domingo, 3 de maio de 2015

América, bicampeão no centenário

Os sinais eram claros. O jogo ABC x América seria de muita pressão para ambos os lados. O ABC porque está na fila desde 2011, desde 2012 não chegava a uma final, perdera a última dentro de casa e 2015 é o ano de seu centenário. O América porque a torcida não esqueceu o papelão do rebaixamento no ano passado após uma temporada de grandes conquistas e também por ser 2015 o ano de seu centenário.

Não era jogo para qualquer um, era um verdadeiro teste para cardíaco, como analisei por aqui durante a semana.

Do lado do ABC, um treinador que dava sinais claros de que acusara o golpe de ter feito um péssimo primeiro tempo ainda naquele clássico do 2.° turno, vencido por seu time. Ali ficou claro que o adversário era capaz de produzir um volume de jogo assustador para Josué Teixeira, que não soube bem como reagir. Foi criticado e reagiu como se estivesse amuado e fez tudo que não se deveria fazer numa semana de clássico, inclusive dizer abertamente que seu elenco não aguentaria uma Série B. O comandante acusou o golpe do adversário. E o ABC sentiu.

Do outro, o mito. Roberto Fernandes adora esse tipo de situação. É quando ele se espalha e ninguém o encolhe mais. A imprensa batia na tecla de que o time do ABC jogava um futebol irresistível e que era enorme a vantagem alvinegra por jogar em casa. O jogo da Arena seria neutro. Deu a Bob tudo que ele queria. 

Aliás, só a Bob não. Muitos jogadores do América gostam dessa pressão, como eu citei por aqui nessa semana. Não deu outra: os dois jogadores mais pressionados da partida por já terem jogado pelo ABC decidiram o jogo. Cascata achou Flávio Boaventura sozinho na pequena área do ABC e ele agradeceu o cruzamento certeiro cabeceando para baixo a bola, que foi morrer no fundo do gol de Saulo. Gol do desabafo do zagueirão, cuja contratação não foi bem aceita na época por causa de uma certa foto que vazou nas redes sociais, mas cujas técnica (indiscutivelmente aprimorada em Portugal) e raça foram conquistando jogo a jogo a torcida americana, e as vaias foram virando aplausos de reconhecimento por sua entrega em campo, de longe o melhor zagueiro deste início de temporada. Flávio comemorou o gol do centenário sobre o ABC na casa do adversário como quem enfim exorcizou um fantasma e caiu de vez nas graças da galera do Mecão, que imediatamente o perdoou por qualquer erro de um passado agora cada vez mais distante.

Deu a lógica. Um jogo como esse é para quem se sente à vontade em tal situação. É para quem adora a pilha dos outros para usar como seu combustível. Os ditos amarelos ou amarelões se apagam em situações que tais, exatamente como falei por aqui durante a semana.

Mais uma festa da torcida americana no Frasqueirão, desta feita com um título que vale por 100. Ser campeão no centenário entra para a história e será lembrado para sempre. O América então voltou a conquistar um bicampeonato, o que há mais de 10 anos não fazia. E ainda quebrou a escrita recente de que o campeão do 1.° turno não leva o título. 

O domínio do América no futebol do RN tem sido tamanho que se não fosse pela desgraça do Barrettão em 2013, quando perdeu nos pênaltis, a comemoração atual seria pelo tetracampeonato. 

Ao ABC restou a volta à Copa do Nordeste após perder por dois anos a vaga para Potiguar e Globo, respectivamente, e o fim da fila para disputar uma final (a última foi em 2012), além do artilheiro, Kayke com 7 gols, salvo engano.

Ainda sobre o jogo, o ponto negativo fica para o árbitro Anderson Daronco. Que papelão, hein? Faltando 40 segundos para acabar o jogo, uma torre de iluminação se apaga e o cara obriga todo mundo a esperar 20 minutos para ver mais 40 segundos de jogo. Pega a bola e encerra a partida, meu filho! Torcidas fervendo e sem ter o que fazer na arquibancada são um passaporte para confusão nos dias atuais. Faltou bom senso ao gaúcho, que deixou Rafael Miranda distribuir todo tipo de pancada durante o jogo, inclusive uma cotovelada em Adriano Pardal sem nem um sermãozinho nele, quanto mais cartão amarelo ou vermelho. E ainda expulsou Tiago Dutra por ter levado um chute de João Paulo. Isso mesmo! Tiago Dutra foi expulso sem ter feito coisa alguma. Só não ficou pior porque o perdido árbitro expulsou o autor da agressão e deixou ambos os times com o mesmo número de jogadores.

Quanto à torcida do América, chegou a hora de fazer o que ela sempre soube fazer: abraçar o time e empurrá-lo para o acesso no campeonato brasileiro, o que seria um final pra lá de feliz no ano do centenário. Agora 99% dos jogos acontecerão no domingo, o dia por excelência do futebol. E ainda tem Copa do Brasil! Sem desculpas, seja Sócio Mecão. É mais barato, muito mais prático (com o cartão que sai na hora, o acesso a todos os jogos com mando de campo do Mecão já está garantido sem ter que pegar ingresso em canto algum), ajuda o torcedor a ter planejamento financeiro também com os gastos do futebol (todo mês o mesmo valor) e até possibilita a compra da camisa do centenário (essa do bicampeonato histórico) por menos de R$ 7 por mês. Mas o mais importante: você vira patrocinador master do Orgulho do RN nesse período de vacas magras do futebol brasileiro.

E que venha o Brasileiro!

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