quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Para que servem os treinamentos?

A dúvida é mais retórica mesmo. Treinamento serve para treinar, ora, bolas! É no treinamento que o jogador se aperfeiçoa técnica e taticamente, além, claro, de aprimorar a forma física.

Um treinador utiliza o treinamento para separar o joio do trigo, descobrindo o real potencial de cada jogador, seja titular ou reserva. É nele que ele define o time, apesar de sabermos que, a cada rodada, essa definição é posta à prova pelo jogo em si e por contusões, suspensões e péssimas atuações.

Mais do que isso, um treinador usa o treino para testar variações, tirar dúvidas sobre determinada escalação ou substituição, e por aí vai.

E por que falar nisso agora? Porque já vejo comentários entre torcedores (poucos ainda) e, principalmente, profissionais de imprensa a respeito de supostamente o técnico americano Felipe Surian treinar um time e escalar outro; fazer substituições num treino e não as repetir no jogo; escalar um time por jogo e não repetir substituições nas partidas.

Primeiro, deveria ser óbvio que aos poucos o treinador procura os 11 ideais titulares. Estamos no início da temporada! Ele já achou a defesa, por exemplo. Do goleiro ao primeiro volante, todo torcedor já tem condição de escalar. Se Geninho, atual campeão e tendo um elenco quase que 90% mantido do ano passado, ainda não achou seu time ideal e muda o ABC a cada rodada, inclusive quanto a substituições, o que poderíamos esperar de um elenco quase 100% modificado, a começar do técnico?

Outra coisa, será que ninguém pensa que o treinador pode ter feito um teste no treinamento e não ter gostado do que viu? Seria ele obrigado a repetir o teste durante o jogo, arriscando o resultado, só porque foi o que ocorreu no treino? 

Mais: dá para imaginar que as mesmas coisas vão acontecer em jogos tão diferentes quanto os contra Santa Cruz, Potiguar e ABC? É plausível que as substituições se repitam com situações diferentes de jogo?

Vou dizer bem claramente: Felipe Surian é a melhor opção que o América tem para 2017 nas condições atuais. O América está na Série D. Tem muita tradição, já esteve na Série A, já disputou Sul-Americana, mas está na Série D! E isso tem mil implicações para o clube, a principal delas financeira. Felipe é o atual campeão da Série D com uma campanha irrepreensível. O América trouxe uma boa base do atual campeão da Série D, o que denota um planejamento claro de subir. Mas o América não vai voltar para a Série A com apenas 3 partidas de estadual. Parece ridícula uma afirmação dessa, porém, é a este nível de pressão que o América de Felipe Surian está submetido.

Eu continuo colocando a minha mão no fogo pelo trabalho de Surian. Seu time paga pela pressão de tudo de errado que aconteceu no ano passado e ele vai ter que lidar com isso diariamente. Mas questionar o trabalho desenvolvido porque é preciso que tudo ocorra igualzinho nos treinos e nos jogos, mesmo contra adversários diferentes, me parece de uma má vontade incrível para com a tentativa de recuperação do América. 

Sobre as escalações, alguém já pensou se o técnico estivesse de cara privilegiando os que foram por ele indicados? "Só escala os dele" era o que mais ouviríamos por aí. Ele tem um elenco, não apenas um time, para administrar. Por isso vejo como positiva a chance dada a jogadores como Maracás (que passou a aproveitar essa chance no clássico), Everton, Jussimar, Luiz Eduardo e Memo, todos oriundos do desastre do ano passado. 

Um trabalho duradouro e bem sucedido requer convicção, método e muito empenho. No caso do América, resiliência também é fundamental. A torcida anda impaciente e parte dela já quer endurecer muito cedo. Mas cabe a Felipe Surian e seus comandados controlarem essa fervura.

Por sinal, a esse respeito,  vejo como muito positiva a postura do presidente do América e sua diretoria, que têm se mantido com muita discrição, longe dos holofotes, evitando colocar qualquer gravetinho na fogueira.

A torcida americana precisa controlar a ansiedade. Roma não foi feita num dia. A fase é terrível, irritante. Entretanto, se pararmos só um pouquinho para avaliar as opções que cabem no bolso do Mecão, veremos que a melhor é o que se tem agora. Reforços pontuais e no tempo certo são administráveis. Zerar tudo não é inteligente nem para quem tem boas cotas de patrocínio, imaginem para quem teve como melhor público em janeiro um clássico com pouco mais de 4 mil espectadores.  

Para finalizar, mais do que a pergunta do título, deixo esta, para reflexão: a quem interessa manter o América em eterna rearrumação, perigando até ficar sem série? A pressão já é grande. Não carece aumentar a carga, não.

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