E faz mesmo do cotidiano do ser humano. Torcemos, fundamentalmente, para que as coisas deem certo. Torcemos pela felicidade própria, de amigos e de familiares. Torcemos pelo sucesso de cantores favoritos. Torcemos até quando estamos vendo qualquer competição esportiva na TV. Qualquer mesmo, até golf, uma competição chiquérrima!
Por isso acho tão engraçado quem trabalha com futebol na imprensa, em sua maioria, querer esconder o time de seu coração. Todos temos um time de coração, nem que seja por uma leve simpatia, aquela distante mesmo, de quem só ouve falar do time quando vence e não sabe o nome de um só jogador.
E ainda que todos tenhamos um time de coração, também adotamos um time de ocasião, aquele que participa do evento a que estamos assistindo no momento. Ver uma partida entre Jabaquara x XV de Piracicaba nos faz escolher inconscientemente um dos dois naquele momento: ou o mais fraco, ou o que demonstra mais empenho. Não há como passar incólume: é do ser humano.
Aqui em Natal, por exemplo, a imprensa é majoritariamente formada por torcedores do ABC, nem que sejam simpatizantes. E não é nada difícil apontá-los. Basta aguardar uma derrota alvinegra. É que o torcedor costuma olhar apenas para o seu time. Se vence, é o melhor, sem que haja falhas do adversário. Se perde, a falha foi do seu time; nada de mérito do adversário.
Assim se deu a histórica conquista no ano do centenário do América: "Josué se perdeu, Josué mexeu errado, Josué desmontou o time..." e por aí vai. Josué apenas constatou, desde a vitória do seu time no clássico do 2.º turno, que seria muito difícil segurar a boa qualidade americana. E do outro lado havia uma cobra criada em pressão: Roberto Fernandes, que sabia exatamente onde estavam as falhas de seu time e as do adversário. Tanto que o América foi superior nos três últimos clássicos, apesar de ter perdido um e ter permitido o empate (com um a menos, diga-se de passagem) em outro. Mas desde sábado a análise uníssona firmou-se em como o ABC perdeu o título.
Ainda na semana passada já havia comentarista dizendo que Roberto Fernandes entraria para não perder os jogos. Gente, esse nunca foi o estilo de Roberto Fernandes! Uma análise dessa devia envergonhar o autor.
Em 2012, o presidente Alex Padang finalmente atendeu o apelo da torcida americana, que há anos clamava para que árbitros de fora viessem apitar os jogos do estadual ante os erros (?!) escabrosos que insistiam em acontecer em clássicos e jogos decisivos, 99% deles contra o América. Naquele 2.º turno, o América desembolsou muito com árbitros FIFA em todos os jogos. Só assim acabou com a fila na competição e esteve em todas as finais de lá até aqui, tendo sido campeão em 3 delas, sendo a conquista do bicampeonato no ano do centenário a maior delas.
Pois sabem qual é a campanha agora? Querem que a FNF institua uma taxa de míseros R$ 10 mil para cada pedido de arbitragem de fora. Isso fora as despesas normais com um árbitro FIFA, que já chegam aproximadamente a esse valor. Para quê? Para que o América ou se lasque ainda mais nas finanças, ou pare de pedir árbitros FIFA para seus jogos. A quem interessa uma campanha dessa? A quem interessa criar um obstáculo maior ao exercício de um direito pelo América? Se contra fatos não há argumentos, as campanhas do América desde que tomou a decisão de exigir árbitros FIFA pelo menos para os clássicos e finais demonstram seu acerto. Se um árbitro FIFA é bem mais qualificado pelo nível de exigência nos seus testes, por que há tanto interesse em impedir sua escalação em jogos do América?
Como dizia Jesus, quem tiver olhos para ver que veja! Torcer faz parte, minha gente. Ser imparcial, ante a profissão escolhida, seja de jornalista, radialista ou árbitro de futebol, também.
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