segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O avanço das máquinas

Há muito tempo, o ser humano se divide entre maravilhado e assustado com o avanço das máquinas. O cinema, por exemplo, é cheio de obras que relatam os dois lados da moeda. De cabeça aqui, cito O Homem Bicentenário, a trilogia O Exterminador do Futuro, Eu, Robô, Vingador do Futuro, A.I - Inteligência Artificial e por aí vai.

Há algumas semanas, um professor do Massachusetts Institute of Technology, ou MIT, sigla através do qual é mais conhecido, trouxe inquietantes observações sobre o assunto numa entrevista à Veja (02/11, páginas amarelas). Erik Brynjolfsson, que é americano e economista, abriu sua entrevista afirmando que "o que as tecnologias da computação e os avanços digitais estão fazendo pelo nosso cérebro é o mesmo que as máquinas a vapor fizeram pelos nossos braços na época da Revolução Industrial".

Segundo ele, o avanço das máquinas se dá de forma avassaladora após períodos de certa estabilidade. Isso ocorreria em virtude da necessidade de aplicação prática dos avanços. Ele exemplifica com a invenção da eletricidade, ocorrida há 100 anos. Somente 30 anos após o início de sua utilização é que as fábricas teriam experimentado um aumento de produtividade.

Brynjolfsson cita um estudo da Oxford University que chegou à conclusão de que metade dos trabalhos existentes hoje estarão extintos entre 10 e 20 anos. E, ao contrário do que se possa pensar, a questão fundamental não estaria resumida à oposição humanos x máquinas, e sim trabalho repetitivo x trabalho não repetitivo. 

Os centauros (combinação entre seres humanos e máquinas) seriam o futuro. Exemplo disso são os enxadristas. Desde que o Deep Blue, super computador da IBM, derrotou o russo Garry Kasparov, campeão mundial de xadrez, as vitórias têm sido mais comuns aos times formados por enxadristas e computadores, que superam tanto enxadristas sozinhos como computadores especializados. 

Ele ainda afirma que o tradicional índice chamado produto interno bruto não é capaz de mensurar a participação digital numa dada economia. E ilustra que a leitura de uma revista na internet de forma gratuita não entra nesse cálculo porque o leitor não dispensou um só centavo para a aquisição do exemplar. Segundo cálculos do MIT, 300 bilhões de dólares provenientes do mundo digital não foram contabilizados na economia global, o que revela que o PIB, apesar de eficiente para a economia do século XX, deixa muito a desejar na nova realidade do século XXI.

Voltando ao título desta postagem, o entrevistado trouxe um dado impressionante: em 2014, os carros do Google (sem motorista!) não trafegavam em estradas com grande mudanças de percurso. Pois bem. Agora em 2016 esses veículos já passam por ruas irregulares, reconhecem sinais de trânsito e viram à direita e à esquerda. E os drones, em conjunto, já podem construir uma ponte sem controle humano!

PIBs defasados, extinção de ocupações, carros sem motorista, construções sem controle humano. Tudo isso nos maravilha e assusta ao mesmo tempo. Mas faço questão de transcrever a última pergunta e a última resposta da entrevista:

"O que os computadores jamais conseguirão resolver?
Atualmente, está muito claro que os computadores são ótimos para encontrar respostas, mas ainda não são capazes de desenvolver questões. Essa habilidade até agora parece ser unicamente humana e tem alto valor."

Ou seja, é a capacidade de filosofar que nos torna insuperáveis pelas máquinas. Pelo menos até agora. Afinal, como bem dizia uma propaganda do canal Futura, não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas.

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