payment to Playboy model and Tribe's lone survivor glimpsed in Amazon Jungle, healthy and at work.
O Rio Grande do Norte parece mesmo ter uma nova paixão, além das oligarquias: Rosalba Ciarlina.
A prefeita de Mossoró foi governadora acompanhada de Robinson Faria como vice. Na eleição seguinte, elegeu o seu vice, que é o atual governador, e agora vai emplacando o filho Kadu como vice de Carlos Eduardo, que renunciou à prefeitura de Natal para tentar o governo.
Parece que Rosalba não deixará o governo do RN tão cedo, não é mesmo?
A manchete do bem: "Dr. Bumbum" e mãe são presos no RJ.
As outras: Esquadrilha da Fumaça está hoje em Natal, UFRN melhora avaliação, mas cai em ranking de universidades e 1 em cada 3 potiguares está com as contas atrasadas.
The headline for good: On Trump's car tariffs, companies are united in dissent.
The others: Israeli law declares the country 'the nation-state of the Jewish people', Climate change is killing the cedars of Lebanon and What stays on Facebook and what goes? The social network cannot answer.
Eis a parte derradeira do interessante relato de Roberto Pompeu de Toledo a respeito da intimidade do Supremo Tribunal Federal publicado pela revista Veja na edição de 16 de maio de 2018. Clique para entender o relato completo: parte 1, parte 2, parte 3, parte 4, parte 5, parte 6, parte 7.
A sala do ministro Edson Fachin, cheia de livros, lembra uma livraria . Não pelas estantes que percorrem de ponta a ponta a longa parede, mas pela mesa que, suportando pilhas e pilhas de livros, replica as mesas em que as livrarias expõem os últimos lançamentos. O ministro diz que a trabalheira tem sido tão grande que lhe falta tempo para ler. Como dizer que não tem lido, com tanto livro sobre a mesa? "Ah, mas são todos de direito penal." Na atividade acadêmica não é essa sua especialidade. "Eu me casei com o direito civil, mas aqui me vi obrigado a mudar a relação jurídico-afetiva para o penal".
Fachin foi nomeado para o Supremo, pela presidente Dilma Rousseff, em junho de 2015, para preencher a vaga de Joaquim Barbosa, e desde então a política bate à porta de seu gabinete. No impeachment de Dilma foi relator do recurso com que o governo tentava invalidar atos da Câmara (negou-o). Veio em seguida a crise fiscal dos estados, e viu-se numa reunião com nove governadores. "Essa reunião deveria ter sido do outro lado da rua, não era matéria para o Judiciário resolver." Com a morte de Teori Zavascki, herdou-lhe a relatoria da Lava-Jato. Que sensação experimentou quando lhe caíram sobre os ombros os mais decisivos processos dos dias que correm?
"Vou lhe responder de outra forma. Outro dia um ex-aluno veio me visitar e perguntou se eu estava feliz. Respondi: estado de felicidade, nos tempos atuais, é um querer excessivo. Estou satisfeito. Satisfeito no sentido de que me propus a mudar da Primeira para a Segunda Turma, para substituir o ministro Teori, fiquei por sorteio com os processos, e um conjunto de ações nos últimos meses permite que seja otimista quanto aos resultados."
Apesar da reação em contrário dentro do Supremo?
"Os pilares fundamentais da Lava-Jato estão de pé: execução em segundo grau, apesar de todo o seu aspecto controvertido, o valor jurídico das delações premiadas e a importância de manter as prisões preventivas, observados certos limites. Você indagaria: vai ser mantido o tripé? A maioria do plenário aponta nessa direção."
Fachin identifica uma transformação da percepção das pessoas com relação ao Supremo e à Constituição: "Quando eu era estudante, na década de 70 e um pouco na de 80, pouco se falava do Supremo, e a Constituição era vista num plano de cidadania idealizada. Os nós que a Constituinte não desatou ficaram para o Judiciário. O deslocamento da política para o direito é isso: uma tentativa de desatar os nós em que não houve vencedores. Chegou-se a um impasse, e alguém precisa desatá-los".
O ministro tem outro compromisso, a conversa se encaminha para o fim. Última pergunta: e as ameaças que revelou terem sido endereçadas a ele e à família? Resposta: "A presidente tomou providências e está tudo sob controle". É tudo o que o senhor pode dizer? "Sim, tudo."
Nossa maratona de entrevistas se encerrará com o decano Celso de Mello, em seu gabinete, no 6.º andar do Anexo II. O ministro, previsivelmente, marcou para as 8 da noite. As noites são suas companheiras; ele as atravessa compulsando os livros e tomando notas. Três horas de sono lhe bastam. O aparelho de som toca música clássica (Chopin, Sonata para Piano N.º 2). O ministro combina prodigiosa erudição com prodigiosa memória. Lembra-se da única ocasião em que encontrou o visitante, 25 anos atrás, da pergunta que lhe fez e da resposta que deu.
Diz que conheceu Cármen Lúcia pelos livros de direito público, inclusive constitucional, de que é autora. Sempre a admirou, e ao lê-la pensava que poderia vir a fazer parte do tribunal. "Saíram notícias de que eu estaria estremecido com ela, mas não é verdade. Apenas lhe falei, com cuidado, sobre a necessidade de votarmos a ação sobre a aplicação da pena depois de condenação em segundo grau." Celso de Mello cita um professor na Faculdade de Direito da USP, Luís Eulálio de Bueno Vidigal. "Ele falava da 'indeclinibilidade' da prestação jurisdicional. É preciso dar resposta às demandas."
O decano, assim como Marco Aurélio, é contra a prisão antes que se esgotem as quatro instâncias recursais. Cita o artigo 393 do Código de Processo Penal (hoje revogado), que prescrevia "prisão imediata" do condenado, e o decreto-lei 88, editado quarenta dias depois de inaugurado o Estado Novo, que criava o "Tribunal de Segurança Nacional" e imputava ao réu o ônus de provar a inocência. São aberrações que se devem evitar. "A regra de prisão só depois do trânsito em julgado, em que nossa Constituição repete as da Espanha e da Itália, é antídoto contra arbitrariedades."
Conversar com Celso de Mello é abrir-se a uma catadupa de raciocínios e argumentos sobre questões atuais, reminiscências, episódios históricos, uma questão levando a outra, às vezes um enunciado conduzindo a desvios que conduzirão a outros desvios antes de fazer o caminho inverso para se engatar às premissas que os motivaram. A mesa em que estamos fica no fundo da sala; há livros em cima dela, na estante ao lado e em outras mesas, mais afastadas. O ministro pega um livro, lê um trecho, pega outro e pede ao interlocutor que leia o artigo de lei para o qual aponta. Às vezes levanta-se para pegar um libro mais distante e o faz com dificuldade. Está com um problema na ponta do fêmur que lhe atrapalha os movimentos. Para caminhadas mais longas, socorre-se de uma bengala. Uma cirurgia não resolveria o problema? "Sim, mas eu teria de parar de trabalhar por dois meses, e isso prejudicaria o tribunal."
Para Celso de Mello o trabalho é a vida e a vida é o trabalho. Sua rotina é ir de casa para o Supremo e do Supremo para casa. Ele não vai a festas nem frequenta palácios. "Agradeço os convites, mas não vou." Quando estudante, assistiu a uma palestra em que o então desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo José Geraldo Rodrigues de Alckmin (depois ministro do Supremo) discorreu sobre a vida de juiz. "Juízes, especialmente no interior, são muito requisitados por prefeitos, vereadores, delegados de polícia. Não vá, nos dizia o desembargador Alckmin. Se for impossível recusar o convite, aplique a regra dos três 'S': saudar, sorrir e sumir."
Já passa das 22 horas. Um assessor aproxima-se para lembrar que termina às 23h59 o prazo para votar em matéria pendente no plenário virtual. No plenário virtual, em que os ministros operam na tela do computador, as votações iniciam-se à zero hora de uma sexta-feira e se encerram às 23h59 da quinta-feira seguinte. Celso não se apressa. Ainda discorre sobre os ministros que mais tempo ficaram no tribunal, no período republicano. O mais longo período foi o de Hermínio do Espírito Santo - 29 anos, onze meses e 24 dias. O segundo, o de André Cavalcanti - 29 anos e oito meses. E o terceiro já é Celso de Mello. Ele está perto da primeira colocação. Aos 72 anos, sobra-lhe tempo para conseguir alcançá-lo. Tentará fazê-lo? "Não sei..." Faz uma expressão de cansaço. "Com esse problema na perna..."
Nesta noite, 26 de abril de 2018, esta unanimidade entre os colegas que é Celso de Mello, considerado esteio moral do Supremo, está completando 28 anos, oito meses e nove dias no cargo. À saída, a Praça dos Três Poderes está deserta, e a dama de pedra, condenada ao plantão perpétuo como guardiã dos guardiães da Constituição, cumpre seu solitário dever com ares mais desamparados do que nunca.
NOTA: quatro ministros não foram entrevistados para esta reportagem. Rosa Weber tem por princípio (respeitável) não receber jornalistas. Marco Aurélio se diz temporariamente fechado à imprensa. Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes não responderam ao pedido de entrevista.