Há 10, 20 anos, quem imaginaria assistirmos em nossas casas a filmes e séries da Noruega, da Holanda, da Coreia do Sul, da Turquia, dentre tantas outras possibilidades? Este é o mundo desbravado de forma corajosa e bem sucedida pela Netflix e agora os outros serviços de streaming todos correm atrás.
Ontem, por exemplo, pude assistir ao novíssimo Anne+ na Netflix. Fui presenteada com um filme holandês feito com os pés bem no chão sobre o mundo da personagem do título, que se questiona sobre seus rumos na vida quando se vê tendo que abraçar uma mudança radical de trabalho, e obviamente residência, de sua namorada/companheira, que sai de Amsterdam (Holanda) para Montreal (Canadá). Deixar sua casa, as amizades, seu estilo de vida, sua língua e até a carreira prestes a iniciar no seu país como escritora parecem barreiras difíceis de transpor.
Apesar de haver um certo didatismo exagerado lá pelo início do filme (que é curto, 1h35) a respeito das identidades de gênero e orientações sexuais, Anne+ consegue superar isso rapidinho e com louvor para entregar uma feliz e sutil estória sobre individualidade em relacionamentos.
Fiquei ainda mais surpresa de saber que esta estória é fruto de uma série que já tem 2 temporadas na Holanda, o que explica o ótimo desenvolvimento do filme, mas me leva a questionar o por quê da Netflix não ter trazido a obra original, que deve ser muitíssimo interessante. Talvez esteja nos planos a partir de agora.
Para olhos mais puritanos, fica o alerta de que há cenas de sexo (censura 16 anos), mas todas são adequadamente encaixadas no que se pretende passar da personagem principal. Nada de forma supérflua, portanto.
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