quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Bom de ver

Antes de qualquer coisa, eu preciso tirar o chapéu para o 1.° tempo de América 2x0 Potiguar. Foi o melhor do estadual neste ano e até onde minha memória alcança. Ambas as equipes com velocidade e bom toque de bola. O Potiguar começou assustando com um chutaço de Gabriel Maia para uma defesa do sempre e cada vez mais seguro Thiago Braga.

O 1.° tempo foi tão intenso de parte a parte que os times começaram a apresentar um certo arrefecimento já em seus minutos finais. E, claro, o 2.° tempo não teve o mesmo nível de encanto, mas nem por isso foi ruim. É que o gás total do 1.° tempo - repito, uma delícia de se assistir - comprometeu o fôlego na metade final. E este foi o primeiro jogo do ano em que o América deu sinal de cansaço no 2.° tempo. Quando as substituições começaram, o time já havia desacelerado. O jogo ficou meio modorrento porque o Potiguar também sofreu com o forte ritmo da metade inicial.

Mas que 1.° tempo! Adriano Pardal prova a cada jogo que baita camisa 9 ele é. Passou quase que o jogo todo livre, pedindo bola pelo meio, de frente para o gol adversário. Não, Pardal nem de longe é um centroavante paradão. Movimenta-se o tempo todo e dá uma canseira em quem o marca. Está quase sempre livre porque sabe muito bem se movimentar para receber a bola em posição ofensiva. É uma pena que seus companheiros ainda tenham o trauma de Tadeu, que só pode receber assistência sob pena de armar constantes contra-ataques para o adversário, e não tenham percebido mais cedo que poderiam tabelar com ele à vontade. Teríamos muito mais gols na partida, afirmo sem medo. 

Para não ser injusta, tenho que ressaltar que Mateusinho entrou com o cão no couro. Absorveu bem as críticas e começou o jogo com enorme vontade de mostrar serviço. E mostrou, pelo menos até quando o fôlego deixou. Posicionado mais atrás, ele põe enorme dúvida no adversário: vai chutar ou vai partir para cima? Tem talento para as duas coisas e ontem botou em prática.

As substituições de Leandro Campos não surtiram muito efeito por dois motivos: o cansaço que se abateu sobre o time todo e a falta de leitura dos que entraram da nova realidade do jogo. Vanvan (ou Mayk?) parecia mais disposto a mostrar firulas do que efetividade. Um pouco menos de firula e ele teria arrebentado com gás total. Lopeu também abusou. Além disso, ele e Jeam estavam posicionados muito à frente, esperando a morte da bezerra, quando teriam bastante fôlego para saírem com a bola dominada de um ponto mais recuado. Seriam mais efetivos ante a realidade de canseira geral nas equipes. 

De volta ao que interessa, de pé em pé, o América deu show, mesmo com Juninho Tardelli ainda um pouco abaixo do esperado. Assim saíram os gols de Adriano Pardal, o escorregadio. No primeiro, Cascata, o homem que só não fez chover ontem, mas ainda preparou o tempo, achou Pardal naquele seu posicionamento mortal (detalhe: Juninho também estava ali do lado, prontinho para marcar o gol). Um drible no marcador e gol. No segundo, Danilo, que vinha por dentro como um meia, num lindo passe, achou Cascata (na hora, pensei que era Tardelli) entrando pela direita e o camisa 10 deu aquela assistência para Pardal marcar. Nesse meio tempo, o atacante ainda metera uma bola na trave mesmo caído no chão na hora do chute.

No Potiguar, que também jogou de pé em pé, além do goleiro Jaime, do volante Yago e do meia Gabriel Maia, o highlander Jozicley deu as cartas no time e mostrou fôlego de menino.

Falando em fôlego, Cascata impressiona na Arena das Dunas. Mesmo com meio palmo de língua para fora, quando ele decide arrancar para cima do marcador, adeus. Deixa mesmo o adversário na saudade e não foi diferente ontem.

Diego Negretti e Tiago Sala evoluem como dupla a cada jogo. O lance de giro do atacante pelo meio em cima do primeiro, que ocorrera contra o Baraúnas e terminou em defesa tranquila de Thiago Braga, ontem acabou em excelente cobertura do segundo, e o goleiro nem participou do lance.

Também não posso deixar de destacar a partida monstruosa que fez o volante Robson. Ele está mostrando uma qualidade no passe que não vimos no ano passado. Ele agora dá o bote no momento crucial sem nem precisar apelar para a falta e já puxa o contra-ataque do time. É outro que a cada partida tem melhorado.

Parece até algo ilógico, entretanto, o América jogou absurdamente mais contra o Potiguar, que também esteve bem, do que contra o Força e Luz, quando goleou.

Para terminar, 2.402 pessoas foram à Arena das Dunas para ver o jogo. Uma queda em relação à primeira rodada, claro efeito do clássico no sábado, mas ainda assim sobrando em relação à média do campeonato.

Ponto para o América que iniciou as vendas para o clássico ontem mesmo na saída da Arena.

Um único detalhe: é proibido fumar na Arena. Ontem um torcedor acendeu um cigarro próximo a mim e eu o informei a respeito da proibição. Ele disse que sempre fumou lá dentro, mas aceitou apagar o cigarro. Agradeci. Mas não havia um só fiscal próximo para impor a proibição e nem a Arena faz um único anúncio nos alto-falantes a respeito da proibição. Que tal brincar de seguir a lei? Saúde é coisa séria. E o fumante passivo (deixemos de lado a minha asma) se lasca muito mais do que quem tem o cigarro entre os lábios. 

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