Se você não gosta de spoilers e ainda vai assistir a Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo!, pare por aqui porque desta vez eu não vou conseguir escrever minhas impressões sobre o filme sem entregar partes da estória.
Mal começou o filme e eu me senti totalmente ludibriada. Sabe aqueles trailers com a fenomenal Meryl Streep? Pura enganação. Donna, sua personagem, aliás, a personagem principal de Mamma Mia, o original, já começa o filme morta. Me deu uma vontade enorme de me levantar e pedir meu dinheiro de volta. Onde já se viu alguém matar a personagem principal sem nem explicar direito o que houve?
Agora acrescente-se que essa personagem central é interpretada por ninguém menos do que Meryl Streep. Quem cometera tal sandice?
Ninguém sabe ao certo por que Meryl foi limada assim. Especula-se sobre dinheiro ou até a dignidade da própria Meryl. Houve quem falasse em desentendimentos com Cher.
É bem verdade que a cena mais emocionante do filme (claro que me debulhei em lágrimas) traz sim Meryl Streep e a melhor execução de música também. Mas é só. Uma frustração total para mim.
O filme em si não se resolve bem em relação ao enredo. Se você viu o trailer, esqueça. A estória segue outro caminho.
Eu até gostei da volta no tempo para mostrar como Donna conheceu os três possíveis pais de Sophie. Achei os jovens atores muito bem colocados dentro de suas propostas - nada fáceis, diga-se de passagem - de interpretarem personagens que já tinham dono. Houvesse ficado só aí talvez eu estivesse menos decepcionada. Afinal, Meryl não apareceria mesmo.
Só que ver todas as personagens principais, até o fraquinho Sky, e nada de Meryl Streep é dose para leão!
Deixemos Meryl de lado. É a conexão do filme com o presente que também é mal contada. Inicialmente, o objetivo é inaugurar um hotel novinho naquele lugar paradisíaco e antigamente gerenciado por Donna. Isso seria uma espécie de tributo a Donna tanto de Sophie como da personagem de Pierce Brosnan - outro que poderia ter morrido sem deixar muitas saudades - que eu agora esqueci o nome. O filme no presente é então uma melancolia sem fim.
Até um drama de quinta categoria é posto entre Sophie e Sky. É preciso muita generosidade para superar essa cafajestada.
Para fechar as maluquices do tempo presente, Cher é a mãe de Meryl Streep. Sim, apesar de terem quase a mesma idade! O filme resolveu seguir as passagens loucas de tempo que de vez em quando acometem as novelas da Globo, quando as idades não batem com as personagens. Para se ter uma ideia, o par romântico Cher-Andy Garcia (olha o spoiler!) aparenta ter bem menos idade do que dois dos três homens que namoraram a filha daquela. Acho que a ânsia foi tamanha em colocar à fina força Cher na estória, que nem perceberam que ela cairia melhor no tempo passado, não no presente. Ou até poderia ter sido anunciada como uma irmã de Donna ou mesmo uma rival dos tempos de escola (e isso poderia ter sido justificado lá no passado). Minha cabeça deu um nó tentando aceitar como a avó de Sophie poderia ser até mais nova do que seus pais.
Sobre as músicas, surgiu o lado B de ABBA. Como todos os grandes sucessos estavam no original, a sequência teve que se contentar com músicas que só os fãs de carterinha conhecem e com repetição de repertório do filme anterior com uma nova roupagem.
Aliás, esse é o mal das sequências: elas são feitas escancaradamente para ganhar dinheiro com o que foi apresentado no precursor. Mas como surpreender? Como manter a vibração e a energia sem corromper a magia?
A frustração me lembrou o que Matrix Reloaded fez com o maravilhoso e filosófico Matrix. O choque foi tamanho que, até hoje, não assisti a Matrix Revolutions por inteiro.
Alerto que, num grupo de cinco pessoas, minha opinião foi corroborada totalmente por uma (mamãe), parcialmente por outra (João), e frontalmente derrubada por outras duas pessoas (Janaina e Sidinei), que chegaram a apontar que este segundo filme superou o primeiro.
No mundo das opiniões, muitos críticos gostaram. Todavia, aponto a crítica de Wesley Morris, do The New York Times, porque parece até que ele assistiu ao filme do meu lado ante a concordância em quase 90% das ideias.
Para mim, tudo foi tão mal contado que tive até dificuldade para saber que o filme havia terminado. Como entretenimento, foi bom. Bons atores, ótimas músicas, boas perfomances. Nem vi as duas horas passarem. Talvez sem o original, não houvesse tanta pressão sobre o segundo e as falhas de enredo não ficassem tão óbvias.
Para resumir, a minha vontade era de correr para casa e imediatamente assistir ao filme original para acabar com a frustração que me invadiu. Pena que nunca comprei esse maravilhoso DVD, embora tenha visto esse filme dezenas de vezes. Entenderam a devoção? Então imaginem aí a frustração...
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