Ontem ouvi o jogo Baraúnas 0x1 América pela Difusora de Mossoró. Obviamente o foco era o Baraúnas. Entretanto, o comentarista de lá passou o jogo todo reclamando do espaço que o time mossoroense dava a Lúcio, que parece ter se saído bem no jogo dentro do possível.
No jogo contra o Vitória, Lúcio errou diversos passes ali na bola central de campo, mas quando acionado mais à frente, fez tabelas, cruzou, lançou e chutou a gol. Definitivamente se encaixou como uma luva num time que sentia a falta de alguém mais "cascudo", para usar uma gíria tão querida no meio do futebol.
Jean Patrick é um exemplo de jovem jogador que vem crescendo a cada jogo e parece mais à vontade com Lúcio em campo. Contra o Vitória, marcou o primeiro gol de falta da temporada. Ontem, cruzou no mesmo estilo na cabeça de Tony, que marcou o gol que definiu o placar ainda no primeiro tempo. Devagarinho, sem chamar atenção, Tony já tem 4 gols em 6 jogos na temporada.
Desde que o América anunciou Felipe Surian, eu me dei a função de analisar seu trabalho no Volta Redonda. As finais com o CSA eu já havia visto ao vivo pelos canais Esporte Interativo. Salta aos olhos como ele estuda seus adversários e não tem praticamente apego a certas escalações: joga o que for melhor para o resultado.
Ontem, entrevistado pela Difusora, Surian ressaltou as palavras do título sobre o que representava aquela vitória para o América. Numa sequência desgastante de 4 partidas Brasil afora colhendo resultados injustos ao meu ver, foi justamente na partida em que não podia nem pensar em empatar que o América conquistou um triunfo revigorador.
Em 2017, a caminhada do América não será fácil. Cada vitória representa uma pequena fatia retirada do peso enorme de tudo que aconteceu em 2016 que Surian e seus comandados terão que carregar até o redentor acesso à Série C. Cada derrota aumenta a carga. É quase como enxugar gelo. Mas quem sabe que faz o seu melhor confia no que faz. E jogadores experientes são fundamentais para ajudar a segurar o tranco dessa carga.
E essa sequência fora de casa coroada com uma vitória no jogo mais fundamental (é bom lembrar que o favorito ABC não passou de um 0x0 contra o mesmo adversário em Assú, o que revela o tamanho da conquista em Mossoró) fortaleceu a equipe, que se tornou ainda mais paciente e confiante de que não será derrotada facilmente. Mais: pode ter engrenado a confiança da torcida, item que andava em falta depois de 3 jogos em que a derrota chegou no 2.° tempo, as duas últimas nos minutos finais.
Contra o ASSU no próximo domingo, às 17h, na Arena das Dunas, contrariando a expectativa de que as manchetes de hoje trouxessem o destaque da eliminação antecipada do América, os comandados de Surian terão a chance de conquistar a vaga até se o Baraúnas vencer o Globo, embora um empate em Ceará-Mirim deixe a ladeira americana um pouco menor. A vitória é, de novo, fundamental. Se os mossoroenses vencerem, cabe ao Mecão uma goleada. Somente a vitória do Globo impede que qualquer resultado dê ao América a vaga. Perceberam a dificuldade do negócio?
Ladeira maior, ladeira menor, não importa. Vencer é fundamental. É mais uma partida com clima de decisão. E aposto que apoio da arquibancada não vai faltar no domingo.